o do que nas fotos, o rosto marcado pelo tempo, mas os olhos tinham a mesma intensidade, a mesma sombra. Sofia sentiu a respiração acelerar. O diário ainda estava em suas mãos, a
tas não feitas e respostas não dadas. Quando finalmente chegaram, Sofia sentiu um arrepio percorrer a espinha. A casa era exatamente como se lembrava: velha, de madeira, com a pintura descascada e as janelas empoeiradas. Era como um fantasma do passado, um lembrete do que tentara esquecer. Romulo desceu do carro primeiro. Sofia seguiu, cada passo uma batalha contra o medo. Ele abriu a porta da frente, que rangeu alto, como se a casa estivesse relutante em recebê-los. O interior estava coberto de poeira, os móveis cobertos com lençóis brancos. Tudo parecia congelado no tempo. - Foi aqui que sua mãe decidiu fugir - disse Romulo, a voz ecoando no silêncio. - Foi aqui que tudo desmoronou. Sofia olhou ao redor, cada canto trazendo flashes de memória. Lembrou-se das noites em que se escondia debaixo da cama, do som dos gritos abafados pela parede. - Minha mãe disse que meu pai era perigoso. Violento. E você... - Ela se virou para ele. - Quem era você para ela? Romulo caminhou até uma estante coberta de poeira. Tocou um livro antigo, como se estivesse revivendo algo. - Eu a amei. Mais do que qualquer coisa. Mas Marcelo... ele era meu irmão. Sofia congelou. - O quê? Romulo assentiu. - Marcelo e eu... crescemos juntos. Ele sempre foi o mais forte, o mais admirado. Mas havia coisas nele que ninguém via. Um lado sombrio. Obsessivo. Quando Ana entrou na vida dele, tudo piorou. Sofia sentiu o chão sumir sob seus pés. - Vocês eram irmãos? Por que minha mãe nunca me contou? - Porque não queria que você soubesse o que aconteceu. - Romulo a encarou. - Marcelo não suportava