Sul da Inglaterra, 1878. Quanto mais se odeia uma pessoa, mais elas tendem a se apaixonar. Vítima de uma tentativa de assassinato, Lorenzo Yonnya agora vive nas terras dos Johnleebergs, os arqui-inimigos de sua família. Tendo que lidar com o valente Ethan e com os amorosos e dedicados anfitriões, ele esperava tudo durante sua viagem a La Esperanza, menos se apaixonar de uma forma quente e letal. Ethan, por outro lado, tenta esconder os sentimentos por Lorenzo, mas a aproximação dele com os demais irmãos, gera ciúmes e a união de uma família corre sérios riscos quando, para cessar a rivalidade entre as duas estirpes, selam o casamento entre uma Yonnya e um Johnleeberg. O que era para ser o fim de uma guerra, acaba por aprofundar mais ainda o caos ao perceberem que, na verdade, Lorenzo está vivo e Ethan, seu quase algoz, o amando. Primeiro Livro da Duologia Cowboys Conquistadores.
O Condado de La Esperanza já não era o mesmo há trinta anos, quando uma família caracteristicamente rica e sem escrúpulo algum, resolveu estabelecer-se no local; bem às margens do Rio Elrós, atrás das montanhas cinzentas, onde nem mesmo o mal podia tocar. Contudo, o solo fértil, virgem e sem degradação, obviamente, despertou o interesse descomunal de Sir Johnleeberg, aparentemente um homem ambicioso e leal a um governo tradicional do país, no qual o título de rei servia apenas como enfeite, e os senhores de posse, esses sim, eram quem dominavam.
La Esperanza, porém, tratava-se de um lugar adorável e bastante próspero, tendo como sua principal fonte de renda a agricultura e a pecuária. Situada à margem direita do pequeno Elrós, tornou-se rapidamente o local mais adequado para pessoas ricas lavarem dinheiro ou, até mesmo, investirem em algum negócio fajuto. A região localizada na esbelta Inglaterra, virou um ponto de comércio e quando Sir Johnleeberg, na época um rapaz viril e de atitude, tomou conhecimento disso, casou-se depressa e deixou Londres na tentativa desesperada de acumular um império.
Quando colocou os pés em La Esperanza, um povoado de pessoas gentis, a maioria já havia estabelecido uma união com o Sr. Brad Yonnya, muito conhecido na região e o qual possuía a maior parte das terras e empregou nela mais da metade do vilarejo. Desacreditado em seu próprio potencial, Sir Johnleeberg, apenas tratou de se estabelecer em Nova Rye, e aos poucos foi iniciando um negócio. Começou plantando cana-de-açúcar, mesmo na época tendo o Brasil como único exportador para a Europa. Os primeiros anos de sua estadia naquele lugar trouxeram prejuízos irreversíveis. Havia perdido muita grana e a crise e o casamento com Emma, também ia de mal a pior.
Observou atentamente os passos do vizinho e tentou fazer a mesma coisa: contratou gente de várias partes da região e comprou mil cabeças de gado e como o rio e o pasto colaboraram demais, Sir Johnleeberg cresceu apressadamente e chegou a competir de perto com as fazendas dos Yonnyas. Arrecadou milhões com os investimentos e a relação junto de Emma, também fortificou-se. Juntos tiveram quatro filhos: três homens e uma mulher. Calum, o mais velho, Bryan, o segundo, Ethan e a caçula da família, Christina.
De todos os filhos, Christina era a mais bondosa. Porém, antes de chegarmos a esta parte, é necessário saber que a disputa entre Yonnyas e Johnleebergs, teve início no décimo ano da chegada de Sir Ryan, em La Esperanza; muitos contam a história, mas poucos realmente sabem o motivo principal, o manto dela.
A cisão aconteceu em meados de abril, do ano de 1869, após uma grave doença atingir os animais de Sir Johnleeberg, levando a maioria das criações. Convicto de que havia sido armado, declarou à guerra. E muitos inocentes pagaram o preço descomunal da ambição. Em La Esperanza, haviam os pró e contra as duas famílias e outros interessavam-se até demais na rivalidade.
Alguns até achavam que esse atrito duraria pouco, mas lá haviam se passado trinta anos. Três décadas de intensa rixa. Trinta anos de dor. Trinta anos de sangue e desolação. Trinta primaveras vermelhas. Trinta outonos negros. Trinta inverno de neve e chuva. Trinta verões de fúria!
