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HERDEIROS DO DESERTO

HERDEIROS DO DESERTO

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Sinopse

Índice

Neste romance trazemos uma surpresa especial: duas histórias de bebês cujos pais são nada menos do que sheiks charmosos, poderosos, dominadores e com mais mistérios do que as dunas de areia. Apesar de serem homens implacáveis e rigorosamente fiéis às leis do deserto, nada os sensibiliza mais do que saber que possuem um herdeiro. As forças da criação e do amor de uma mulher são as únicas capazes de amolecer seus corações de pedra!

Capítulo 1 1

Querida leitora,

Neste romance trazemos uma surpresa especial: duas histórias de bebês cujos pais são nada menos do que sheiks charmosos, poderosos, dominadores e com mais mistérios do que as dunas de areia. Apesar de serem homens implacáveis e rigorosamente fiéis às leis do deserto, nada os sensibiliza mais do que saber que possuem um herdeiro. As forças da criação e do amor de uma mulher são as únicas capazes de amolecer seus corações de pedra!

Boa leitura!

Com amor Angelinna Fagundes.

Sinopse:

Desejos do coração

Elinor era pura e inocente, até ser seduzida pelo príncipe Jasim bin Hamid al Rais. Agora, grávida de Jasim, ela terá de se tornar sua rainha, ainda que não seja desejada por ele...

Capítulo Um

SUA ALTEZA Real, o príncipe Jasim bin Hamid al Rais, franziu as sobrancelhas quando a assistente o informou que a esposa de seu irmão o aguardava.

– Você deveria ter dito que a princesa estava aqui. Minha família sempre tem prioridade – advertiu ele.

Jasim era conhecido nos círculos financeiros pela velocidade astuta e pela estratégia que utilizava na busca de lucros para seu império internacional de negócios, e os funcionários tinham um enorme respeito pelo presidente. Ele era um patrão rígido, que estabelecia altos padrões de qualidade e não aceitava nada menos do que a excelência. Suas habilidades naturais de sobrevivência foram aperfeiçoadas através das políticas palacianas e de uma família desafiadora. Ele estava com 30 e poucos anos, era alto, imponente, possuía uma aparência devastadora e uma masculinidade poderosa que as mulheres consideravam irresistível.

Sua cunhada francesa, Yaminah, era uma morena delicada e simples. Os traços de seu rosto arredondado estavam tensos, avisando-o de que ela estava se esforçando para controlar suas emoções. Jasim a cumprimentou com cordialidade e preocupação. Para recebê-la, ele teve de deixar um ministro esperando, mas suas boas maneiras o obrigaram a ocultar esse fato e solicitar refrescos, enquanto pedia que ela se acomodasse em uma das poltronas, como se o tempo não importasse.

– Você está confortável em Woodrow Court? – Jasim quis saber. O irmão mais velho dele, o príncipe herdeiro Murad, e sua família utilizavam a casa de campo que ele possuía em Kent, enquanto mandavam construir ao lado uma nova propriedade inglesa.

– Oh, sim. É uma casa maravilhosa e estamos sendo muito bem cuidados. – Apressou-se em assegurar Yaminah. – Mas nunca pretendíamos deixá-lo fora da própria casa, Jasim. Por que não nos visita neste fim de semana?

– Claro, se vocês quiserem. Porém, acredite, estou muito bem em minha residência – respondeu Jasim. – Mas não é por isso que veio até aqui, certo? Receio que algo possa estar preocupando você?

Yaminah comprimiu os lábios e a angústia aparente no brilho de seus olhos castanhos logo se transformou em lágrimas. Com um pedido de desculpas sufocado pelos soluços, ela apanhou um lenço e enxugou os olhos umedecidos.

– Eu não deveria estar aborrecendo-o com isso, Jasim...

Ele sentou-se no sofá do lado oposto ao dela na tentativa de fazê-la se sentir mais relaxada.

– Você nunca me aborreceu em sua vida – a censurou Jasim. – Por que está se preocupando com isso? Yaminah inspirou profundamente.

– É... É a nossa babá.

Ele uniu as sobrancelhas, como se estivesse questionando o tom trágico da voz dela.

