Pegou tudo? - perguntou Jamie, parada no meio do hall de entrada da casa dos meus pais, roendo as unhas. Quando seus belos olhos azuis sorriram para mim, pensei na sorte que tinha por ela ser minha. Fui até ela e a abracei, apertando seu corpo mignon junto ao meu. - Peguei. É isso, meu amor. A hora é essa. Ela entrelaçou os dedos na minha nuca e me beijou. - Estou tão orgulhosa de você. - De nós - eu a corrigi. Depois de tantos anos vivendo de planos e sonhos, meu objetivo de criar e vender minhas próprias peças de mobília artesanal estava prestes a se tornar realidade. Eu e meu pai, que também era meu melhor amigo e sócio, estávamos a caminho de Nova York para uma reunião com alguns empresários que se mostraram muito interessados em investir em nosso negócio. - Sem o seu apoio, eu não seria nada. Essa é a nossa chance de conseguir tudo que a gente sempre sonhou. Ela me beijou de novo. Nunca imaginei que pudesse amar alguém tanto assim. - Antes de ir, é melhor saber logo que a professora do Charlie me ligou. Ele arranjou confusão na escola outra vez. O que não me surpreende, já que puxou tanto ao pai... Sorri. - O que ele aprontou agora? - Segundo a Sra. Harper, ele disse para uma menina que zombava dos óculos dele que esperava que ela engasgasse com uma lagartixa, já que ela se parecia com uma. Que engasgasse com uma lagartixa. Dá pra acreditar? - Charlie! - chamei. Ele veio da sala de estar com um livro nas mãos. Não estava de óculos, e eu sabia que era por causa do bullying. - Que foi, pai? - Você disse para uma menina que queria que ela se engasgasse com uma lagartixa? - Disse - confirmou ele, como se não fosse nada de mais. Para um menino de 8 anos, Charlie parecia se preocupar muito pouco com a possibilidade de deixar os pais irritados. - Cara, você não pode dizer uma coisa dessas. - Mas, pai, ela tem mesmo cara de lagartixa! - retrucou ele. Tive que me virar para disfarçar a risada. - Vem aqui e me dá um abraço. Ele me abraçou apertado. Eu ficava apavorado ao pensar no futuro, no dia em que ele não quisesse mais abraçar o velho pai. - Vê se você se comporta enquanto eu estiver fora. Obedeça à sua mãe e à sua avó, está bem? - Tá, tá... - E coloque os óculos pra ler. - Por quê? Eles são ridículos. Eu me agachei, o dedo em riste tocando o nariz dele. - Homens de verdade usam óculos. - Você não usa! - reclamou Charlie. - Tá, alguns homens de verdade não usam. Só ponha os óculos, tá legal? Ele resmungou antes de sair correndo para a sala. Eu ficava feliz por ele gostar mais de ler do que de jogar videogame. Sabia que ele havia herdado da mãe, bibliotecária, o amor pela leitura. Mas, no fundo, sempre achei que o fato de eu ter lido para ele durante a gravidez também influenciou um pouco sua paixão por livros. - O que vocês pretendem fazer hoje? - perguntei a Jamie. - À tarde vamos ao mercado central. Sua mãe quer comprar flores. Provavelmente também vai comprar alguma bobagem para o Charlie. Ah, já ia esquecendo... Zeus mastigou seu Nike favorito. Vou tentar comprar um novo. - Meu Deus! De quem foi a ideia de termos um cachorro? Ela riu. - Sua. Eu nunca quis um, mas você nunca soube dizer não a Charlie. Você e sua mãe são muito parecidos. - Ela me beijou novamente antes de me entregar minha bolsa. - Tenha uma ótima viagem e transforme nossos sonhos em realidade. Eu a beijei de leve e sorri. - Quando eu voltar, vou construir a biblioteca dos seus sonhos. Com aquelas escadas altas e tudo mais. E depois, vou fazer amor com você entre a Odisseia e O sol é para todos. Ela mordeu o lábio. - Promete? - Prometo. - Me liga quando pousar, tá? Fiz que sim com a cabeça e saí de casa para encontrar meu pai, que já estava no táxi, me esperando. - Tristan! - chamou Jamie, enquanto eu guardava a bagagem no porta-malas. Charlie estava ao seu lado. - Sim? Eles colocaram as mãos em torno da boca e gritaram: - NÓS TE AMAMOS. Sorri e disse o mesmo para eles, em alto e bom som. Durante o voo, meu pai não parava de dizer que essa era nossa grande oportunidade. Quando aterrissamos em Detroit para aguardar a conexão, pegamos o celular para dar uma olhada nos e- mails e enviar notícias para minha mãe e Jamie. Assim que ligamos os telefones, nós dois recebemos um bombardeio de mensagens da minha mãe. Soube instantaneamente que alguma coisa estava errada. Senti um frio na barriga e quase deixei o telefone cair enquanto eu lia. Mãe: Aconteceu um acidente. Jamie e Charlie não estão bem. Mãe: Venham para casa. Mãe: Rápido!!! Num piscar de olhos, num breve momento, tudo que eu sabia sobre a vida mudou.
Todas as manhãs, leio cartas de amor escritas para outra mulher. Nós duas temos muito em comum:
os olhos cor de chocolate e o mesmo tom de loiro no cabelo. Também temos a mesma risada: discreta
no início, mas que se torna mais alta quando estamos na companhia das pessoas que amamos.
Quando ela sorri, ergue o canto direito da boca, exatamente como eu.
Encontrei as cartas na lixeira, dentro de uma caixa de metal em formato de coração. Centenas
delas. Algumas longas, outras mais curtas; algumas felizes, outras incrivelmente tristes. Pelas datas,
são muito antigas. Bem mais velhas do que eu. Algumas assinadas por KB, e outras, por HB.
Imaginei como meu pai se sentiria se soubesse que mamãe havia jogado tudo fora.
Mas, ultimamente, tem sido difícil para mim imaginar que ela já foi como aquela carta.
Inteira.
Completa.
Parte de algo esplêndido.
Agora, ela parecia ser exatamente o oposto.
Acabada.
Incompleta.
Sozinha o tempo todo.
Depois que meu pai morreu, mamãe se tornou uma vadia. Não existe modo mais educado de
dizer isso. Não foi de uma hora para outra, apesar de a Srta. Jackson - a vizinha do final da rua -
ter espalhado para um monte de gente que minha mãe abria as pernas para todo mundo antes mesmo
que meu pai nos deixasse. Eu sabia que não era verdade, pois nunca me esqueci de como ela olhava
para ele quando eu era criança. Era como se ele fosse o único homem na face da Terra. Sempre que
ele tinha que sair bem cedo para trabalhar, a mesa do café já estava posta, e o almoço, pronto, para
ele levar. Ela até preparava uns lanchinhos, porque meu pai vivia reclamando que sentia fome entre
as refeições, e mamãe sempre se preocupava em fazer com que ele se alimentasse bem.