Yonnyas e Johnleebergs eram como óleo e água, incapazes de misturar-se. O tempo tornou-se a razão do pecado; e divididos por uma cerca, mal encaravam-se. E que quando se esbarravam em alguma taverna, nada bom podia acontecer.
Sir Ryan Johnleeberg, morreu. Mas a sede de vingança se multiplicava nos corações de seus filhos, principalmente, no de Ethan, o mais parecido com o pai.
E é com ele que essa história começa.
Caía uma chuva levemente nos campos verdejantes de La Esperanza. Era manhã e soprava um vento frio vindo do rio, trazendo uma sensação de paz no corpo de Ethan que mantinha-se sentado numa poltrona no Casarão da família Johnleeberg, em Nova Rye, como o povo da região conhecia a fazenda. Os bois pastavam na maior calmaria, sem se importar com a água a qual descia dos céus cinzentos daquele inverno e corria livremente pelo pasto, encharcando seus corpos. Ethan acompanhava impassível o momento, mas seus olhos azuis corriam depressa. O charuto entre os dedos e a fumaça que emergia dele, fazia contraste ao ambiente monótono. O chapéu country permanecia sobre as coxas, enquanto as pernas achavam-se cruzadas.
O olhar cruel continuava atento. O silêncio passou a ser habitual na moradia dos Johnleeberg após a morte de Ryan, o patriarca daquela estirpe.
Junto de Ethan, estavam Calum e Bryan, que bebiam cerveja e conversavam entre si, mas o assunto agradava pouco e não entretia o jovem de vinte e dois anos; que permaneceu imóvel na cadeira de balanço.
O dia corria lentamente. Os galhos das árvores balançavam com o efeito matinal do vento e os pequenos caminhos de águas se encontravam junto ao chão e seguiam viagem até as margens de Elrós, impassível e majestoso em seu local de descanso. O verão tivera sido proveitoso para os irmãos, adquiriram mais terras um pouco ao Norte, estabelecendo assim, uma aliança com demais famílias de fazendeiros.
No remanso, podia-se ouvir os animais. Galos entoavam seus cânticos nos galinheiros, porcos grunhiam nos imensos chiqueiros e ainda sobrava tempo para contemplar o relinchar dos cavalos. Sir Ethan, amava o som das criaturas, mas foi o rosnar de Billy, um pastor-alemão, que chamou rapidamente a atenção do jovem, pois sabia ali que sua protegida, Christina, havia retornado bem da escola em Allemand, uma cidadezinha, no entanto, de ensino avançado. O alívio de vê-la tranquila, sem arranhões, tirava um peso enorme das costas, pois sua mãe, a Sra. Johnleeberg, era contra sua caçula ir a lugares distantes quando, os irmãos, poderiam muito bem contratar um professor particular de Londres.
Billy era o xodó de Cristina, e ao vê-la chegando na carruagem da família, esboçou simpatia. Apesar dele ser agressivo quando mais filhote, agora parecia ser um animal dócil, tranquilo e sem embargo. Além de inteligente e leal. Billy entrou para a família Jonhleeberg, há sete anos, um presente do Sr. Ryan, a Cristina. Contudo, os demais filhos mostravam apreço imensurável pelo cão e vice-versa.
Christina colocou os pés para fora da carruagem, sendo guiada logo após, pelos braços torneados e viris de Calum, o irmão mais velho, recebido por ela com um beijo confortante nas maçãs do rosto; aproveitando assim, para sorrir e matar a saudade de quase um ano sem vê-la.
Christina entrou na varanda e Bryan, o segundo a abraçá-la, certificou-se se estava tudo bem com a irmã, percebendo sua curiosidade, saciou dizendo que estava se sentindo ótima.
- Ó, Ethan - disse ela, sorrindo - Estava com tanta saudade de você, maninho.
E jogou-se sobre seu colo na cadeira, beijando-o de forma carinhosa, bagunçando seus cabelos antes devidamente penteados.
- Confesso que também, irmã - asseverou o loiro, complacente - E como você cresceu tanto em um ano? Se comportou?
Cristina esboçou um ávido sorriso, mostrando a perfeição de seus dentes brancos.
- Srat. Amber, mandou-lhes as notas, obviamente me comportei - assegurou Christina, respondendo a primeira pergunta de Ethan, em seguida. - E, sim, cresci; mas vocês também estão lindos.
Calum lançou-lhe uma piscadela.
- Não tanto quanto nossa preferida! - Exclamou Bryan.
- Muito engraçadinho, Bryan. Está a brincar com fogo, por acaso? - Perguntou a jovem menina. - E falando em fogo, cadê nossa mãe?