– Se a babá que a minha equipe contratou para cuidar da minha sobrinha não é do seu apreço, sugiro que a demita.

– Se ao menos fosse tão simples... – Yaminah suspirou, amarfanhando o lenço nas mãos inquietas. – Ela é uma excelente babá e Zahrah gosta muito dela. Temo que o problema seja... Murad.

Imediatamente, Jasim ficou tenso. Contudo, sua autodisciplina era absoluta e impedia que sua face denunciasse sua irritação. Seu irmão sempre fora um mulherengo e seu estilo de vida o colocara em situações difíceis mais de uma vez. Tal fraqueza era perigosa para o futuro governo da pequena província rica em petróleo e muito conservadora de Quaram. Pior ainda, na opinião de Jasim, se Murad estivesse almejando uma funcionária sob os olhos de sua leal e adorável esposa, então o seu comportamento havia alcançado um nível baixo e imperdoável.

– Não posso demitir a garota. Se eu interferisse, Murad ficaria furioso.Por enquanto, acredito que seja apenas um flerte, mas ela é uma garota muito bonita, Jasim – murmurou a cunhada e a voz soou estremecida. – Se ela deixasse o emprego, o caso deles se tornaria público, e você sabe que Murad não poderia se envolver em outro escândalo.

– Eu concordo. O rei não tem mais paciência com ele. – Jasim comprimiu os lábios, ao mesmo tempo em que se perguntava com amargura se o fraco coração do pai suportaria o estresse de mais uma explosão perturbadora de má notoriedade e intrigas indecentes sobre a moral do filho primogênito.

Será que algum dia seu irmão mais velho iria aprender a ter bom senso e moderação? Por que ele nunca colocava as necessidades da família em primeiro lugar? O pai parecia ser incapaz de resistir à decepção e, desta vez, Jasim se sentia extremamente responsável. Afinal, a sua equipe havia contratado a miserável babá! Por que não lhe ocorreu ordenar uma restrição em designar uma mulher jovem e bonita?

A esposa do irmão o observava com ansiedade.

– Você vai me ajudar, Jasim?

Ele lançou um olhar irônico para ela.

– Murad não aceitaria o meu conselho.

– Ele é muito teimoso para aceitar o conselho de qualquer pessoa, masvocê poderia me ajudar – implorou Yaminah.

Jasim franziu o cenho, acreditando que ela havia supervalorizado a sua influência sobre o irmão. Murad não tinha sido herdeiro do trono de Quaram ao longo de 50 anos sem adquirir um senso saudável de sua própria importância. Enquanto Jasim era um grande adorador de seu pai, sabia que o irmão preferia trilhar o seu próprio caminho, ainda que para isso fosse necessário passar por cima de outras pessoas.

– Como eu poderia ajudar? – Yaminah mordiscou o lábio inferior.

– Se você estivesse preparado para demonstrar interesse por essa babá, o problema estaria resolvido – declarou ela em uma súbita onda de euforia. – Você é jovem e solteiro e Murad é de meia-idade e casado. Não há comparação. A garota certamente voltaria a atenção para você em vez de...

Jasim sentiu o desgosto invadi-lo e seus olhos se tornaram frios e escuros. Erguendo as mãos, ele pediu moderação e calma.

– Yaminah, por favor, seja sensata...

– Estou sendo sensata. Além disso, se Murad pensasse que você estáinteressado na garota, tenho certeza de que ele iria desistir dela – insistiu Yaminah. – Ele tem dito com frequência o quanto deseja que você conheça uma mulher...

– Mas não uma mulher a quem ele entregou o coração – declarou Jasim secamente.

– Não, você está errado. Desde aqueles... hum... assuntos desagradáveiscom aquela mulher inglesa com quem você se envolveu há alguns anos, Murad esteve preocupado com o fato de você ainda estar solteiro. Ele mencionou isso ainda ontem, e se acreditasse que você está interessado em Elinor Tempest ele a deixaria em paz! – declarou Yaminah com uma veemência que denunciava o seu desespero para que ele aceitasse a sua sugestão.