Papai era poeta e dava aulas em uma universidade que ficava a uma hora da nossa casa. Não foi
surpresa descobrir que eles trocavam cartas de amor. Palavras eram o ponto forte dele, sua grande
vantagem. E mesmo não sendo tão boa quanto o marido, minha mãe conseguia expressar tudo o que
sentia em cada carta que escrevia.
De manhã, quando ele saía de casa, ela cantarolava e sorria enquanto limpava a casa e me
arrumava. E falava dele, dizendo o quanto o amava, como sentia sua falta e que escreveria uma carta
de amor antes que ele voltasse, à noite. Quando ele chegava em casa, mamãe sempre o servia com
duas taças de vinho, e então era ele quem cantarolava a música favorita dos dois e beijava a mão
dela. Eles riam juntos e cochichavam como adolescentes que estão vivendo seu primeiro amor.
- Você é meu amor eterno, Kyle Bailey - dizia ela, enquanto o beijava.
- Você é meu amor eterno, Hannah Bailey - respondia ele, girando-a em seus braços.
O amor dos dois era capaz de provocar inveja até nos contos de fada.
Quando papai morreu, naquele dia abafado de agosto, uma parte de minha mãe também se foi.
Lembro-me de ter lido um romance em que o autor dizia algo do tipo: "Nenhuma alma gêmea deixa
esse mundo sozinha. Ela sempre leva consigo um pedaço de sua outra metade." Odiei aquilo, pois
sabia que era verdade. Minha mãe ficou enclausurada em casa por meses. Eu a obrigava a se
alimentar todos os dias, na esperança de que ela não definhasse de tanta tristeza. Nunca a tinha visto
chorar até aquele momento. Não demonstrava minhas emoções quando estava perto dela, pois sabia
que isso só a deixaria mais triste.
Eu já chorava o suficiente quando ficava sozinha.
Quando finalmente saiu da cama, foi para ir à igreja. Eu a acompanhei durante algumas semanas.
Lembro-me de me sentir totalmente perdida, aos 12 anos, sentada no banco de uma paróquia. Nunca
fomos uma família religiosa, só rezávamos quando algo de ruim acontecia. Nossas visitas à igreja
não duraram muito tempo, pois mamãe chamou Deus de mentiroso e desrespeitou os fiéis, dizendo
que deveriam parar de perder tempo, de ser enganados com esperanças vazias e inúteis de uma terra
prometida.
O pastor Reece pediu que ficássemos algum tempo sem aparecer. Pelo menos até as coisas se
acalmarem.
Até então, nunca tinha passado pela minha cabeça que alguém pudesse ser banido de um templo
sagrado. Quando o pastor dizia "venham todos", acho que não estava se referindo a "todos" de fato.
Recentemente, mamãe adotou outro passatempo: homens diferentes em curtos intervalos de
tempo. Uns para dormir, outros para ajudar a pagar as contas. E há ainda aqueles que ela gosta de
manter por perto em momentos de solidão, ou também porque lembram meu pai. Alguns ela até
chama de Kyle. Agora à noite havia um carro parado em frente a nossa casa. Azul-escuro, com alguns
cromados e bancos de couro vermelho. Dentro dele, um homem estava sentado com um charuto na
boca, minha mãe no colo. Pareciam ter acabado de sair dos anos 1960. Ela ria baixinho enquanto ele
sussurrava algo em seu ouvido, mas não era o mesmo tipo de risada da época do papai.
Era vazia, frívola e triste.
Dei uma olhada na rua e vi a Srta. Jackson cercada de outras fofoqueiras, apontando para mamãe
e o homem da semana. Queria ouvir o que elas diziam e mandar que ficassem quietas, mas elas
estavam na calçada oposta. Até mesmo as crianças que brincavam de bola na rua, driblando alguns
gravetos, observavam os dois com os olhos arregalados.
Carros caros como aquele nunca transitavam numa rua como a nossa. Tentei convencer minha
mãe a se mudar para uma vizinhança melhor, mas ela se recusou. Na época, achei que era porque ela
e papai tinham comprado a casa juntos.
Talvez ela não tivesse se esquecido completamente dele.
O homem soltou a fumaça do charuto no rosto dela, e os dois riram. Mamãe usava seu melhor
vestido: amarelo, tomara-que-caia, com cintura justa, saia rodada. A maquiagem era tão pesada que a
fazia parecer ter 30 e poucos anos, em vez de 50. Ela era bonita sem toda aquela porcaria na cara,
mas dizia que se maquiar transformava uma menina em mulher. O colar de pérolas era da minha
avó, Betty. Eu nunca a vi usar aquele colar com um estranho, e não entendi o porquê de ela fazer isso
agora.
Os dois olharam na minha direção, e me escondi na varanda, de onde continuei espiando-os.
- Liz, se você está tentando se esconder, pelo menos faça isso direito. Venha aqui conhecer meu
novo amigo - falou minha mãe bem alto.
Saí de trás da pilastra e caminhei na direção dos dois. O homem soprou a fumaça mais uma vez e,
conforme eu me aproximava, observando seus cabelos grisalhos e seus olhos azul-escuros, o cheiro
do charuto chegou ao meu nariz.
- Richard, esta é a minha filha, Elizabeth. Mas todo mundo a chama de Liz.
Richard me olhou de cima a baixo, o que fez com que eu me sentisse um objeto. Ele me analisou
como se eu fosse uma boneca de porcelana prestes a se quebrar. Tentei disfarçar o desconforto, mas
não consegui, então baixei os olhos.
- Como vai, Liz?
- Elizabeth - corrigi, ainda olhando para o chão. - Só os mais íntimos me chamam de Liz.
- Liz, isso não é jeito de falar! - repreendeu minha mãe, franzindo a testa e deixando as rugas à
mostra. Ela não teria falado dessa forma se soubesse que isso acentuava as linhas de expressão em
seu rosto. Eu odiava quando um homem novo aparecia e ela sempre escolhia ficar do lado dele e não
do meu.
- Tudo bem, Hannah. Além do mais, ela está certa. Leva tempo para conhecermos alguém. E
apelidos têm que ser merecidos. Não são oferecidos a troco de nada.