- Suponho que na sala de costuras - respondeu Calum - Ou na horta, talvez! Não sei lhe informar, princesa.
Obviamente, ficou evidente a preferência dos irmãos. Eles passaram a ver Christina como a fortuna inegociável da família, sendo assim, o cuidado logo estreitava-se aos relacionamentos da garota. Não, eles não eram ciumentos, nunca foram. Eram zelosos, prezavam pela constante boa fama da moça, e diziam-se ser abertos em relação ao seu relacionamento de infância com Harry, filho de Dylan, supervisor de vendas da fazenda.
- Estou morrendo de fome...
- Que bom, porque pedimos para a Kayla fazer aquele frango assado que você adora - assegurou Bryan, todo sorridente. - Ah, mas antes disso, discutimos pois cada um queria mandar ela preparar seu prato favorito é, óbvio, eu ganhei.
- Trapaceou - lembrou Calum -, porque o prato favorito dela é strogonoff de frango, não ele assado.
- Totalmente enganado, Cal. Christina odeia ambos os pratos, come porque tem fome, e cismo em dizer que ela ama guisado de carne e arroz solto. Estou certo, irmãzinha?
- Os três estão errados! Minha princesa ama comer peixe com batata frita.
A Sra. Johnleeberg, apareceu inusitadamente na porta, observando a filha mais nova sentada confortavelmente no colo de Ethan. Ao ver a mãe, Christina correu para abraçá-la e, juntas, unidas por um laço eterno, choraram de felicidade.
- Oh, minha princesa - segura com as mãos no rosto da filha e prosseguiu. - Sentir muito a sua ausência, e mesmo com esse monte de macho, vê-la e tê-la aqui, é agradável, reconfortante, chegando a ser imensurável.
Os sinônimos que Lady Emma cuspia para se referir ao retorno de Christina, fizeram os irmãos trocar olhares compulsivos, redondamente ciumentos. Emma, contudo, estava feliz pela casa cheia e porque sua companheira, finalmente, regressara. Na pior das circunstâncias, os Johnleebergs compreendiam a necessidade de estar próximo um do outro, afinal, Ryan sempre desejou assim.
Tanto Calum, quanto Bryan e Ethan, nunca ficaram brigados por mais de um dia; Ryan Johnleeberg prezava, acima de tudo, pela paz entre seus herdeiros, mesmo que, em certas ocasiões, também pregasse e alimenta o ódio inerente pelos Yonnyas. Yonnyas estes, muito audaciosos.
A família estava, enfim, junta novamente. A última vez que estiveram assim, choravam pela partida de Ryan, há quase dois anos. O episódio ainda insistia em fazer-se presente, só que Lady Emma, tentava o impossível para não haver cisões como ocorreu vinte invernos atrás.
Os cinco entraram pela enorme porta feita de carvalho. A casa em si fora construída da mesma madeira, só que a maior parte tinha sido fomentada de tijolos e argila. Era como se fosse um chalé de telhado negro, só que bem maior; pintado de cinza e com acabamento perfeito.
Por dentro, o imóvel mantinha-se em harmonia. O teto forrado de roble, com móveis confeccionados à madeira envelhecida; paredes pintadas de branco-sujo, contrastando perfeitamente ao sofá em tecido na cor pastel, num canto da casa.
Havia poltronas estofadas, materiais antigos pendurados nas taipas, quadros caríssimos fazendo jus a posição da família Johnleeberg na sociedade. Era impossível de deixar passar a enorme lareira, a qual aquecia os cômodos da mansão e a lenha queimava como um milagre divino. Uma tela de um pintor famoso da época, localizava-se acima deste borralho. Um criado-mudo, redondo, com suspensórios em ferro, jazia no meio da enorme sala de jantar; com certos livros encadernados a mão, sobre ele. Além, claro, de um vaso com flores.
À direita dessa lareira inglesa antiga, um armário com os lados em madeira, portas e gavetas de vidro, mantinha-se intocável. Apenas alguns materiais de coleção podiam ser notados nas suas prateleiras. A esquerda, porém, somente uma estante não muito grande suportava o peso cruel do saber: livros, cadernos e etc.
O contraste do lado de fora com o visto dentro, era descomunal. No ambiente livre, isento de materiais e apego humano, estavam enormes árvores, gramas verdinhas, flores de variadas espécies - poucas por causa do inverno -, mas ainda assim, tinha vida. Vida e luxo, dois aliados um tanto perigosos naquelas bandas.
