Fernando é um policial detetive de elite. Um homem forte e atraente que não está interessado em romances ou compromisso. Quando se vê obrigado a trabalhar com uma nova parceira seus interesses mudam um pouco. Rebeca está iniciando sua carreira como detetive na unidade de vítimas especiais. Quer mostrar um bom trabalho, por isso, se disponibiliza para fazer pareceria com um policial de outra área, em um caso difícil. Mas ao encontrar seu parceiro descobre que cometeu um grande erro.
- Já faz 15 dias que estou nesse caso sem sucesso, sem novas pistas, sem nada. - Fernando joga as pastas longe da mesa. - Mas que droga!
O sargento vê Fernando com as duas mãos na cabeça. - Já começaram a me pressionar Fernando. Não temos muito tempo.
- Eu sei... - Fernando responde com uma ruga na testa.
- Esse caso é da unidade de vítimas especiais, eles nos deixaram iniciar porque fomos nós que encontramos a vítima. - O Sargento Luiz Peronni era um homem corpulento, pele negra, cabelos curtos, braços fortes, e olhar firme. Era um bom chefe, fazia o que fosse pela sua equipe. Mas já estava se estressando com Fernando querendo fazer tudo sozinho.
- O que quer dizer com isso? - Fernando não queria perder o caso. Era muito importante. Era um caso de assassinato em série. Sua expressão se fechou ainda mais.
Sargento Peronni não estava aberto a conversas. - Amanhã, ouça bem, amanhã Rebeca Lorone virá e começará a trabalhar com você nesse caso... - Fernando tentou interromper mas foi calado com um aceno de mão dado por Peronni. - Não temos tempo Favaretto! Não pode ficar querendo fazer tudo sozinho. Somos todos uma grande equipe, trabalhamos pelo bem da nossa cidade. - O sargento estava falando de forma firme e clara, olhando bem nos olhos de Fernando. - Ela virá, e você vai passar todo o caso para ela, vão trabalhar juntos e espero que seja uma ótima parceria e que resolvam esse caso de uma vez.
Fernando bufou de indignação. - Ok!
- Você é um dos meus melhores homens, sei que dá conta de muita coisa, mas esse caso... - O sargento sacudiu a cabeça. - Esse caso é urgente, precisamos prender esse maluco.
Fernando encarava o chefe, nunca vira o chefe tão comovido com um crime como estava com esse. Era um caso horrível de estupro seguido de assassinato, mas não era apenas isso, o assassino também havia pintado de roxo as unhas da vítima antes de matá-las. O que batia com outros casos não resolvidos, em cidades próximas, onde as vítimas tiveram suas unhas pintadas de roxo antes de serem assassinadas. Tudo se encaminhava para um assassino em série.
Na última semana foram dois casos. E não havia pistas. Estava sem saída. Peronni tinha razão, precisavam de ajuda extra.
- Você tem toda a razão chefe. - Fernando se levantou da mesa, circulando-a ficou de frente para o chefe e estendeu a mão. - Vamos prendê-lo!
Peronni, retribuiu o aperto de mão. - Era isso que eu precisava ouvir. Amanhã assim que ela chegar trago-a aqui para começarem no caso.
***
Rebeca, estava há 6 meses na unidade de vítimas especiais. Trabalhara duro com sua equipe nesse tempo, tinha como parceiro Jonathan. Que era também um de seus melhores amigos. Visto que o trabalho tomava conta de muito tempo, não tinha como ter outros amigos senão, os do trabalho. Ela e sua equipe eram unidos, pegavam junto nos casos e todos saíam felizes e realizados com os resultados. Claro, que nem tudo eram flores, tinham suas diferenças, e também acontecia de ter casos em que não obtinham sucesso.
Dentro da equipe ela era a "novata" então tentava mostrar que estava ali para enfrentar o que viesse. Quando falaram do novo caso intitulado: Unhas roxas, se arrepiou inteira.
- Que horror! - Rebeca falara com os olhos arregalados e mãos no peito.
Apesar de estar na polícia há algum tempo, não se acostumava com as atrocidades que viam. Escolhera a Unidade de vítimas especiais, por querer cooperar com algo que tinha a certeza de ser justo dentro da corporação. Eram responsáveis por casos de violências sexuais, que eram em sua maioria cometidos contra mulheres. Investigavam desde os casos mais simples até os mais complexos. Como esse que surgira neste momento.