Jasim ficou tenso e empalideceu. Yaminah acabara de se referir a um episódio do qual ele preferia não se recordar. Quando o tabloide havia exposto o passado dissoluto da mulher com quem ele planejara se casar há três anos, Jasim experimentara um grau de fúria e humilhação do qual não estava disposto a se lembrar. Desde então, ele havia ficado resolutamente solteiro e agora escolhia mulheres apenas para entretê-lo e aquecer a sua cama. Expectativas menores levavam a um grau maior de satisfação, ele admitiu interiormente.

Embora Jasim tivesse ignorado imediatamente o pedido dramático que Yaminah lhe fizera, ele ficou preocupado com sua visita e decidiu pesquisar sobre a mulher que estava sendo a causa desse sofrimento. Jasim instruiu a assistente para que investigasse a babá e questionasse a equipe que a havia contratado. Naquela mesma manhã, as informações iniciais que ele recebeu o deixaram intrigado. Jasim estudou a pequena foto de Elinor Tempest: ela possuía cabelo longo com uma tonalidade vibrante de vermelho, faces rosadas e olhos verdes e exóticos. Sem dúvida, ainda que Jasim nunca tivesse considerado aquela estranha cor de cabelo atraente, a babá era no mínimo incomum e surpreendentemente bonita.

De qualquer forma, ele se preocupou com o fato de Elinor Tempest não ter conseguido uma entrevista para o emprego por aparecer na lista de babás confiáveis fornecida pela agência contratada para esse propósito. Aliás, era improvável que a garota tivesse feito isso por seus próprios méritos, já que tinha apenas 20 anos e pouca experiência profissional.

Evidentemente, Murad havia indicado pessoalmente o nome da garota e insistido que fosse entrevistada. Esse fato espantoso colocava a relação do irmão com a jovem em um nível ainda mais duvidoso. Jasim ficou surpreso e irritado com essa descoberta. Como Murad pôde criar uma situação dessas embaixo do seu próprio teto? E que tipo de jovem aceitaria uma posição de um homem casado e libidinoso e ainda encorajaria os seus avanços? Será que Yaminah estava errada? Murad estaria envolvido sexualmente com a babá da filha?

Uma sensação de repugnância o consumiu. Seus fortes princípios se revoltaram contra uma associação tão sórdida. Jasim já havia aprendido à própria custa que o status real e a riqueza do petróleo da família Rais fazia com que ele e o irmão fossem alvo das mais inescrupulosas interesseiras, ávidas para usarem trapaças e seus corpos sedutores a fim de enriquecerem.

Murad já havia sofrido diversas tentativas de chantagens que exigiram a intervenção da polícia. No entanto, mais uma vez, o irmão estava sendo imprudente em correr o risco de protagonizar outro escândalo explosivo, cujos abalos poderiam repercutir até Quaram e perturbar a estrutura da monarquia.

Após refletir sobre o assunto, Jasim chegou a uma decisão fria e incisiva. Quando uma crise aparecia, ele gostava de agir com rapidez. Jasim passaria o fim de semana em Woodrow Court e avaliaria a situação. De uma forma ou de outra, ele libertaria a família de Yaminah dessa garota vulgar e calculista que estava ameaçando tudo o que ele apreciava...

– O QUE aconteceu com você?! – exclamou Louise, arregalando os olhos azuis, enquanto observava a aparência moderna de Elinor. – Normalmente se veste como uma vovó!

Elinor fez uma careta ao ouvir a crítica. Ela passou a maior parte da vida sendo obrigada a usar roupas antiquadas devido aos ataques venenosos do pai sobre qualquer traje que delineasse suas curvas ou mostrasse seus joelhos. Professor universitário e intelectual impenitente e esnobe, Ernest Tempest havia sido pai ferozmente crítico para sua única filha. Só agora, vivendo longe de casa, ela foi capaz de se sentir livre e relaxar. No entanto, Elinor era a primeira a admitir que sem a ajuda de uma vendedora astuta e atenciosa nem ousaria provar o vestido, quanto mais comprá-lo.

Elinor voltou o olhar para o próprio reflexo no espelho. O elegante vestido parecia enfatizar as curvas graciosas de seu corpo, mas revelava uma generosa extensão de suas pernas bem torneadas. Sob o olhar de censura da amiga, Elinor levou uma das mãos ao decote do vestido e confessou:

– Eu simplesmente me apaixonei por esse vestido.

