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Entre Sombras do Passado: Um novo rumo

Entre Sombras do Passado: Um novo rumo

5.0
5 Capítulo
41 Leituras
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Sinopse

Índice

Aurora Vasconcellos sempre viveu sob as rígidas expectativas da elite conservadora. Noiva de um homem que nunca amou e moldada para ser a herdeira perfeita, ela acreditava que sua vida estava traçada-até que um detalhe esquecido em uma antiga carta muda tudo. Um diário escondido no fundo de um baú revela um segredo devastador: Aurora não é filha dos pais que a criaram. Seu passado foi apagado em um incêndio misterioso, e a única pista que restou é um nome perigoso e proibido: Gael Montenegro. Gael é um homem marcado por tragédias. Acusado injustamente de crimes que não cometeu, ele vive nas sombras, buscando justiça pela família que perdeu. Quando Aurora aparece em seu caminho, fingindo ser outra pessoa, ele vê nela tanto uma ameaça quanto um enigma irresistível. Determinada a descobrir a verdade, Aurora se aproxima de Gael sem revelar sua real identidade. Mas quanto mais o investiga, mais se vê atraída por seu mundo perigoso e pelo homem que todos dizem ser um monstro. Enquanto segredos vêm à tona, ela percebe que sua ligação com Gael pode ser mais profunda e sombria do que imaginava. Agora, ela precisa escolher entre a verdade que pode libertá-la ou o amor que pode destruí-los. Mas será que a verdade e o amor podem coexistir quando o passado é feito de mentiras e sangue?

Capítulo 1 Segredo escondido

Aurora Vasconcellos estava acostumada a viver dentro de um mundo perfeitamente controlado. Cada passo seu era planejado, cada palavra, medida. Filha de uma das famílias mais influentes do país, ela sabia que seu destino estava traçado: um casamento de conveniência, uma vida de aparências e o peso de um sobrenome que não permitia falhas.

Mas tudo estava prestes a mudar.

*************

Aurora acordou antes do sol, como de costume. A luz suave que invadia a janela de seu quarto já se misturava com os primeiros raios de uma manhã fria e serena. Seus olhos se abriram lentamente, sem pressa, como se soubessem o que estava por vir. A casa onde morava sempre teve esse poder sobre ela, um silêncio imenso, uma paz superficial, mas que, ao contrário do que muitos pensavam, não a fazia feliz.

O quarto, com móveis de carvalho escuro, tapetes finos e cortinas de linho, era o reflexo perfeito da vida de sua família: perfeita por fora, mas cheia de segredos por dentro. Era uma prisão dourada, onde ela sempre fora o pássaro em uma gaiola bem alimentada, mas sem liberdade. Seu reflexo no espelho, com os cabelos loiros impecáveis e os olhos azuis que herdara da mãe, parecia confirmar tudo o que ela era para o mundo: a herdeira, a noiva ideal, a filha de um legado que nunca questionara.

Aurora levantou-se devagar, como se o peso de suas responsabilidades fosse mais visível a cada passo. Ela vestiu a camisola de seda e se dirigiu até a janela. A casa de seus pais ficava em um terreno vasto, com jardins bem cuidados, fontes de água cristalina e estábulos onde se criavam cavalos de pura raça. A mansão em que viviam era uma obra de arte arquitetônica, projetada para parecer imponente e acolhedora ao mesmo tempo. Mas Aurora nunca se sentiu acolhida ali. Era como se sua vida fosse um roteiro escrito para ela antes mesmo de seu nascimento.

Enquanto observava a vastidão do jardim, uma sensação de desconforto a invadiu. Como se o peso da vida que ela levara até aquele momento estivesse prestes a desmoronar. E, na verdade, estava.

Sua mente vagueou para o homem com quem ela se casaria em breve. Henrique. Ele era tudo o que seus pais esperavam dela. Elegante, educado, e com uma linhagem ilustre. Henrique era o candidato perfeito para perpetuar o nome da família Vasconcellos, e ela deveria ser grata por ele ter escolhido se casar com ela. Mas, no fundo, Aurora sabia que ele não era o homem que ela amava. E mais do que isso, ela não sabia se sequer o amava.

Aquela união era o reflexo de algo maior: o desejo da sua família de manter o controle. Um casamento arranjado. Um símbolo. Ela se sentia desconectada de tudo aquilo. Aurora acreditava que sua vida estava traçada, mas, naquele momento, uma inquietação tomou conta de seu ser, algo que ela não conseguia compreender.

Ao se afastar da janela, o som de seus passos no piso de mármore ressoou pelo corredor silencioso. Ela desceu as escadas de carvalho polido, onde as pinturas antigas de antepassados observavam de maneira rígida e implacável. A casa estava vazia, como sempre nos primeiros momentos da manhã, antes que seus pais e empregados acordassem. Aurora gostava desse silêncio, mas sabia que ele estava prestes a ser quebrado pela rotina monótona da casa.

Foi quando ela entrou na biblioteca, um dos poucos lugares onde se sentia em paz. O ambiente tinha o cheiro acolhedor de livros antigos, couro e madeira envelhecida. A biblioteca, com suas estantes altas, abarrotadas de volumes, parecia ser o único lugar onde Aurora podia se perder e, por um momento, se esquecer de quem deveria ser.

Ali, ela encontrou refúgio. A leitura sempre foi sua fuga, embora soubesse que sua vida não a permitia o luxo de ser mais do que uma leitora ocasional. Seus pais tinham outras expectativas para ela, mas livros eram sua janela para um mundo que não era controlado por ninguém. Com um suspiro, ela se sentou em uma poltrona de veludo vermelho e começou a folhear um volume antigo que havia tirado das estantes na noite anterior.

Era um livro de histórias de família, uma espécie de crônica das gerações passadas dos Vasconcellos, mas com uma curiosidade peculiar: um relato de uma vida que havia sido esquecida, apagada das lembranças da família, como se nunca tivesse existido. Enquanto passava as páginas, um pedaço de papel caiu de dentro do livro. Aurora, curiosa, o apanhou e o desenrolou cuidadosamente.

A carta estava amarelada pelo tempo e parecia ter sido escrita à mão, com uma caligrafia feminina e elegante. O que a fez parar foi o nome que estava no final da carta: Gael Montenegro.

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