- Precisamos que alguém vá até a delegacia de policia local para auxiliar diretamente na investigação do caso Unhas roxas. - Dissera seu chefe. - Ficaremos aqui investigando e buscando informações, cooperaremos entre as delegacias. Antes que ele desse continuidade Rebeca se levantou a mão. - Rebeca?
- Eu me disponibilizo. - Rebeca queria se destacar, estava no começo, e sentia-se na obrigação de fazer algo relevante.
- Ok! Então Rebeca vai. - O chefe continuou. - Precisaremos sermos rápidos e atentos, nada pode falhar. Estamos lidando com um assassino em série. E pelos sinais que temos até aqui, considera-se que é um psicopata. - Pegou um pouco de ar. - Tomem muito cuidado. Agora, todos estão dispensados, comecem as buscas e investigações, perguntem pra quem for. Falem com seus informantes, amigos, qualquer um, mas me tragam novas informações.
Sargento Antônio Velasques era correto e determinado. Nada passava por ele. Estava no comando já faziam quase 10 anos. Ele sentia o cheiro de problemas a km de distâncias. Era um moreno alto, corpo forte, rosto firme e palavras ásperas.
- Rebeca, você vem comigo!
Rebeca gelou. Ai meu Deus, será que fiz mal em me candidatar? Ia com um gelo na barriga atrás do chefe. Ao chegarem em seu escritório, Velasques esperou-a entrar e fechou a porta atrás dela.
- Sim, senhor?
Velasques sabia que Rebeca queria mostrar serviço, ela era muito competente, tinha reação ágil e era correta em suas ações. Quando ela se ofereceu ficou feliz, ela não se deixava intimidar, e nesse caso precisavam de alguém assim.
- Detetive Lorone, sente-se.
Rebeca se sentou-se em silêncio, sentindo as pernas formigarem de nervosismo.
- Fiquei muito satisfeito com sua disposição no caso.
Rebeca respirou aliviada. - Que bom Sargento. - Sorriu um pouco mais confiante.
Velasques assentiu. - Vamos repassar o caso, amanhã você irá direto para a delegacia de homicídios, irá trabalhar com Fernando Favaretto, responsável por casos de Elite. Ele foi designado para esse caso por ser um dos melhores detetives que temos.
- Ok! - Luana ouvia tudo atentamente.
- Ele é um homem muito legal, amigo e divertido, no entanto no trabalho ele é implacável. Ele se transforma. Não seja imprudente, não misture as coisas. Ele é solteiro e ... - Velasques sabia que estava soando ridículo, mas precisava avisá-la, não gostaria de perder uma boa detetive por um casinho amoroso. - ele é muito mulherengo.
Luana estava perplexa com o que ouvia. Quem ele achava que ela era? Uma qualquer que saía com qualquer homem solteiro. Ela já estava abrindo a boca para responder, quando Velasques ergueu a mão, como pedindo que ela ouvisse até o fim. Rebeca só ia ficando cada vez mais vermelha. Sentia seu rosto arder.
- Sei que você tem sido muito honesta e responsável no trabalho. Mas estou falando sobre isso, porque não quero que você se apaixone por ele e depois se atrapalhe no trabalho.
- Não vou me apaixonar por ele? O que é isso ? - Rebeca estava horrorizada e seu rosto demonstrava seu desgosto.
- Rebeca... - Velasques falava devagar, tomando cuidado para não ofendê-la. Ele gostava dela, era uma boa moça e uma detetive excelente. - Não estou a julgando, estou falando pois sei que ele é um Dom Juan com as mulheres. Ok?
Rebeca achava que argumentar e debater não adiantaria muito. Mas estava chateada com o rumo da conversa. Cruzou os braços no peito e respondeu de cabeça erguida por entre os dentes. - Ok, sargento.
Velasques parecia aliviado por ter falado sobre isso. - Ok, agora vamos ao caso!
Assim passaram o resto da tarde e início da noite, repassando os detalhes do caso.