Louise girou os olhos nas órbitas e falou secamente:

– Bem, certamente você pode arcar com roupas da moda hoje em dia.Como é a vida da família real de Quaram? A essa altura, deve estar guardando o dinheiro em uma conta no exterior.

– Você só pode estar brincando. – Elinor apressou-se em declarar. – Nãoé tão fácil quanto você pensa. Eu trabalho muitas horas...

– Bobagem! Você só tem que cuidar de uma criança e ela está no jardimde infância – protestou Louise, ao mesmo tempo em que repousava um copo em uma das mãos de Elinor. – Beba! Você não pode ser uma estragaprazeres em sua própria festa de aniversário de 21 anos!

Elinor sorveu a enjoativa bebida doce, embora não fosse de seu gosto. Ela não queria teimar com a temperamental Louise, astuta em perceber qualquer forma de abstinência alcoólica como um desafio pessoal.

As duas haviam frequentado o mesmo curso de babás e continuaram amigas depois, mas Elinor estava ciente do clima desconfortável que se formara entre elas. Louise demorou meses para encontrar um emprego decente e havia se ressentido pela sorte que Elinor obteve.

– Como está o trabalho? – Louise quis saber.

– O príncipe e sua esposa viajam muitas vezes para o exterior ou passamos fins de semana em Londres e eu sou encarregada de cuidar de Zahrah em Woodrow, então alguns dias de folga... ou a falta disso... têm sido um problema. Aliás, às vezes eu me sinto como se fosse a mãe dela – confessou Elinor com melancolia. – Eu cuido de tudo... Até mesmo compareço aos eventos da escola.

– Tem que haver alguma desvantagem para todo esse dinheiro que estárecebendo! – comentou Louise com sarcasmo.

– Nada é perfeito. – Elinor deu de ombros com a tolerância de alguémacostumada a um mundo imperfeito.

– Os outros funcionários são de Quaram e falam a sua própria língua,por isso é uma vida doméstica bastante solitária. – E, dando um suspiro, declarou: – Podemos ir? O carro está nos aguardando.

Quando o príncipe Murad havia se dado conta de que era o aniversário de Elinor, ele a presenteara com cupons para um sofisticado clube noturno londrino e insistira para que ela aceitasse viajar até Londres com o chofer da limusine. O mesmo motorista a deixaria em casa no fim da noite.

– Um aniversário de 21 anos só acontece uma vez na vida. – O pai deZahrah havia observado animadamente.

– Aproveite a sua juventude ao máximo. O tempo passa cruelmente rápido. Em meu aniversário de 21 anos, meu pai me levou até o deserto e me instruiu sobre o que eu nunca deveria me esquecer quando me tornasse rei deste lugar. – Uma expressão irônica cruzou o olhar de Murad.

– Não havia me ocorrido na mesma hora que 30 anos depois eu aindaestaria nessa espera. Não que eu desejasse de outra maneira, é claro; meu honrado pai é um rei muito sábio e qualquer homem se esforçaria para seguir o seu exemplo.

O príncipe Murad era um homem generoso, pensou Elinor. Ela admirava seu forte senso sobre os valores familiares de amor, confiança e lealdade. Após a morte da mãe, quando ela estava com 10 anos, a educação de Elinor havia perdido visivelmente tais qualidades e ela ainda sentia a dor dessa perda. Se ao menos o seu próprio pai tivesse tido um pouco da natureza gentil e bondosa do príncipe!

Enquanto Louise gritava de admiração à primeira vista da luxuosa limusine, Elinor estava pensando sobre a falta de interesse que o pai tivera por ela durante a vida inteira. Não importava o quanto ela se esforçasse com os estudos, as notas dos exames nunca eram suficientes para agradá-lo. O pai dizia frequentemente que se sentia envergonhado de Elinor e que ela era uma severa decepção para ele. A decisão que ela tomara em se tornar uma babá o deixara indignado e ele a chamara de "uma esplêndida ama-seca, nada mais do que uma criada!". As sombras escuras daqueles anos infelizes a haviam marcado para sempre e Elinor sentia como se na verdade não tivesse família. Afinal, o pai tinha se casado novamente sem convidá-la para o casamento e parecia preferir agir como se fosse desprovido de filhos.