A Sra. Emma Johnleeberg, havia pedido para suas empregadas servirem o almoço. Sentaram-se à mesa, todos devidamente higienizados.
Emma, como chefe da família, sentou-se na cabeceira. Do lado esquerdo: Ethan e Christina, enquanto Calum e Bryan, na direita. Havia se tornado um ritual naquela moradia, pois antes de Ryan morrer, ele quem sentava por direito ali, de frente para todos, e esse papel importante cabe agora à sua viúva, Emma.
- Fez muitas amigas na escola, Christina? - Calum perguntou.
A irmã mastigou o alimentou e depois de dois segundos, respondeu:
- Poucas... eram bem chatinhas, a propósito.
Os meninos riram alto.
- Harry está viajando, acho que chega no dia nove - disse Bryan, para o suspiro sereno da irmã. - Ainda sente algo por ele?
- Essa não é uma pergunta que se faça na hora do almoço, filho - repreendeu Emma.
- Está tudo bem, mãe. E respondendo sua curiosidade, talvez não.
Calum ergueu uma sobrancelha, mesmo gesto que Ethan fez.
- Vamos deixar este assunto para outro dia - discorreu a matriarca - Hoje queremos celebrar seu retorno.
Bryan, que havia puxado o assunto, levantou sua taça com vinho no ar, e seus irmãos e a própria mãe fizeram o mesmo. Vários assuntos foram discutidos, porém, Christina tocou em um que raramente deixava a família sossegada: Yonnyas. Conhecidos naquelas terras por sua esperteza em se dar bem na vida, trapaceando seus adversários.
- Resolveram suas desavenças com nossos vizinhos? - Ela perguntou.
Johnleebergs não considerava Yonnyas, seus adjacentes. Mas inimigos, seres petulantes e imorais. Conquanto, diferente dos demais irmãos, Christina pensava diferente.
- Nossas desavenças? - desdenhou Ethan. - Eles devem morrer, são ruins demais para prosseguir respirando o ar da atmosfera.
- Eu aprendi o valor da vida, Ethan. Nós somos tão errados quanto eles! - Exclamou Christina.
- Você está errada por falar dessa maneira. Quantos amigos nossos tivemos que enterrar por causa deles, me diz?
- E vamos continuar sepultando e chorando se não dermos um basta! Chega dessa cisão boba, irmãos. Vamos tentar viver em harmonia, quem sabe assim não prosperamos adequadamente.
- Sua forma de pensar é infantil demais, irmã - comentou Calum - Espero que a vossa ingenuidade não nos leve para o buraco.
Christina suspirou fundo, fechando os olhos e limpando os lábios levemente rosados.
- Obrigado pela recepção. Vou para meu quarto. Tenham uma boa tarde!
A garota deixou um beijo nos cabelos grisalhos de sua mãe e saiu pisando firme rumo ao quarto.
Na sala-de-estar, o olhar de reprovação aos três era evidente demais. Emma abandonou a refeição. O apetite lhe foi roubado em poucos minutos de conversa, mas a forma como agiram contra a irmã, tornou-se imperdoável.
- Vão os três e peçam perdão a ela!
O raro tom mais grave foi novamente ouvido. Ninguém se opôs, nem mesmo o mais velho, pois foi o primeiro a se levantar, acompanhado de Bryan e, preguiçosamente, Ethan. A briga entre si estava associada a um pecado, e Lady Emma podia ser tudo, menos imoral a ponto de concordar com tamanha desavença.
Os três, evidentemente, também sentiram a pressão após o susto, entretanto, amavam a irmã acima de tudo.
Os quartos do casarão ficavam no segundo piso, levado por uma escadaria contrastante, combinando perfeitamente com o piso, balaustrada entre o branco e um vermelho escuro.
O aposento de Christina era o primeiro. A porta de carvalho parecia estar trancada por dentro; Calum já suspeitava, mas fez questão de certificar-se. Ele bateu três vezes na madeira e esperou durante quatro segundos... sem respostas. Tentou novamente, porém entendia as razões pelas quais a irmã insistia em permanecer chateada. Logo após, falhamente, Bryan tentou a sorte, e sobrou para Ethan, reverter o equívoco.
- Princesa? Está me ouvindo? - ele perguntou. Aguardou qualquer posicionamento mais nada. Tentou de novo - É, pois é, como sempre você tem razão. Nossas diferenças com os Yonnyas é de longa data, é complicado resolver atritos de quase uma vida; papai tentou e falhou miseravelmente. Me responda como conseguiria fazer isto?
Dois segundos se passaram.
- Se fosse menos idiota, talvez soubesse - respondeu Christina.
