es
lencioso, exceto pelo som do vento que passava pelas cortinas puídas. A casa, se é que podíamos chamar assim, era pequena, apertada, e eu sabia que o que tínhamos
nsando em como ele ainda era tão jovem para carregar o peso do mundo nas costas. Era por ele que eu me levantava todas as manhãs, enfrentava a exaustão, e con
os ou paredes coloridas. A pobreza estava em cada canto, mas o que mais doía não era o pouco dinheiro ou as contas q
outra forma. Se as coisas tivessem sido diferentes. Mas o que seria da minha v
equena pia da cozinha improvisada. Enchi uma panela com água e coloquei no fogão, ligando o gás. O café me ajudaria a começar o
contecido. Ele sempre dizia que o destino era algo que não podíamos controlar. E agora, aqui estava, tentando
ti um movimento ao meu lado. Leo se mexia na cama, ainda meio atordoado com o sono. Ele sempre acordava
ianças. Eu sorri baixinho, tentando segurar a emoção. Leo sempre foi meu porto seguro
a voz rouca de sono, enquanto e
suavemente, acariciando
u rosto. Leo era muito mais introspectivo do que eu gostar
. - Não sei se vale a pena continuar com a escola, Alessa. Talvez eu devesse come
le queria dizer. Ele tinha apenas 16 anos, ainda estava
reocupação me invadisse. - Você tem um futuro. Estudar é importante
la. A luz do sol batia em seu rosto, mas não
rosto. - A escola não está nos ajudando a sobreviver, Alessa. O que vale mais agora? Estuda
e foi direto e, às vezes, suas palavras
ocê tem que terminar a escola, Leo. Isso vai ser importante para o seu futuro. Trabalhar a
ou a cabeç
não pode carregar tudo sozinha. Eu posso fazer alguma coisa, qualqu
fazer para convencê-lo de que o que eu mais queria era que ele tivesse um futuro m
é só uma parte do que podemos alcançar. Você tem que continuar estudando, e eu vo
derando o que eu havia dito. Mas a expressão no seu rosto n
ra pagar as contas. Mas para mim, a educação dele era a única chance
- falei, com um sorriso forçado. -
as palavras certas. Ele ainda estava na janela, pensa
- comecei, com calma, enquanto me aproximava dele. - Eu dei aulas para você porque sei que a única maneira de a gente mudar
ublados pela dúvida, mas algo na minha voz parec
nsbordassem. - Foi também a chance de aprender mais, de ter um futuro diferente. O que eu estou tentando fazer, mesmo que pareça difícil, é te dar o melhor caminho. Eu não
ssim como eu, que não éramos como outras pessoas. Que o mundo parecia ter tirado de nós a chance d
os. - Eu nunca quis que você parasse de estudar. Eu não sou professora, mas, por algum motivo, tenho que ensinar a você o que aprendi. Cada manhã
ao lado do corpo, como se tivesse algo a mais para dizer. Ele se
ando a folheá-los. - Eu sei que não é o melhor caminho, mas sinto que estou tão longe do que eu deveria
a trabalhar, trabalhar e trabalhar mais, para garantir que ele tivesse uma chance. Mas a verdade é que eu sentia que minha vid
a própria voz, que saiu se
eu vou continuar tentando. Mas, por favor, não faça isso... Não par
do no ar. Então, finalmente, ele se aproximou de mim, colocando a mão no m
m razão... Eu só não quero te ver sozinha n
ção perfeita, mas era o melhor que
você tem muita lição para fazer
ofessora em casa, e ele, tentando não desistir dos seu
urante a noite. Ele costumava ajudar os vizinhos quando a neve se acumulava, oferecendo seu tempo e força em troca de uns troc
vem demais para já estar fazendo esse tipo de trabalho, mas eu sabia que ele só queria ajudar. Ele queria c
rio, sem calor, além das lâmpadas tremendo devido ao vento lá fora. Ouvia os passos de Leo
esconder o vazio, e o cheiro de café frio me lembrou que ainda não havia sido capaz de beber um gole q
s e cobertos por uma camada fina de poeira, pareciam se derreter em sua própria decadência. Enquan
o eu não tinha nada para fazer. Eu mal podia esperar até a noite chegar, quando finalmente seria hora de trabalhar na boate. No e
o suficiente, pelo menos por agora. A boate me pagava o suficiente para cobrir as contas, mas a exaustão dos turnos longos me pesava mais do que qualquer val
va da vida? O que mais poderia acontecer para mudar nossa situação? O que eu estava fazendo, além de viver de um dia para o
saço já me dominava antes mesmo de eu sair de casa. O uniforme sujo e os saltos desconfortáveis eram sempre os mesmos. Eu já estava acostumada com
, e esse motivo sempre me fazia sentir como um objeto, uma mercadoria à venda. Eles achavam que tinham direito ao meu corpo, à minha atenção, como se eu fosse só mais uma daquelas garotas que se importava
forma insistente, eu tentava manter a compostura. Eu sabia o que fazer. Conhecia o jogo. Sorri, evitei o contato visual, e, quando necessário, afastei-me, sempre c
ito mais profundo, algo escuro por trás delas. Alguns homens, especialmente os mais velhos, acreditavam que podiam me tratar como quisessem só porque me viam como parte do cenário. Já me vi perdida em conversas desconfortáveis
o se tivesse deixado de ser Alessa e virado apenas uma figura, uma sombra que passava entre os homens
ixei de sonhar com algo melhor, com uma vida diferente. Leo precisava de mim, e, por mais doloroso que fosse, eu ai
que improvisado, o rosto sem maquiagem, mas com os olhos cansados que me denunciavam. Eu sempre pensava que, se ao menos pudesse sair da rotina, sentir o toque de algo mais bonito, mais confortável, talvez pud
favorecia em nada, mas era o que eu podia pagar. O cheiro de álcool e a fumaça do dia já se instalavam na minha pele, como se eu já estivesse preparada
mais tarde. O pensamento de deixar Leo sozinho à noite me angustiava, mas não havia alternativa. Eu sabia que ele preferia não saber de nada. Sabia
u adorava ver. Ele havia se esforçado mais do que o necessário para ajudar os vizinhos a limpar a neve. Seu esforço me trouxe u
roximando de mim. Ele olhou para meu uniforme com uma expressão que era mistura de preocu
so dele era sempre a luz em um dia nublado. Ele acreditava em mim, acreditava que aquilo não
patos sujos de neve e fez
udar mais com o que a gente precisa. Talvez eu consiga arru
rrastar pelo ar, e me aproximei dele. Segurei
dele desistir da escola era como um soco no estômago. - A vida já está sendo dura demais para nós dois
sabia que ele não entendia completamente. Ele não sabia o quanto aquilo me consumia, mas eu queria que ele tivesse al
o de ver você se esforçando tan
certo. Eu merecia mais. Mas o que eu podia fazer? A realidade era
. Agora vai para o quarto e tenta descansar,
o, enquanto eu sentava na mesa, me forçando a olhar para o relógio. O t