– Eu estava lendo um artigo sobre o príncipe Murad em uma revista –comentou Louise. – Há indícios de que ele fica atento às damas e que já teve alguns casos fora do casamento. Cuidado com esse "garotão"!

Elinor franziu as sobrancelhas.

– Oh, ele definitivamente não é assim comigo... Ele é mais do tipo paternal...

– Não seja tão ingênua. Noventa e nove por cento dos homens de meia-idade são interessados em jovens atraentes – ridicularizou Louise com um sorriso insolente. – E se você o faz lembrar da sua mãe...

– Não acho que isso seja provável – interrompeu Elinor, um tanto divertida. – Minha mãe era miúda, loura e de olhos azuis, e eu não me pareço nem um pouco com ela.

– Está bem. – Louise encolheu os ombros. – Mas, se você não o fizessese lembrar da sua mãe, por que diabos ele ofereceria, para uma total estranha, o trabalho de cuidar de sua preciosa filha?

– Não foi tão fácil como você pensa – reagiu Elinor, sentindo-se desconfortável. – O príncipe indicou o meu nome, mas eu passei pelo mesmo processo de recrutamento que todos passaram. Murad disse que queria me ajudar porque a minha mãe significou muito para ele. Ele também achou que eu seria jovem o bastante para ser amiga da filha dele no futuro. E não se esqueça de que a esposa dele fala apenas árabe e francês, então o meu francês fluente se tornou muito útil. Concordo que o fato de eu ter conseguido o emprego foi uma sorte extraordinária, mas não houve nada de sinistro nisso.

Louise ainda a encarava com frieza.

– Mas você dormiria com Murad... se ele lhe pedisse?

– Não, é claro que não! Por Deus, ele tem quase a idade do meu pai! –protestou Elinor com um tremor de desgosto.

– Se fosse o irmão dele, o príncipe Jasim, você não estaria tremendo –provocou Louise. – Há uma foto dele no mesmo artigo. Ele é muito sexy: alto, solteiro e lindo como um astro de cinema.

– É mesmo? Eu não o conheci. – Elinor virou o rosto para a janela a fimde apreciar as ruas bem iluminadas da cidade. A persistência e as insinuações sombrias de Louise a aborreceram. Por que as pessoas sempre preferem pensar o pior? Elinor nem teria pensado em trabalhar para o príncipe Murad e sua esposa se houvesse algo duvidoso na atitude do homem com relação a ela. De qualquer maneira, um incidente infeliz durante os meses de sua experiência anterior de trabalho a havia deixado muito cautelosa quanto a flertes de empregadores.

– É uma pena que o irmão que um dia será o rei seja baixo, careca ecorpulento – comentou Louise com zombaria. – Embora muitas mulheres não deixariam que isso lhes atrapalhasse a ambição.

– O fato de ele ser casado seria suficiente para me deter – contestouElinor secamente.

– Mas não deixa de ser um casamento instável, com apenas uma pequena garota para testemunhar todos os anos em que ele esteve com a esposa – insistiu Louise. – Estou surpresa por não ter se divorciado dela já que não há nenhum herdeiro para a próxima geração...

– Mas há um herdeiro... O irmão mais novo do príncipe – observou Elinor.

– Então, ele tem que ser o bom partido da família. – Um brilho calculista surgiu nos olhos de Louise. – Mas já se passaram três meses e você ainda nem o conheceu, apesar de estar morando na casa dele e com os parentes dele, então isso não é muito promissor.

Elinor não queria perder tempo em mencionar que se apaixonar por um príncipe árabe não havia feito nenhum bem à sua falecida mãe, Rose. A mãe conhecera Murad na universidade e os dois se apaixonaram cegamente. Elinor ainda possuía o anel de noivado que Murad tinha dado à sua mãe. No entanto, a felicidade do jovem casal tinha se mostrado passageira, porque Murad fora ameaçado de exílio e cancelamento da herança caso ele se unisse a uma estrangeira. Eventualmente, Murad retornou a Quaram para agir como filho dedicado e fazer o que lhe era dito, enquanto Rose havia se casado com Ernest Tempest. O casamento de duas pessoas incompatíveis tinha se mostrado profundamente infeliz.