Havia algo nojento na forma como Richard me encarava e baforava seu charuto. Eu usava uma
calça jeans larga, com uma camiseta bem grande, mas, mesmo assim, me sentia exposta.
- A gente está indo à cidade comer alguma coisa. Quer ir? - convidou ele.
- Emma ainda está dormindo - recusei. Olhei em direção à casa, onde minha menininha estava
deitada num sofá-cama. Nós duas já o dividíamos há um bom tempo, desde que viemos para a casa
da minha mãe.
Ela não foi a única que perdeu o amor de sua vida.
Eu tinha esperanças de não acabar como ela.
Esperava ficar só na fase da tristeza.
Steven tinha morrido há um ano, e eu ainda tinha dificuldade para respirar. Emma e eu
morávamos em Meadows Creek, no Wisconsin, nossa casa de verdade. O lugar foi reformado, e nós
o transformamos em um lar. Foi ali que eu e Steven nos apaixonamos, brigamos e fizemos as pazes
inúmeras vezes.
Bastava a nossa presença para tornar a casa um lugar aconchegante. Mas, depois que Steven se foi,
parecia que uma nuvem escura pairava sobre ela.
Foi no hall de entrada que ficamos juntos pela última vez. Seu braço envolvia minha cintura, e
nós achávamos que nos lembraríamos daquele instante para sempre.
Mas o "para sempre" foi bem mais curto do que todos imaginavam.
Durante muito tempo, a vida seguiu seu curso, até que, um dia, tudo ruiu.
Eu me senti sufocada pelas lembranças e pela tristeza, e então corri para a casa da minha mãe.
Voltar ao nosso lar significava encarar a verdade: ele não estava mais entre nós. Por mais de um
ano, vivi um faz de conta, fingindo que ele tinha saído para comprar leite e que voltaria a qualquer
momento. Todas as noites, quando me deitava, ficava do lado esquerdo da cama e fechava os olhos,
imaginando que Steven estava ali comigo.
Mas minha filha merecia mais do que isso. Minha pobre Emma precisava de mais do que um sofá-
cama, homens estranhos e vizinhos fofoqueiros dizendo coisas que uma garotinha de 5 anos nunca
deveria ouvir. Ela também precisava de mim. Eu estava vagando pela escuridão, não era a mãe que
ela merecia. Enfrentar as lembranças do nosso lar talvez me trouxesse paz.
Voltei para dentro de casa e olhei para meu anjinho dormindo, seu peito subindo e descendo em
um ritmo perfeito. Nós duas temos muito em comum: as covinhas na bochecha e o mesmo tom loiro
no cabelo. Também temos a mesma risada: discreta no início, mas que se torna mais alta quando
estamos na companhia das pessoas que amamos. Quando ela sorri, ergue o canto direito dos lábios,
exatamente como eu.
Mas tínhamos uma grande diferença.
Os olhos dela eram azuis como os dele.
Deitei-me ao lado de Emma, beijando suavemente seu nariz. Depois, peguei a caixa no formato de
coração e li mais uma carta. Já tinha lido aquela antes, mas mesmo assim ela tocou minha alma.
Às vezes, eu fazia de conta que as cartas eram de Steven.
E sempre derramava algumas lágrimas.
Capítulo 2
Elizabeth
- Vamos mesmo pra casa? - perguntou Emma de manhã, sonolenta, quando a luz entrou pela
janela, iluminando seu rostinho. Tirei-a da cama, peguei Bubba, seu ursinho e companheiro de todas
as horas, e fiz os dois se sentarem na cadeira mais próxima. Bubba não era simplesmente um ursinho
de pelúcia, era um ursinho-zumbi. Minha garotinha era um pouco diferente, e, depois de assistir ao
Hotel Transilvânia, cheio de zumbis, vampiros e múmias, ela decidiu que adorava coisas estranhas e
assustadoras.
- Vamos, sim - respondi, sorrindo ao fechar o sofá-cama. Não consegui dormir a noite toda e
fiquei arrumando nossas coisas.
Emma estava com um sorriso bobo no rosto, igualzinho ao do pai.
- Oba! - exclamou, contando a Bubba que íamos para casa.
Casa.
Sentia uma pontada no coração cada vez que ouvia essa palavra, mas continuei sorrindo. Aprendi
que tinha que sorrir na frente de Emma, porque ela acabava ficando triste quando percebia que eu
estava mal. Nesses momentos ela me dava os melhores beijos de esquimó, mas esse era o tipo de
responsabilidade que ela não precisava ter.
- Acho que vamos chegar a tempo de ver os fogos no telhado. Lembra quando fazíamos isso
junto com o papai? Lembra, lindinha? - perguntei.
Ela estreitou os olhos, tentando se lembrar. Como seria bom se nossa mente funcionasse como um
grande arquivo e pudéssemos simplesmente reviver nossos momentos favoritos a qualquer instante,
escolhendo-os num sistema bem-organizado.
- Não lembro - respondeu ela, abraçando Bubba.
Aquilo partiu meu coração.
Continuei sorrindo mesmo assim.
- Que tal pararmos no mercado e comprarmos picolés para tomar enquanto vemos os fogos?
- E salgadinho pro Bubba!
- Claro!
Ela sorriu e deu um gritinho, animada. Dessa vez, meu sorriso foi de verdade.
Eu a amava mais do que ela poderia imaginar. Se não fosse por ela, com certeza já teria me
rendido ao luto. Emma salvou minha alma.
Não me despedi da minha mãe porque ela não voltou para casa depois do jantar com o
aventureiro da vez. Logo que me mudei, eu telefonava, preocupada, quando ela demorava a chegar,
mas ela acabava gritando comigo, dizendo que era adulta e sabia o que estava fazendo.
Deixei um bilhete:
Indo pra casa.
Amamos você.
Até breve.
E&E
A viagem durou horas no meu carro velho, e ouvimos a trilha sonora de Frozen tantas vezes que
cheguei a pensar em cortar os pulsos. Emma ouviu um milhão de vezes cada música e ainda incluiu
seu toque pessoal nos versos. Sinceramente, gostei mais da versão dela.
Assim que ela dormiu, dei um descanso também para Frozen, e o carro finalmente ficou
silencioso. Apoiei minha mão no banco do carona, esperando que outra a envolvesse, mas isso não
aconteceu.
Estou bem, dizia a mim mesma, repetidamente. Estou muito bem.
Um dia, isso seria verdade.
Um dia, eu ficaria bem.
