Arthur, um médico bonitão e muito mulherengo, tem um caso de paixão a primeira vista. Carla, uma bibliotecária charmosa, animada e inocente. Será que este romance vai dar certo ?
Arthur não teve uma infância fácil, seus pais trabalhavam duro para que ele tivesse o básico para viver. Era o filho caçula de três irmãos. Seus pais viviam em guerra dentro de casa, não conseguiam engatar uma conversa sem partir para a agressão. Desde muito pequeno aprendeu a ficar no seu canto para não sobrar pra ele.
Em uma noite quente de verão, Arthur e seus irmãos dormiam, enquanto seus pais protagonizavam mais uma briga. Arthur não sabia dizer como as coisas ocorreram, mas lembrava de acordar, no meio do fogo e da fumaça. Correu, tossindo, afogado pela fumaça, não achava saída, não havia ninguém no quarto, ele gritava por socorro, mas ninguém o ouvia. Conseguiu alcançar a janela do quarto, e se jogou para fora.
Horas depois, quando acordara no hospital descobriu que tinha sido o único a sobreviver, pois não tinha tentado sair pela frente da casa. Arthur tinha 13 anos na época, não sofrera nenhuma queimadura, apenas alguns arranhões da queda. Passou uma semana no hospital por conta da quantidade de fumaça inalada.
Naquele dia, Arthur decidiu que nunca casaria, que nunca se submeteria a um casamento para viver um inferno, como seus pais. Foi mandado para a casa de seus avós, que o criaram com muito amor. Mas as marcas daquela vida com seus pais, ainda estavam lá. O fazendo recuar quando alguém tentava algum relacionamento mais sério.
***
Arthur estava com 30 anos, havia se tornado um dos melhores médicos de sua cidade, era recomendado por quem por ele era atendido. Era gentil, educado e muito competente. Em dias de folga de algum cirurgião, ou conforme as necessidades Arthur realizava cirurgias também. Mas não era o que fazia seus olhos brilharem. Gostava mesmo era de atender, conversar com os pacientes, fazer parte da cura de cada um que passava por ele.
O dia de hoje estava caótico, um engavetamento de carros devido a queda de uma árvore em meio a uma tempestade tinha revirado o hospital de pernas para o ar. Estava ajudando no atendimento das vítimas na emergência, uma moça atropelada chegara, seus sinais vitais eram fracos...
- PARADA CARDÍACA. INICIAR COMPRESSÕES. - Arthur comandava os colegas. - CHAMEM DR. FAVARETTO. HEMORRAGIA INTERNA. - Em meio a correria, Arthur ouvia o auto falante chamando.
ATENÇÃO DR. FÁBIO FAVARETTO COMPARECER A SALA DE EMERGENCIA TRAUMA 2
ATENÇÃO DR. FÁBIO FAVARETTO COMPARECER A SALA DE EMERGENCIA TRAUMA 2
Arthur saíra para chamar mais enfermeiros, quando retornou viu seu amigo Fábio estancado em frente a sala de trauma. Fábio Favaretto era o melhor cirurgião da região. Em qualquer situação de risco, era ele quem chamavam. Arthur corria em direção ao amigo, virando para a sala de trauma onde todos esperavam pelos comandos dele. Vendo que ele não se mexia, começou a comandar o pessoal, mandando que se dirigissem a sala de cirurgia.
- Está tudo bem? Pode realizar a cirurgia? Ela foi atropelada no acidente que aconteceu, está com hemorragia interna, precisamos parar o sangramento. - Arthur falava sério, encarando Fábio nos olhos.
O amigo parecia estar fora de si, nunca o tinha visto assim antes, nem mesmo quando soubera da morte de seu pai. Fábio era contido, alegre e profissional, nunca se envolvia demais com os pacientes.
- Ela está grávida! Não consigo... precisam salvá-la, e seu bebê... - Vendo Fábio ficar pálido, Arthur chamou uma enfermeira para ajudá-lo, sentiu pena do amigo, então garantiu, mesmo sem saber se cumpriria. - Vamos salvá-la! - E correu para a sala de cirurgia.
A cirurgia fora longa e complicada. O sangramento tinha sido estancado, quando estavam finalizando a cirurgia, perceberam que o feto estava fora do útero, se formando em sua trompa. Arthur praguejara em voz alta. - Mas que inferno! - Não sabia se aquele bebê era de Fábio, como falaria para o amigo que tiveram que tirar a criança ou a mulher morreria?
Quando saiu da sala de cirurgia, encontrou Fábio sentado em uma cadeira na sala de espera, com as mãos na cabeça e olhos inchados. Caminhou lentamente até o amigo, ensaiando como falaria com ele.
- Fábio...
Fábio, dera um salto da cadeira. - Como eles estão?