– Você também não tirou folga do trabalho para fazer uma viagem aoexterior – lembrou-a Louise, de mau humor. – Ao menos eu estive dez dias em Chipre com a minha família.

– Não me importo muito com viagens – mentiu Elinor, e sua irritaçãocom as observações nocivas e as zombarias de Louise a fazia se perguntar por que ela se preocupava em manter aquela amizade unilateral.

No clube exclusivo, foram servidas bebidas grátis graças aos cupons proporcionados pelo príncipe Murad. Caso contrário, elas jamais seriam capazes de arcar com os altíssimos preços do bar. Elinor lembrou-se de que era o seu aniversário e tentou afastar o sentimento de decepção que a havia perseguido durante a semana inteira.

Seu emprego era solitário e ela desejava frequentemente a companhia de um adulto. Elinor sabia que deveria aproveitar esta noite ao máximo. Embora ela tivesse um carro à sua disposição, a propriedade de Woodrow ficava situada na zona rural de Kent e com acesso a poucas atrações fora da pequena cidade.

Os pais de Zahrah viajavam frequentemente e preferiam deixar a filha em casa a fim de não lhe atrapalhar o estudo.

Como resultado, Elinor teve a sua própria liberdade severamente cortada, pois, com os patrões ausentes, esperavam que a babá ficasse na constante companhia da filha.

Elinor teria que voltar mais tarde com a limusine para Woodrow Court, porque deixar a sua tarefa aos cuidados de outros funcionários durante a noite não era uma opção que o príncipe estava disposto a permitir.

No entanto, após ter sido exposta aos comentários amargos de Louise, ela já não se sentia entristecida pelo fato de ter tido a chance de dormir fora nessa noite negada.

– Você já está chamando a atenção de um homem. – Louise suspirou com inveja.

Elinor ficou tensa e se recusou a olhar na mesma direção.

Ela descobriu que o convívio com o sexo oposto era um desafio e, muitas vezes, uma experiência humilhante. Elinor era excepcionalmente alta; os homens ficavam felizes em conversar com ela enquanto estava sentada, mas sentiam vontade de correr uma vez que ela se erguia e os superava em altura. Ela aprendera em seus embaraçosos anos da adolescência, quando frequentemente tomava "chás de cadeira", que os homens preferiam mulheres pequenas e delicadas a quem pudessem baixar o olhar e se sentir superiores. Elinor sabia que possuía um rosto atraente e uma boa aparência, mas nenhuma dessas qualidades contava contra a sua desajeitada altura. Apesar de ser notada pelos homens, eles raramente se aproximavam.

Algumas horas depois, ela se despediu de Louise, que já havia se encantado por um admirador. Elinor, por outro lado, vivenciou uma noite especialmente dolorosa quando um jovem se aproximou de sua mesa e pediu que ela se unisse a ele, e então, no instante em que se levantou, ele notou horrorizado que mal conseguia alcançar-lhe os ombros e resmungou: "Esqueça!". O jovem e seus colegas a importunaram e abafaram risos de escárnio pelo restante da noite, como se ela fosse uma palhaça de circo.

Como resultado, ela decidiu que deveria beber um pouco a mais a fim de conseguir manter uma expressão indiferente e ocultar a sua tristeza.

ELINOR SUSPIROU aliviada enquanto a limusine fazia a última curva da estrada arborizada que dava acesso à propriedade de Woodrow. Eles passaram entre as torres do imponente portão em forma de arco da entrada e seguiram para um pátio coberto de cascalho em frente à magnífica casa real. Elinor ficou surpresa ao ver que havia mais luzes da casa acesas que de costume. Assim que saiu do veículo, ela sentiu o ar frio da noite tocar seu rosto. Elinor inspirou profundamente, tentando aliviar a tontura que sentia devido ao álcool que havia ingerido e esforçou-se para andar em linha reta até a porta principal da casa, já aberta para ela.