Na entrada da rodovia I-64, meu estômago embrulhou. Queria muito que existisse outro caminho
para chegar a Meadows Creek, mas esta era a única via de acesso à cidade. O movimento na estrada
era grande por causa do feriado, mas o asfalto novo tornava a rodovia, que antes era toda esburacada,
mais segura. Meus olhos se encheram de lágrimas quando me lembrei do momento em que ouvi a
notícia.
Acidente grave na I-64!
Caos!
Tumulto!
Feridos!
Mortos!
Steven.
Uma respiração de cada vez.
Continuei dirigindo e não permiti que as lágrimas caíssem. Forcei-me a permanecer inerte; assim
não sentiria nada. Caso contrário, acabaria desabando, e eu simplesmente não podia fazer isso. Olhei
pelo retrovisor e encontrei forças ao ver minha filha. Chegamos ao final da estrada e respirei fundo
novamente. Eu me concentrava em uma respiração de cada vez. Não conseguia ir além disso; tinha a
sensação de que poderia sufocar com o ar.
Uma placa de madeira branca e bem polida anunciava: "Bem-vindos a Meadows Creek".
Emma tinha acordado e estava olhando pela janela.
- Mamãe?
- Oi, querida.
- Acha que papai vai saber que a gente se mudou? Será que ele vai saber onde deixar as plumas?
Quando Steven faleceu e nós nos mudamos para a casa da mamãe, apareceram plumas brancas no
jardim. Emma perguntou o que eram, e mamãe respondeu que eram pequenos sinais dos anjos,
demonstrando que eles estavam sempre por perto cuidando de nós.
Ela adorou a ideia e, cada vez que encontrava uma pluma, olhava para o céu, sorria e sussurrava:
"Eu também te amo, papai." Depois, tirava uma foto com a pluma e a colocava na caixa "Papai &
Eu".
- Tenho certeza de que ele sabe onde nos encontrar, minha querida.
- Sim - concordou Emma. - Ele sabe onde nos encontrar.
As árvores pareciam mais verdes do que eu lembrava, e as lojinhas no centro de Meadows Creek
estavam enfeitadas de vermelho, azul e branco para o feriado da Independência. Era tudo tão
familiar e, ao mesmo tempo, tão diferente. A bandeira americana da Srta. Frederick tremulava ao
vento enquanto ela colocava pétalas de rosas secas no vaso. Era possível sentir seu orgulho patriótico
ao vê-la ali, admirando sua casa.
Ficamos paradas no único sinal de trânsito da cidade por uns dez minutos, o que não fazia
nenhum sentido. Enquanto aguardávamos, pensei em todas as coisas que me lembravam de Steven.
De nós. Quando o sinal abriu, pisei no acelerador, querendo chegar logo em casa para afastar as
sombras do passado. Assim que o carro começou a descer a rua, minha visão periférica captou um
cachorro vindo em minha direção. Pisei no freio bem rápido, mas a lata-velha demorou a parar.
Quando finalmente freou, ouvi um latido alto.
Meu coração quase saiu pela boca. Fiquei paralisada; parecia incapaz de respirar novamente.
Estacionei o carro de qualquer jeito, enquanto Emma perguntava o que estava acontecendo, mas não
dava tempo de responder. Abri a porta do carro, precipitei-me em direção ao pobre cachorro e vi um
homem correndo na mesma direção. Ele me encarava com um olhar desesperado, praticamente me
forçando a enxergar a intensidade de seus olhos azuis acinzentados. A maioria dos olhos azuis
parece trazer consigo um sentimento caloroso e gentil, mas não os dele. Os dele eram intensos, assim
como sua própria postura. Fria, reservada. Em torno de suas íris, era possível ver o azul profundo em
meio às manchas prateadas e pretas, que tornavam seu olhar ainda mais impenetrável. Lembrava as
sombras no céu quando uma tempestade estava prestes a cair.
Esse olhar me era familiar. Será que eu o conhecia? Jurava que já o tinha visto em algum lugar.
Ele parecia amedrontado e furioso ao se aproximar do cachorro, que imaginei ser dele, parado no
chão. Estava com um grande fone de ouvido no pescoço, conectado a alguma coisa na mochila.
Usava roupas de ginástica. A camisa branca de manga comprida acentuava os músculos dos
braços, o short preto deixava as pernas grossas à mostra, e o suor escorria de sua testa. Imaginei que
estivesse levando o cachorro para correr e acabou perdendo a coleira, mas ele não estava de tênis.
Por que estava descalço?
Não importava. Será que o cachorro estava bem?
Eu deveria ter prestado mais atenção.
- Desculpe, eu não vi... - comecei a dizer, mas ele soltou um grunhido ríspido, como se minhas
palavras o ofendessem.
- Que droga! Você só pode estar de sacanagem... - berrou de volta.
Sua voz me fez estremecer. Ele pegou o cachorro nos braços como se fosse seu próprio filho. Nós
nos levantamos ao mesmo tempo. Então ele olhou ao redor, eu também.
- Deixa eu levar vocês ao veterinário - sugeri, estremecendo ao ouvir o cachorro ganir nos
braços do homem. Sabia que não deveria ficar nervosa com seu tom de voz, pois não se deve julgar
alguém numa situação de pânico. Ele não respondeu, mas percebi hesitação em seu olhar. O rosto
era emoldurado por uma barba grossa, escura e indomada; sua boca estava escondida em algum
lugar daquela selva. Eu só podia confiar na história que seus olhos contavam.
- Por favor - insisti. - É muito longe para ir a pé.
Ele assentiu num gesto quase imperceptível, abriu a porta do carona e entrou com o cachorro no
colo.
Corri para dentro do carro e comecei a dirigir.
- O que aconteceu? - perguntou Emma.
- Vamos levar esse cachorrinho ao veterinário, querida. Está tudo bem. - Eu realmente
esperava não estar mentindo.
Em vinte minutos, chegamos à clínica veterinária mais próxima, que ficava aberta vinte e quatro
horas, e o percurso não foi exatamente o que eu esperava.
- Vire à esquerda na Cobbler Street - mandou ele.
- A Harper Avenue vai ser mais rápida - discordei.
- Você não sabe o que está fazendo. Entre na Cobbler! - gritou, irritado.
Respirei fundo.
- Eu sei dirigir.
- Sabe mesmo? Porque acho que esse é o motivo de estarmos aqui.
Eu estava prestes a jogar aquele idiota para fora do carro, mas o ganido do cachorro me impediu.
- Já me desculpei.
- Isso não ajuda meu cachorro.
Idiota.
- A Cobbler é a próxima à direita - insistiu.
- A Harper é a segunda.
