MI
3, São Pau
arelo suave, janelas amplas que deixavam entrar a luz do sol e um jardim florido que exalava o perfume das rosas, ela era um verdadeiro ícone de beleza e felicidade. Ficava logo em frente ao meu lar, e sempre que passava por ali, meus olhos
ue, sem que eu soubesse, mudaria minha vida de uma forma que eu nunca poderia imaginar. Era como se o tempo tivesse parado. Meu coração, até então despreocupado e leve, acelerou com uma intensidade que me deixou atordoada. Ele estava lá, e
sido lançado. Meu mundo, que até então era repleto de brincadeiras inocentes e rotinas tranquilas, de repente, ganhou cores mais vibrantes. Cada detalhe daquele momento parecia se intensificar: o canto dos pássaros nas árvores, o murmúrio distante das conversas dos adultos, e o brilho
e fadas, tentando entender o que havia nele que fazia o mundo ao meu redor desaparecer em um borrão de cores e sons. Cada movimento dele parecia coreografado, como se ele estivesse dançando uma música apenas dele, uma sinfonia qu
apenas o novo vizinho. Meu coração, naquele dia, foi capturado sem que eu sequer percebesse, preso em uma rede de encantamento que eu nunca havia imaginado ser possível. Então, a realidade me puxou de volta quando minha mãe abriu o velho portão
al, meu refúgio mágico. O espaço de terra vermelha, sem muros, cercado apenas por arame farpado e bambus, era o cenário de todas as minhas aventuras. Ali, naquele lugar simples, onde o mundo exterior parecia se dissipar como uma névoa ao amanhecer, eu me sentia livre, como se tivesse criado um pequeno reino onde os adultos não podiam entrar. A cercan
evantei a cabeça devagar, o coração batendo acelerado em meu peito, e, para minha surpresa, lá estava ele novamente. O garoto dos olhos encantadores. Ele me observava, uma mistura de encantamento e curiosidade pintada em seu rosto, como se eu fosse uma pintura viva que ele nun
maior, uma promessa de aventura e descoberta. Ele sorriu, e meu coração disparou como se quisesse saltar do meu peito, ecoando como um tambor em um desfile festivo. A conexão entre
erado, levantei-me e, sem pensar muito, caminhei em direção a ele, como se algo invisível me puxasse em sua dire
brincar
o do mundo tivesse sido tirado dos meus ombros, como se um novo capítulo estivesse prestes a se desenrolar diante de mim. Sem pe
ça que iluminava o espaço ao meu redor. Aproximei-me mais, a curiosidade borbulhando dentro de
i, tentando esconder a excita
confiar em mim. Um momento de silêncio envolveu o ar, e meu coração disparo
Da
e histórias e mistérios. Meu peito aqueceu ao ouvir, como se tivesse encontrado uma parte perd
al o s
er, dissolvendo-se como a neblina ao sol. Sem hesitar, segurei sua mão, quente e suave, e puxei-o gentilmente para o meu
e. O sol parecia brilhar mais forte, e o vento, mais suave, como se a presença dele tivesse o poder de transformar até o ar ao nosso redor. Cada respira
se transformava em uma memória que, eu sabia, iria durar para sempre. Naquele momento mágico, cercados pelo alambrado e pelo aroma terroso, uma amizade especial nascia, uma conexão que prometia ser o alicerce de algo ainda mais profundo. À medi
Quando a mãe dele finalmente me convidou para ir à casa deles pela primeira vez, meu coração pulou de alegria. Aquela era a casa que todos sonhavam em ter, e lá estava eu, brincando no quintal que tantas crianças invejavam. Me sentia como se tivesse entrado em um conto de fad
de 1
tesco, que se tornava o centro de todas as atenções. Lembro-me claramente da cena: ela batia as claras de ovo até virarem neve, com um sorriso radiante no rosto que iluminava toda a cozinha. Cada batida parecia trazer consigo a
ra algo especial, não apenas pela aparência, mas pela alegria que ele trazia, uma felicidade compartilhada que preenchia o ar. Após os "parabéns" e a alegria de soprar as
compartilhar um pedaço de bolo, que já era tão importante para mim, parecia se transformar em um momento mágico, um símbolo de nossa amizade crescente. Ao olhar para o rosto dele, cercado de sorrisos e felicidade, eu sou
nças sabem fazer. Era uma declaração inocente, mas ao mesmo tempo repleta de significado. Íamos juntos para a escola todos os dias, lado a lado, e voltávamos juntos também. Estudávamos
de 1
do quanto ele era especial para mim, um tesouro que eu guardava com carinho. Com o passar dos anos, nossa amizade continuava tão sincera quanto antes, mas algo dentro de mim começou a mudar. Eu o amava mais a cada dia que passav
de 2
o centro das atenções, e não era difícil entender o porquê. As garotas começaram a notar sua beleza e carisma, lançando olhares admirados e sussurrando entre si sempre que ele
ro. Apesar da intimidade que construímos ao longo dos anos, comecei a sentir que estava ficando para trás, como uma sombra na vida dele, assombrando-me com dúvidas s
Meu coração teimava em bater mais forte por ele, e cada vez que nossos olhares se cruzavam, aquele sentimento florescia, incontrolável e inevitável, como uma planta que se recusava a ser sufocada sob a sombra do meu
tilhando risadas e confidências, enquanto eu lutava contra uma tempestade de emoções que ameaçava me engolir. Cada momento ao seu lado era uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo; era impossível lutar contra o amor que crescia silenciosamente dentro de mim. A amizade que antes me trazia tant
de 2
oltar para a Itália, seu país de origem, pois seus pais desejavam que ele concluísse a faculdade por lá. A notícia foi um golpe duro, um soco no estômago que
udos do outro lado do oceano, eu fiquei ali, em São Paulo, enfrentando a realidade da minha vida, que parecia mais cinza e vazia sem ele ao meu lado. A situação financeir
s técnicos, mas ao me lançar no mercado de trabalho, sempre carregava aquela sensação dolorosa de que algo havia ficado incompleto; não só nos meus estudos, mas dentro de mim. Uma parte do meu c
mundos separados. Cada carta que recebia trazia um misto de esperança e saudade, um lembrete do que tínhamos e do que ainda poderia existir