Enquanto cruzava o hall, ela sentia seus passos instáveis. Ao ver um homem sair da biblioteca, sua atenção se voltou diretamente para ele. O homem era um estranho tão surpreendentemente belo que apenas um olhar de relance a deixou sem fôlego. De súbito, Elinor parou de caminhar e pousou os olhos nele. O cabelo negro estava penteado para trás e a pele bronzeada evidenciava os traços perfeitos do rosto. Ele possuía lindos olhos, escuros, profundos e destemidos. E quando parou embaixo do candelabro de teto, o castanho-escuro de seus olhos ganhou um brilho dourado, como o ouro puro. Elinor sentiu o coração disparar dentro do peito.

Jasim não estava em seu melhor humor. Ele não ficou satisfeito quando chegou à casa de campo apenas para descobrir que o seu irmão, sua cunhada e até mesmo a babá estavam ausentes, fazendo com que a sua presença parecesse um tanto supérflua.

– Srta. Tempest?

– Er... Sim? – Elinor estendeu uma das mãos para se abraçar em umpedestal esculpido na base da sólida escadaria de madeira. O homem possuía um rosto magnífico que inexplicavelmente continuava atraindo-lhe a atenção como um poderoso ímã. – Desculpe, você... é?

– Sou Jasim, irmão do príncipe Murad – declarou ele, estudando-a comfrieza, apesar do poderoso interesse que ela havia despertado nele.

Imediatamente, Jasim desejou saber se ela contemplava Murad com essa mesma intensidade. Qualquer homem ficaria lisonjeado por uma mulher contemplá-lo dessa maneira. Pessoalmente, Elinor Tempest era uma mulher muito mais perigosa do que ele jamais imaginara que ela pudesse ser. Em um vestido que se aderia aos seios fartos e sensuais e revelava as pernas incrivelmente longas, ela era absolutamente estonteante. A cor do cabelo longo, que na fotografia parecia ser berrante, era na realidade uma sutil tonalidade avermelhada, de uma beleza suprema. Apenas as mais finas esmeraldas poderiam ser comparadas ao incrível verde dos olhos dela. Com aquele cabelo espetacular, olhos enormes e lábios rosados e sensuais, ela era a fantasia de qualquer homem. Foi um desafio para Jasim, que era conhecido por sua compostura, conseguir concentrar seus pensamentos novamente.

– Você parece ter bebido – observou ele friamente, sentindo-se desconfortável pela perturbadora reação de seu próprio corpo, que reagia involuntariamente ao desejo sexual que ela lhe despertava.

A face delicada de Elinor enrubesceu.

– Po... Possivelmente... um pouco – gaguejou ela com grande embaraço,ao mesmo tempo em que dava um profundo suspiro, seus seios fartos vibrando levemente sob o tecido fino do vestido. – Eu não costumo beber muito, mas essa era uma ocasião especial.

Jasim estava considerando um verdadeiro desafio concentrar a atenção no rosto dela.

– Se trabalhasse para mim, eu não toleraria que se mostrasse neste estado.

– Afortunadamente, eu não estou trabalhando para você – devolveu Elinor, sem pensar duas vezes. – E também não estou trabalhando no momento. Eu tive permissão para sair esta noite...

– Mesmo assim, enquanto você viver sob esse teto, eu considero tal conduta inaceitável.

Elinor percebeu que ele havia se aproximado e teve de erguer o rosto para conseguir encará-lo. Notou que ele era muito alto, consideravelmente mais alto do que o irmão, Murad. Aliás, não havia nada em Jasim que a fizesse se lembrar do príncipe Murad. Jasim possuía ombros largos, um corpo musculoso e nem um grama de peso extra em seu físico. É claro, os dois homens eram apenas meio-irmãos, ela se lembrou, nascidos de mães diferentes.

– E se Zahrah estivesse acordada e a visse nesse estado? – exigiu Jasim,fitando o brilho intenso dos olhos de Elinor e se sentindo incomodado pela reação exagerada de seu corpo à proximidade dela. Se era dessa maneira que ela afetava o seu irmão, ele podia entender perfeitamente o motivo de Murad ter se sentido tentado. Os lábios cheios e rosados de Elinor já eram um convite sensual.