- Não entre na Harper.
Ah, não? Acho que vou pegar a Harper só para irritar esse cara. Quem ele pensa que é?
Virei na Harper.
- Não acredito que você pegou a droga da Harper! - reclamou ele.
Sua raiva me fez sorrir, até o momento em que vi as obras e a placa de "rua fechada".
- Você é sempre burra mesmo?
- E você é sempre... sempre... sempre... - gaguejei porque, ao contrário dele, eu não era boa em
discutir com as pessoas. Normalmente, engolia tudo e acabava chorando como uma criança, porque
as palavras não se formavam na minha cabeça com a mesma velocidade em que as brigas
aconteciam. Eu era uma idiota que só conseguia responder a um insulto três dias depois. - Você é
sempre... sempre...
- Sempre o quê? Fala logo! Use palavras! - exclamou ele, zombando.
Girei o volante e fiz o retorno para pegar a Cobbler.
- Você é sempre um...
- Vamos lá, Sherlock, você consegue - debochou.
- UM BABACA! UM PUTO! - berrei, entrando na rua que ele indicou.
O carro ficou em silêncio. Meu rosto ficou vermelho, e apertei o volante com força.
Assim que parei no estacionamento, ele abriu a porta sem dizer absolutamente nada, pegou o
cachorro e entrou em disparada na emergência. Fiquei na dúvida se não era melhor ir embora, mas
sabia que não ia me acalmar até ter certeza de que o cachorro ficaria bem.
- Mamãe? - chamou Emma.
- Sim, querida?
- O que é um puto?
Falha materna número 582 de hoje.
- Não é nada, amor. Eu disse "Pluto". Como o cachorro do desenho.
- Então você chamou aquele moço de cachorro?
- Sim. Um cachorro grande e desengonçado.
- E o cachorrinho dele, vai morrer? - perguntou ela logo em seguida.
Espero que não.
Depois de tirar Emma da cadeirinha, entramos na clínica. O desconhecido estava esmurrando a
mesa da recepção. Ele falava algo, mas eu não conseguia escutá-lo.
A recepcionista foi ficando cada vez mais desconcertada.
- Senhor, só estou pedindo para preencher o formulário e informar um cartão de crédito. Do
contrário, não poderemos cuidar do seu bichinho. Além do mais, o senhor não pode entrar aqui
descalço, e sua atitude não está ajudando em nada.
O desconhecido deu outro murro na mesa e começou a andar de um lado para o outro, passando a
mão nos cabelos compridos e escuros e descendo-a até a nuca. Sua respiração estava pesada, seu
peito subia e descia em ritmo acelerado.
- E você acha que eu trouxe um cartão de crédito? Eu estava correndo, sua idiota! E se não vai
fazer nada, chame outra pessoa.
Assim como eu, a mulher recuou ao ouvir aquelas palavras e sentir sua raiva.
- Eles estão comigo - falei, caminhando até a recepção. Emma agarrou meu braço e apertou
Bubba. Abri a bolsa, peguei a carteira e entreguei um cartão para a moça.
- Você está com ele? - perguntou ela, num tom quase ofensivo, como se o estranho merecesse
ficar sozinho.
Ninguém merece ficar sozinho.
Vi que a raiva e a confusão não tinham desaparecido do olhar dele. Não queria prestar atenção,
mas aquela tristeza era muito familiar, e eu não consegui me afastar.
- Sim. Ele está comigo.
Ela continuou hesitante. Aproximei-me e perguntei:
- Algum problema?
- Não, nenhum. Só preciso que vocês preencham esse formulário.
Peguei a prancheta da mão dela e fui para a sala de espera.
A televisão estava ligada no Animal Planet. Havia um trenzinho de brinquedo em um canto e
Emma foi brincar com Bubba. O estranho continuava a me encarar daquele jeito frio e distante.
- Preciso de algumas informações - falei. Ele se aproximou devagar, sentou-se ao meu lado e
apoiou as mãos nas pernas.
- Qual é o nome dele? Do cachorro - perguntei.
Ele abriu a boca e hesitou, antes de falar:
- Zeus.
Sorri. Que nome perfeito para um labrador.
- E o seu?
- Tristan Cole.
Depois de terminar o formulário, entreguei tudo para a recepcionista.
- Pode debitar todas as despesas do Zeus no meu cartão.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Pode ficar caro - alertou ela.
- Pode cobrar.
Sentei-me ao lado de Tristan novamente. Ele começou a dar tapinhas de leve nas pernas, e
percebi seu nervosismo. Quando olhei para ele, estava me encarando com a mesma confusão de
quando nossos caminhos se cruzaram.
Tristan começou a murmurar algo e a esfregar as mãos uma na outra. Em seguida, colocou os
fones de ouvido e apertou o play.
Emma vinha de vez em quando perguntar se estava na hora de ir para casa, e eu dizia que iria
demorar mais um pouco. Antes de voltar a brincar com o trem, ela parou e olhou para Tristan.
- Ei, moço!
Ele a ignorou. Ela levou as mãos ao quadril.
- Ei, moço! Estou falando com você! - insistiu, batendo o pé no chão. Tristan olhou para ela.
- Você é um grande PLUTO!
Ai, meu Deus.
Alguém devia ter me proibido de ser mãe. Sou péssima nisso.
Estava prestes a dar uma bronca nela quando vi um pequeno sorriso se formar, rapidamente, por
trás da barba de Tristan. Era quase imperceptível, mas juro que vi seus lábios se moverem. Emma
tinha o dom de fazer as almas mais sombrias sorrirem. Eu era a prova viva disso.
Cerca de meia hora depois, o veterinário veio nos informar que Zeus ficaria bem. Só tinha alguns
ferimentos e uma fratura na pata dianteira. Agradeci, e ele se afastou. As mãos de Tristan relaxaram,
e ele ficou imóvel. De repente, seu corpo todo começou a tremer. Com um longo suspiro, o babaca
furioso desapareceu e deu lugar a um homem desesperado. Ele não conteve suas emoções e começou
a chorar e soluçar de forma incontrolável. As lágrimas caíam dolorosamente. Meus olhos ficaram
marejados, e juro que uma parte do meu coração compartilhou sua dor.
- Pluto! Pluto! Não chore - disse Emma puxando a camisa dele. - Está tudo bem.
- Está tudo bem - consolei-o, usando as mesmas palavras da minha doce garotinha. Pousei a
mão em seu ombro para confortá-lo. - Zeus vai ficar bem. Ele está bem. Você está bem.