Os três sorriram baixinho.
- E que tal abrir a porta para seus irmãos entrarem? - Bryan foi solícito na pergunta.
- Vou pensar no caso de vocês, mas eu preciso descansar agora. Talvez mais tarde quando o sangue que corre por suas veias não falarem por garotos crescidos e estudados - respondeu a menina.
- Então você nos perdoa? - Calum quis saber.
- Talvez! Mas, para que isso ocorra, terão que vir aqui mais tarde e, somente então, verei se posso perdoá-los.
Nenhum outro questionamento feito pelos três rapazes, foi respondido após a petição da irmã. Para o azar de ambos e o sorriso estranho de Emma, a quem eles temeriam logo quando voltassem à sala-de-estar.
Ao retornarem, evidentemente, foram inquiridos pela mãe:
- Ela aceitou assim, rápido os pedidos de desculpas?
Lady Johnleeberg, felizmente, era uma mulher sábia. Não possuía tanta hipocrisia quanto comentavam nos bares e tavernas de La Esperanza; e testemunhou, severamente, que a sua filha não tivera perdoados como a mesma havia previsto. Contanto, preferiu ouvir da boca de seus herdeiros aquilo que suspeitava: que ambos eram tolos!
Calum, por ser o mais velho, respondia pelo restante.
- Não! - ele foi evasivo na resposta. Emma apenas balançou a cabeça negativamente enquanto o filho concluía - Mas, segundo ela, falará conosco mais tarde.
Bryan, Calum e Ethan, estavam um ao lado do outro, tecnicamente achando-se irrelevantes em certas circunstâncias.
- Melhor assim - bradou a cordial senhora, silenciosamente - A chuva já deu uma trégua, podem retornar aos afazeres. Onde está Dean, Ethan?
- Em serviço, suponho!
Dean, como conheciam Zak Woodrow, era um rapaz de atitude muito suspeita na região. Mesmo com alguns crimes pesando sobre suas costas, os Johnleeberg, imediatamente, passaram a simpatizar com vossa pessoa. Emma, porém, o achava relevante, problemático e sociopata, como o chamou uma vez.
Zak Woodrow não viera daquelas bandas. Forasteiros e andarilhos procuravam comentar sobre sua má fama em Londres, e em como era hábil em roubar e matar pessoas. Mesmo ainda nem tendo chegado aos trinta, evidentemente, deixou para trás um rastro impiedoso e vermelho. Dean - como passou a se apresentar -, modestamente fazia o papel sujo dos Johnleeberg. A ovelha negra de La Esperanza.
O rosto bonito e a inteligência elevada à leveza de seus belos olhos verdes, às vezes colabora em deixar invisível a podridão de sua alma. Aos vinte e sete anos, aquele jovem alto, forte e de aparência nobre, tivera se tornado um matador preciso a quem lhe pagasse mais caro pelos serviços.
Ele chegou em La Esperanza se intitulando Dean Mendes, um Irlandes, mas com poucas riquezas, à procura de trabalho honesto. Os Johnleebergs, na época geridos por Ryan, o aceitavam na fazenda, exceto Kayden, primo de Harry, que sabendo da história de um serial-killer de Londres, rondando a região, procurou aprofundar-se numa infeliz investigação que lhe custou a vida.
Em um dia comum, no entanto, a única pista sobre o assassino de Kayden veio à tona. Um objeto familiar e raro. Tratava-se de um anel deixado por sua mãe semanas antes de morrer, encontrado por Ethan, na jaqueta do jovem três meses mais tarde. Tendo que confessar o crime ao patrão, Zak revelou a horrenda história que o trouxe para La Esperanza, nos confins da Inglaterra.
Desde esse dia, Dean, como o restante da família o conhecia, passou a fazer certos afazeres em nome de Ethan. Talvez a única pessoa que realmente soubesse a real identidade do andarilho naquele condado.
A dupla identidade de Zak, porém, levantava suspeitas na região, mas não em Vila-Formosa, a fazenda ilustre dos Yonnyas, onde trabalhava como peão.
Sendo os ouvidos e olhos de Ethan, Zak compartilhava com o rapaz todos os movimentos dos arqui-inimigos. Era tão próximo de Sr. Yonnya, mais que seus próprios filhos. A lábia afiada e a sabedoria extrema, impressionaram o fazendeiro de uma forma inevitável. Contudo, Marcus mal podia enxergar o veneno que Zak expelia e onde este homem chegava, sangue era derramado. Pois ele carregava consigo à própria morte.
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