- Bem... A jovem está bem. - Olhou o prontuário. - Luana da Silva está bem, mas a gravidez era ectópica, não tivemos escolhas, tivemos que remover o feto.
Fábio se jogou de volta na cadeira. Não dissera uma palavra. Quando Arthur ia perguntar o que ele era da moça, Fábio se levantou. - Quando poderei vê-la?
- Dentro de algumas horas ela estará no quarto e você poderá vê-la. - Arthur achou melhor deixar o amigo sozinho por enquanto, ele estava muito abatido. Virou-se para sair, mas Fábio o chamou.
- Arthur... pode me substituir até tudo se acertar? - Fábio tinha olhos suplicantes.
- Claro que sim, cara. - Arthur respondera, dando um abraço de leve em Fábio.
***
Se passaram 15 dias alucinados, com Fábio enfurnado naquele quarto com Luana. Arthur estava a 15 dias tocando direto, para substituir Fábio. Estava beirando a loucura, não pode sair nem uma vez à noite, para beber, ou dançar, encontrar alguém para o satisfazer. Nada. Só o que fazia era trabalhar, levara até roupas para tomar banho no hospital, visto que mal tinha tempo de ir para casa.
Arthur estava massageando as têmporas, quando Melissa, sua enfermeira favorita, veio correndo lhe chamar.
- Dr. Gonçalves, A Srta. Luana da Silva acordou.
Arthur ergueu as mãos para o céu. - Graças a Deus Melzinha, graças a Deus... - Arthur já tinha dormido algumas vezes com Melissa, ela era uma boa moça, nunca lhe exigira nada, nem se quer uma ligação. Ia saindo em direção ao quarto, quando ouviu-a dizer.
- Ela perguntou pelo bebê.
- O que você disse? - Arthur a encarava sério.
- Que chamaria o médico para lhe dar maiores informações. - Arthur assentiu e foi em direção ao quarto de Luana.
Ao chegar lá deparou-se com Fábio e Luana conversando. Interrompeu-os. - Fábio... - Ambos o encararam. Ele sorriu para Luana. - Luana, eu sou o Dr. Arthur Gonçalves. Cuidei de você esse período que esteve aqui.
Olhou para o amigo, não sabia a relação deles, mas precisa de toda a compreensão de Luana, então mesmo sabendo que podia magoar o amigo falou. - Fábio, preciso conversar com Luana, poderia nos dar licença?
- Não vou sair, Arthur! - Fábio falava sério, com uma carranca no rosto.
Virou-se para Luana. - Tudo bem pra você Luana?
- Sim, Dr. Pacheco, pode falar! Fábio e eu somos amigos.
AMIGOS? Arthur estava chocado, como podiam ser somente amigos e Fábio ter definhado por ela esses 15 dias?
Arthur explicou tudo que podia e um pouco mais, Luana tinha encarado melhor do que ele esperava a situação. O que era bom, assim poderia lhe dar alta, e Fábio voltaria a trabalhar, lhe permitindo ter vida novamente.
Arthur era um homem forte, alto com 1,85 de altura, ombros e costas largas, cabelos e olhos bem pretos. Sua pele era bronzeada, deixava a barba bem aparada mas grande no rosto, o deixando mais charmoso. Colecionava números de garotas no celular, dificilmente dormia com a mesma mais de uma vez, era o estilo conquistador. Ele flertava até com as senhorinhas da academia, achava que era bom pra elas se sentirem vistas e desejadas. Então não o surpreendeu quando Fábio entrou em seu escritório dizendo que Luana não estava disponível.
Ele riu do amigo. - Nunca dei em cima de suas paqueras! - Dissera divertido.
- Ela é muito mais do que uma simples paquera. - Fábio dissera estreitando os olhos.
- Hummm, me lembro de ouvi-la dizer que vocês eram apenas amigos...
Fábio se levantara da cadeira de punhos cerrados. - Ou ou ou, calma lá amigo, estou só brincando. - Arthur erguera as mãos em rendição. Fábio era maior que ele, e não estava a fim de brigar sem motivos.
- Assim que Luana receber alta, volto aos meus plantões, e te devo alguns ainda. Então é só me dizer que venho em seu lugar.
Arthur sorriu. Não aguentava mais. - Ok, muito obrigado.
***
Dois dias depois, Arthur estava indo ao quarto de Luana, entregar a liberação de alta dela. Avistou de longe Fábio sair do quarto, parecia ter um sorriso leve nos lábios. Parou próximo ao quarto ao ver que Luana não estava sozinha. Havia com ela uma moça, estava de costas, mas via-se que era de estatura baixa, de cabelos curtos e cacheados que brilhavam enquanto ela pulava de um lado para o outro gargalhando e abraçando a amiga. Arthur virou a cabeça, reparando no bumbum marcado no macacão que a moça vestia. - Hummm, gostei. - Arthur argumentou consigo mesmo, e seguiu para dentro do quarto.
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