Tristan virou a cabeça na minha direção e fez que sim, como se acreditasse em mim. Respirou
fundo e secou as lágrimas, balançando a cabeça para a frente e para trás. Estava tentando ao máximo
esconder seu constrangimento, sua vergonha.
Ele pigarreou e se afastou de mim. Ficamos longe um do outro até a hora em que o veterinário
liberou Zeus. Tristan segurou o cachorro nos braços. O animal estava muito cansado, mas mesmo
assim abanou o rabo e farejou o dono. Ele deu um sorriso e, dessa vez, pude vê-lo claramente. Foi
um grande sorriso de alívio. Se o amor fosse feito apenas de momentos, este com certeza era um
deles.
Não invadi seu espaço. Os dois saíram da clínica. Segurei Emma pela mão e os seguimos.
Tristan começou a caminhar com Zeus nos braços. Queria detê-lo, mas não tinha um motivo para
pedir que ele voltasse. Coloquei Emma na cadeirinha e fechei a porta. Levei um susto quando vi
Tristan bem perto de mim, me encarando. Não desviei o olhar. Minha respiração falhava, e tentei
recordar a última vez que fiquei tão próxima de um homem.
Ele chegou mais perto.
Não me mexi.
Ele respirou.
Respirei também.
Uma respiração de cada vez.
Isso era tudo que eu conseguia controlar.
Nossa proximidade fez com que eu sentisse um aperto no estômago. Já estava pronta para dizer
"de nada" ao "obrigado" que eu certamente ouviria.
- Vê se aprende a dirigir a droga do carro - esbravejou ele, furioso, antes de se afastar.
Nada de "obrigado por você ter pagado a conta do veterinário", nem "obrigado por ter me trazido
até aqui", e sim "vê se aprende a dirigir a droga do carro".
Muito bem.
Com um sussurro, respondi ao vento que batia em meu rosto gelado:
- De nada, Pluto.
Capítulo 3
Elizabeth
- Nossa, como demoraram a chegar! - reclamou Kathy, sorrindo, ao aparecer na porta da frente.
Não esperava que ela e Lincoln fossem nos receber, mesmo sabendo que eles não nos viam há muito
tempo e moravam a apenas cinco minutos da nossa casa.
- Vovó! - gritou Emma enquanto eu abria o cinto da cadeirinha. Ela pulou do carro e correu,
muito feliz, para a avó. Kathy pegou a neta no colo e a levantou para dar um abraço apertado. -
Voltamos, vovó!
- Eu sei! Estamos muito felizes - disse Kathy, beijando o rosto de Emma.
- Cadê o vovô? - perguntou, referindo-se a Lincoln.
- Tem alguém me procurando?
Lincoln saiu da casa. Ele aparentava ter bem menos que 65 anos. Sempre achei que Kathy e
Lincoln nunca iriam envelhecer, pois eram bem mais ativos do que qualquer pessoa da minha idade
e tinham o espírito muito jovem. Uma vez, tentei correr com Kathy durante trinta minutos e quase
morri. E ela ainda me disse que aquilo era só um quarto do que corria normalmente.
Lincoln tirou Emma do colo da esposa e jogou-a para cima.
- Ora, ora, ora, quem está aqui?
- Sou eu, vovô! Emma! - Ela riu.
- Emma? Não pode ser. Você é muito alta para ser a minha pequena Emma.
Ela balançou a cabeça e disse:
- Sou eu, vovozinho!
- Bem, acho que preciso de uma prova. Minha pequena Emma sempre me dava beijos especiais.
Sabe como são? - Emma encostou o nariz de leve nas bochechas dele, como se desse beijinhos de
esquimó em seu rosto. - Meu Deus, é você mesmo! O que estamos esperando? Trouxe picolés de
várias cores para você. Vamos entrar!
Lincoln olhou para mim e piscou carinhosamente. Os dois correram para dentro, e eu parei por
um segundo para olhar tudo à minha volta.
A grama estava alta, cheia de ervas daninhas e dentes-de-leão, que, segundo Emma, fazem nossos
desejos se tornarem realidade. A cerca que começamos a construir para evitar que ela invadisse a rua
ou o bosque nos fundos da casa ficou pela metade, pois Steven não teve tempo de terminá-la.
As tábuas brancas de madeira estavam arrumadas numa pilha ao lado da casa, esperando alguém
completar a tarefa. Olhei para o quintal e para as árvores que demarcavam nossa propriedade. Atrás
da cerca havia um grande bosque. Parte de mim queria correr ali, se perder naquela mata por horas.
Kathy se aproximou de mim e me envolveu num abraço bem apertado. Praticamente desmoronei
junto dela.
- Como você está? -perguntou.
- Ainda de pé.
- Pela Emma?
- Sim, pela Emma.
Kathy me abraçou mais uma vez.
- O jardim está uma bagunça. Ninguém veio aqui desde... - Ela não conseguiu terminar, e o
sorriso desapareceu de seu rosto. - Lincoln disse que vai cuidar de tudo.
- Não precisa. De verdade. Posso cuidar disso.
- Liz...
- É sério, Kathy. Eu quero fazer isso, quero reconstruir.
- Bom, se você quer mesmo... Pelo menos não é o pior jardim da vizinhança - brincou ela,
olhando para a casa do meu vizinho.
- Tem gente morando aí? - perguntei. - Achei que o Sr. Rakes nunca conseguiria vender a
casa depois daquela história de que o lugar era mal-assombrado.
- Pois é. Alguém finalmente a comprou. E olha, não sou de fazer fofoca, mas o cara que mora aí
parece meio estranho. Já ouvi dizer que ele está fugindo de alguma coisa que aprontou no passado.
- É mesmo? Acham que ele é um criminoso?
Kathy deu de ombros.
- Marybeth disse que ouviu falar que ele esfaqueou uma pessoa. E Gary me contou que ele
matou um gato que não parava de miar.
- Ah, não! Era só o que me faltava: ter um vizinho psicopata!
- Ah, tenho certeza de que você vai ficar bem. Você sabe, são só fofocas de cidade pequena.
Duvido que sejam verdade. Mas ele trabalha na loja do Henson, aquele excêntrico, então não deve
ser muito certo da cabeça. Não se esqueça de trancar as portas à noite.
O Sr. Henson era dono da loja Artigos de Utilidade no centro da cidade, e era uma das pessoas
mais esquisitas de que já tinha ouvido falar. Mas eu só conhecia sua excentricidade pelos
comentários dos outros.
Os moradores locais adoravam fofocar e ter uma vida típica de cidade pequena. As pessoas
estavam sempre ocupadas, mas ninguém fazia absolutamente nada.
