única coisa. Nós dois relaxamos e nos acomodamos, cada um pegando mais um donut enquanto as luzes finalmente se apagam, e o som chega até nós de todos os lados do cinema. Nos próximos noventa min
. E tem emprego. Eu devia armar para juntar ele com a minha irmã mais velha. Como ele passou despercebido sob o radar dela esse tempo todo é um mistério para mim. Empurramos a porta – os últimos saindo da sala –, e paramos no saguão, jogando fora nossos lixos. Eu olho para ele e meu coração dispara ao vê-lo sob a luz mais forte, parado na minha frente. Olhos castanho-esverdeados. Definitivamente castanho-esverdeado. Mas mais verde na borda externa da íris. Seu cabelo está penteado com quase nada de produto de beleza e é comprido no ponto certo de se acariciar com os dedos, e permito que meus olhos desçam para o pescoço macio e bronzeado. Porém não consigo ver se tem marca de bronzeado sob a gola da camiseta. Ele é assim em todos os lugares? Sem aviso, uma imagem dele martelando e carregando madeira sem camisa aparece na minha cabeça e eu... Fecho os olhos de novo, balançando a cabeça. Ei, calma, respira, está tudo bem. - Hum, é melhor ir andando - eu digo a ele, apertando a alça da bolsa. - Meu namorado já deve estar me esperando no bar agora para me buscar. - Bar? - Grounders? - respondo, pensando que ele provavelmente deveria conhecer o lugar. É um dos únicos três bares da cidade, apesar de muitos preferirem o "Poor Red's" ou o clube de strip do que a espelunca onde eu trabalho. - Saí um pouco mais cedo hoje, sem aviso, mas é com ele que vou embora e não consegui falar com ele pelo celular. Mas já deve estar lá agora. Ele abre a porta, segurando-a para mim enquanto saio do cinema e me acompanha. - Bem, tomara que tenha tido um bom aniversário, apesar de ter trabalhado - diz ele. Eu viro à direita, na direção do Grounders, e ele à esquerda. - E obrigada por me fazer companhia - agradeço. - Espero não ter estragado o filme pra você. Ele olha para mim por um momento, sua respiração ficando mais pesada enquanto uma expressão dividida cruza seu rosto. Finalmente, ele sacode a cabeça, desviando os olhos. - Nem um pouco - diz ele. Um momento de silêncio se passa e, lentamente, nós dois nos afastamos, mas sem dar às costas um para o outro. O silêncio se prolonga, a distância aumenta