"Homem branco, altura mediana, olhos azuis, cabelos castanhos, uma cicatriz no queixo. Abordava as mulheres em pontos de ônibus por volta das 20hs, sempre nos centros das cidades. Pedia informação, e depois as seguia, esperando o melhor momento para atacar. Sempre atacava mulheres brancas de cabelos castanhos, baixas, magras e que estivessem sozinhas.
Ele cometia crime sexual com elas e após pintava as unhas das vítimas de roxo. Após as matava com um tiro na cabeça. Sempre da mesma forma. Já haviam 8 casos como esse, sem resolução. Ficou um tempo sem atacar, não se sabe porque, mas duas semanas atrás cometeu seu primeiro ataque novamente, depois de 7 dias, outro ataque.
Era metódico, sempre a cada 7 dias. Já estavam se aproximando de um novo possível ataque.
Tinham encontrado restos de pele nas unhas da última vítima, o que possibilitou um exame de dna para tentar descobrir a identidade do homem."
- O resultado sairá amanhã Rebeca, passe no laboratório pegue o resultado e coloquem no sistema. Espero que tenham mais sucesso que nós.
- Claro senhor. Faremos o máximo para pegar o cretino.
- Por hoje é só. - Olhou o relógio. - Já são 20hs, vá para casa, descanse, e amanhã esteja pronta!
- Sim senhor! Muito obrigada, vamos nos falando. - Rebeca se despediu e foi embora.
Ao sair da delegacia, Rebeca inspirou o ar fresco da noite. Os últimos dias tinham sido quentes e chuvosos. Era um milagre um dia com temperatura amena. Saiu a passos largos até seu carro. Apesar de estar em frente a delegacia, se arrepiava em lembrar-se do caso que estavam repassando.
Rebeca possuía um Fiat Mobi Branco. Era um carro popular e ela o conseguiu em uma promoção excelente. Era confortável e tinha ar condicionado. Tudo que ela precisava. Olhando as horas novamente, Rebeca resolveu passar no supermercado, comprar algo pré pronto para jantar.
Rebeca pegou alguns itens que faltavam em casa e foi para a seção de congelados. Pegou uma pizza congelada de lombo canadense com catupiry e um escondidinho de carne moída. Ao se virar esbarrou em um homem.
- Oh me desculpe, senhor.
O homem a olhou de alto a baixo, com um sorriso leve nos lábios. - Sem problemas senhorita. - E saiu.
Rebeca se arrepiou com aquele homem, a voz dele era aveludada, mas escondia algo. Rebeca balançou a cabeça. - Meu Deus estou ficando muito afetada com esse caso. - Mais uns passos e olhou para trás, e lá estava aquele homem de novo. Parado no mesmo lugar de antes. Focado nas comidas congeladas.
Rebeca se apressou para o caixa. Depois desse caso, pediria umas férias, precisava aliviar a cabeça.
Rebeca entrou em casa e encontrou sua mãe assistindo televisão. - Oi mãe, cheguei.
Rebeca morava com sua mãe e irmã. Seu pai tinha morrido quando ainda era criança, desde então, as três eram inseparáveis.
Ramona, mãe de Rebeca era uma senhora muito simpática, trabalhava como contadora e vivia para sua família. - Oi, meu amor, como foi seu dia ?
- Mãe ... que loucura... estou em um caso de arrepiar, não quero nem falar...
- Oi Beca. - A irmã de Rebeca tinha 17 anos, estava no último ano do ensino médio. Era a cópia mais nova de Rebeca. Loira de olhos verdes, magra, com seios fartos e quadril largo.
- Oi Lari. - Rebeca foi abraçar a irmã. Depois se atirou no sofá ao lado da mãe. - Tô um bagaço. Trouxe pizza e escondidinho, já jantaram ?
- Ainda não. - Respondeu a mãe de Rebeca.
- Então vamos lá, encher a pança! - Larissa pegou as sacolas e correu para a cozinha.
***
Fernando não conseguia dormir, estava preocupado com o caso. Não podiam falhar nessa. Era muito perigoso um cara com esse estar solto ainda. Bufou exasperado. Ainda teria de receber ajuda de outro departamento. Se sentia frustrado, mas não tinha outra opção.
Ele queria apenas uma barriga de aluguel. Mas teve de se contentar com tudo que ela tinha a oferecer. Ela era a escolha certa!
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