Olhei para o outro lado da rua e vi três pessoas cochichando enquanto pegavam as
correspondências na caixa de correio. Duas mulheres caminhavam depressa, passando na frente da
minha casa, e eu as ouvi falar do meu retorno - elas sequer me cumprimentaram ou acenaram, mas
fizeram comentários sobre mim. Na esquina, vi um pai ensinando uma menininha a andar de
bicicleta pela primeira vez sem as rodinhas. Pelo menos foi isso que pensei.
Dei um leve sorriso. A vida numa cidade pequena era tão clichê. Todo mundo sabia da vida de
todo mundo, e as notícias corriam rápido.
Kathy sorriu e me trouxe de volta à realidade.
- Bem, trouxemos coisas para fazer um churrasco. Também abastecemos a geladeira, e você não
precisa se preocupar em fazer compras por, pelo menos, uma ou duas semanas. E já colocamos os
cobertores no telhado para assistirmos aos fogos, que devem começar daqui a pouco... - O céu se
iluminou de azul e vermelho. - Começou!
Olhei para cima e vi Lincoln se acomodando no telhado com Emma nos braços, gritando:
- Veja! Ah... - dizia ela cada vez que um dos fogos explodia. - Vem, mamãe! - chamou
Emma, sem tirar os olhos do céu colorido.
Kathy passou o braço pela minha cintura e me conduziu até a casa.
- Depois que Emma dormir, tenho algumas garrafas de vinho guardadas para você.
- Para mim? - perguntei.
- Para você. Bem-vinda de volta ao lar, Liz - disse ela, sorrindo.
Lar.
Eu me perguntei quando aquela pontada no peito iria desaparecer.
Lincoln foi colocar Emma na cama e, como estava demorando mais do que o normal, decidi dar
uma olhada neles. Toda noite ela dava trabalho para dormir, e eu tinha certeza de que estava fazendo
o mesmo com o avô. Fui até o corredor na ponta dos pés e não a ouvi gritando, o que já era um bom
sinal. Espiei dentro do quarto e vi os dois estirados na cama, dormindo, o pé de Lincoln do lado de
fora do colchão.
Kathy deu uma risadinha bem atrás de mim.
- Não sei quem está mais animado com o reencontro, Lincoln ou Emma.
Ela me levou até a sala, e lá nos sentamos diante das duas maiores garrafas de vinho que já tinha
visto na vida.
- Você está querendo me embebedar? - Eu ri.
- Se isso fizer você se sentir melhor, sim - respondeu ela, sorrindo.
Sempre fomos muito próximas. Depois de ser criada por uma mãe instável, conhecer Kathy foi
um verdadeiro bálsamo. Ela me recebeu de braços abertos e sempre me tratou muito bem. Quando
descobri que estava grávida, ela chorou mais do que eu.
- Estou me sentindo péssima por ter ficado tanto tempo longe - falei, bebendo um gole e
olhando na direção do quarto da Emma.
- Querida, sua vida virou de cabeça para baixo. Quando tragédias acontecem e há crianças
envolvidas, ninguém consegue raciocinar direito. Agimos da forma que nos parece ser a mais
correta. Você só tentou sobreviver e fez o melhor que pôde. Não fique se culpando por isso.
- Eu sei, mas acho que saí correndo daqui por minha causa, não por Emma. Ela sentiu falta de
tudo. - Meus olhos se encheram de lágrimas. - E eu deveria ter visitado você e Lincoln. Deveria
ter ligado mais. Sinto muito, Kathy.
Ela colocou as mãos no meu joelho.
- Querida, escute. São dez e quarenta e dois da noite, e a partir deste minuto você vai parar de se
culpar. Trate de se perdoar, porque tanto eu quanto Lincoln compreendemos tudo. Sabemos que
você precisava de um tempo. Não sinta como se devesse nos pedir perdão, você não nos deve nada.
Sequei as lágrimas que continuavam a cair e retruquei, envergonhada:
- Droga de lágrimas.
- Sabe o que faz com que elas parem de cair? - perguntou Kathy.
- O quê?
Ela colocou mais vinho na taça. Mulher inteligente.
Ficamos conversando e bebendo por horas, e quanto mais vinho, mais risadas. Eu tinha me
esquecido de como era gostoso rir. Ela perguntou sobre minha mãe, e não consegui disfarçar minha
expressão de desgosto.
- Ela ainda está perdida, andando em círculos e repetindo os mesmos erros. Às vezes, me
pergunto se as pessoas chegam a um ponto em que não conseguem dar a volta por cima. Acho que
isso pode ter acontecido com ela, e não sei se ela vai conseguir mudar.
- Você ama sua mãe?
- Sim, sempre. Mesmo quando não gosto dela.
- Então, não desista. Mesmo que você precise ficar longe por um tempo. Continue amando-a e
acreditando nela, mesmo que a distância.
- Como você se tornou tão sábia? - perguntei. Ela sorriu, levantou a taça na minha direção e
colocou mais vinho. Mulher muito inteligente. - Você poderia tomar conta da Emma amanhã?
Queria ir até a cidade procurar um emprego. Talvez perguntar ao Matty se ele não precisa de uma
ajudinha no café.
- Que tal se nós ficarmos com ela durante o final de semana? Seria ótimo se tirasse uns dias só
pra você. Podemos retomar nossa tradição de ficar com ela todas as sextas. Até porque não acredito
que Lincoln vá largá-la tão cedo.
- Vocês fariam isso por mim?
- Faremos o que você precisar. Além do mais, todas as vezes que vou ao café, Faye pergunta:
"Como vai minha melhor amiga? Ela já voltou?" Então acho que ela adoraria passar um tempo com
você.
Não via Faye desde a morte de Steven. Naquela época, conversávamos quase todos os dias, mas
ela entendeu que eu precisava de um tempo para mim. Sabia que ela entenderia que eu precisava da
minha melhor amiga para começar essa nova fase.
- Sei que talvez não seja o melhor momento, mas você pensou em reabrir seu negócio? -
perguntou Kathy.
Steven e eu tínhamos uma empresa de design, a Dentro & Fora, que abrimos há três anos. Ele
reformava a parte externa das casas, enquanto eu fazia projetos de decoração de interiores para
residências e empresas. Tínhamos uma loja no centro de Meadows Creek, e essa fase foi, com
certeza, uma das melhores da minha vida. Mas, na verdade, eram as habilidades de Steven que
sustentavam o negócio; ele era formado em administração de empresas. Eu nunca conseguiria cuidar
daquilo sozinha. Ter um diploma de designer de interiores em Meadows Creek significava trabalhar
em uma loja de móveis vendendo cadeiras absurdamente caras. Era isso ou voltar aos tempos da
faculdade e trabalhar como garçonete.