– A criada que está com Zahrah desde o dia em que ela nasceu dorme noquarto ao lado. Acho que você está sendo irracional – declarou Elinor firmemente.

Jasim ficou chocado ao ouvir a réplica desrespeitosa e decidiu que Elinor era totalmente petulante. Ele não deixou de perceber que a babá tinha uma limusine à sua disposição. Isso era um flagrante da extrema generosidade do seu irmão e só acrescentaria peso aos piores medos de Yaminah.

– É assim que você fala com o meu irmão?

– Seu irmão, que é o meu patrão, é muito mais agradável e menos crítico. Eu não trabalho para você e tenho o direito de ter uma vida social – declarou Elinor, erguendo o queixo em sinal de desafio. – Agora, se não se importa, eu gostaria de ir para a cama.

Jasim descobriu apenas naquele momento de indignação diante da insolência de Elinor que ele queria deitá-la na cama e fazer amor com ela até fazê-la implorar por mais. Enquanto se esforçava para controlar o desejo feroz que ameaçava o seu autocontrole, Jasim se sentia chocado pela descoberta de uma ameaça tão poderosa. Nenhuma mulher conseguira afetá-lo dessa maneira antes, nem mesmo a jovem com quem ele uma vez planejara se casar.

Contudo, enquanto Jasim assistia a Elinor Tempest empenhar-se em subir os degraus sem oscilar ou tropeçar devido aos efeitos do álcool que havia consumido, ele soube que não teria paz até que conseguisse levá-la para a cama e fazer com que ela fosse sua.

Um dos pés de Elinor, calçado em uma sandália com uma sola fina e escorregadia, deslizou de um degrau e ela cambaleou, ao mesmo tempo em que se agarrava histericamente à sólida balaustrada em busca de suporte.

– Segurança é outro bom motivo para você não se embriagar dessa maneira – suspirou Jasim, enquanto repousava firmemente uma das mãos sobre a base da coluna dela para prevenir que ela caísse escada abaixo.

– Eu não preciso de sua ajuda! – protestou Elinor furiosamente, enquanto retirava as sandálias para se assegurar de que não houvesse nenhum outro acidente. Em seguida, ela pegou as sandálias com nervosismo.

– Aposto que você vai dizer "eu lhe avisei"!

O delicioso aroma do cabelo e da pele dela o inebriaram, deixando-o com ainda mais desejo.

Ele estava convencido de que ela seria uma ardente companheira. O estilo de vestido que ela usava e o seu comportamento já o haviam persuadido de que estaria longe de ser uma inocente. Murad era muito confiável para ser deixado à mercê de seu próprio desejo e das manipulações de uma jovem sedutora. Tentando manter a calma e o controle de sua libido, Jasim pediu que ela subisse as escadas.

– Está certo... Ficarei bem agora – murmurou Elinor assim que alcançou o quarto. Sentindo-se exausta e de mau humor, ela declarou: – Você foi o final perfeito para um aniversário horrível, e agora, por favor, eu gostaria de ficar só.

Recostado no batente da porta, Jasim assentiu com um gesto de cabeça. Ele sentia o desejo pulsar em suas veias. Jasim a queria e, uma vez que a levasse para a sua cama, Murad viraria as costas para ela. Levá-la para a cama não seria o menor sacrifício. Imaginá-la com o cabelo solto e o verde dos olhos brilhando de desejo lhe oferecia o prospecto do prazer mais doce e sensual que ele jamais sonhara que pudesse descobrir em um encontro premeditado.

As necessidades de preservação haviam colocado a emoção da caça fora do alcance de Quaram, e Jasim sentira falta dessa agitação.

Ele descobriu que mal poderia esperar pela conclusão satisfatória desse jogo sexual que prometia ser muito prazeroso. Não lhe ocorreu que ele pudesse falhar em conseguir levá-la para a cama... uma vez que Jasim nunca havia se deparado com uma recusa...

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Mais Novo: Capítulo 6 6   Hoje09:11
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2 Capítulo 2 2
Hoje às 08:28
3 Capítulo 3 3
Hoje às 08:28
4 Capítulo 4 4
Hoje às 08:28
5 Capítulo 5 5
Hoje às 08:28
6 Capítulo 6 6
Hoje às 09:09
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