- Não sei. Provavelmente não. Acho que não consigo cuidar de tudo sem Steven. Só preciso
arrumar um emprego fixo e abrir mão desse sonho.
- Entendo, mas não tenha medo de sonhar com coisas novas. Você é muito competente, Liz, e
não deve desistir do que te faz feliz.
Depois que Kathy e Lincoln foram embora, me atrapalhei toda para fechar os trincos da porta da
sala, os quais Steven deveria ter trocado há tempos. Bocejando, parei na porta do meu quarto. A cama
estava arrumada, mas não tive força suficiente para entrar. Parecia uma traição deitar na cama e
fechar os olhos sem ele ao meu lado.
Uma respiração de cada vez.
Um passo.
Entrei e escancarei a porta do armário. As roupas de Steven estavam penduradas. Passei as mãos
por elas antes de começar a soluçar. Arranquei tudo dos cabides e joguei no chão, lágrimas
escorrendo pelo meu rosto. Abri as gavetas e tirei o restante das coisas: calças jeans, camisetas,
roupas de ginástica, cuecas. Tudo que pertencia a Steven estava no chão.
Deitei sobre a pilha de roupas e fiquei inspirando seu cheiro, fazendo de conta que ele ainda
estava ali. Sussurrei seu nome, como se ele pudesse me ouvir, e me agarrei às lembranças de seus
beijos e abraços. Lágrimas de dor brotavam do meu coração destroçado e, ao segurar sua camisa
favorita, me afundei ainda mais em meu sofrimento. Chorei como louca, como uma criatura que
sentia uma dor inimaginável. A dor tornou meus olhos inchados e vazios. Tudo em mim doía; tudo
estava destruído. E, à medida que o tempo passava, eu ficava ainda mais cansada dos meus próprios
sentimentos. Adormeci profundamente, vítima da serenidade nascida da minha terrível solidão.
Quando abri os olhos, ainda estava escuro lá fora. Uma linda garotinha estava deitada ao meu
lado com Bubba. Um pedacinho pequeno de seu cobertor a cobria, enquanto a maior parte estava
sobre mim. Sempre que uma coisa assim acontecia, eu me sentia um pouco como minha mãe. Eu me
lembrava de quando tive que cuidar dela e abrir mão da minha infância. Isso não era justo com
Emma. Ela precisava de mim. Eu me aconcheguei ao seu lado, beijei sua testa e prometi a mim
mesma que não desabaria novamente.
Eu estava no final da cama de Amira observando-a dormir através da escuridão, olhos cansados. O vazio no meu coração mais uma vez se espalhando por deixar seu calor. Ela gemeu, como se pudesse sentir minha ausência também, mesmo em seu sono. Eu escolhi passar os últimos minutos que me restava com ela, absorvendo tudo, do seu longo cabelo bagunçado e indisciplinado cobrindo parcialmente o rosto, até os lábios carnudos e inchados, inchados pelo meu implacável e insaciável ataque. Sua pele nua e rubra, apenas uma lembrança de quantas vezes eu me perdi dentro dela. O cheiro de sexo flutuando pesado no quarto, só alimentou as memórias de quantas vezes eu fiz dela verdadeiramente minha. Sua beleza me manteve cativo. Ela estava brilhando. Serena. De tirar o fôlego.
Vou lhe contar uma história. É escura. É brutal. É real pra caralho. Para entender meu presente, quem eu sou e o que eu me tornei... Você precisa entender meu passado. O mal nem sempre se esconde nas sombras, na escuridão. Na maioria das vezes, está fora ao ar livre, em plena vista. Possuindo o homem que menos esperaria. Sabe, eu nunca imaginei outra vida até eu fazer uma para mim. Naquele tempo, eu estava muito longe, engolfado em nada além de escuridão sombria. Exatamente como era para ser. Ninguém poderia me tocar. Ninguém fodia comigo. Eu. Era. Invencível. Nada mais… Nada menos. Quando eu sonhei com o amor verdadeiro - de almas gêmeas, minha outra metade dela - a crueldade da minha vida iria me levar de volta para a minha realidade, se tornando, apenas isso mesmo, um sonho. Um que poderia facilmente se transformar em um pesadelo. Meu pior pesadelo. Toda memória, o bom, o ruim, o meio termo. Todos o eu te amo, todos os últimos eu te odeio, seu coração e alma que eu quebrei, despedaçados e destruídos ao longo dos anos, pertenciam a mim. Seu prazer. Sua dor.
Por um longo tempo, Nacy vinha incomodando seus pais para encontrar Bruce. Mas como ela nem sabia o nome dela, eles não conseguiram encontrá-lo simplesmente por causa da descrição de uma garota. "Sim Ele sempre foi muito gentil e gentil comigo desde que eu o conheci. Eu acho que realmente gosto disso. Talvez ele não goste de mim agora, mas acho que ainda terei uma chance. Encontrar o amor verdadeiro não é fácil. Agora que encontrei meu verdadeiro amor, por que não deveria tentar? Até eu tentar, nunca vou saber se vou conseguir ou não - disse Nacy com um sorriso, duas covinhas embelezando as bochechas de cada lado do rosto. Seu encontro com Bruce quando criança parecia-lhe o mesmo de ontem. "Ok Nacy, deixe-me perguntar outra coisa. O que você acha do Simon? Nathan mudou de assunto e falou com indiferença, tentando esconder a crueldade em seu coração. "Talvez ele seja apenas um amigo meu. Na verdade, eu gostei quando estávamos na escola. Mas ele não é tão ousado quanto Bruce. Ele é menos corajoso ", respondeu Nacy calmamente, com a cabeça apoiada nas mãos. "Você sabe, Nacy, às vezes, não importa quão ousado seja um homem, ele é cauteloso diante da garota que ama. Nacy, acho que você deveria pensar sobre isso e se certificar de que não sente falta de quem realmente ama você. - Nathan disse sem expressão enquanto se recostava na cadeira com as mãos cruzadas, tentando colocar um ponto morto na frente de Nacy. Nacy franziu o cenho para as palavras de Nathan. Então ela também cruzou os braços sobre o peito, virou-se para Nathan e disse: "Então, você já decidiu?" Nathan assentiu solenemente. Seu rosto se suavizou com o pensamento de Mandy. Ele disse: "Sim, eu pensei sobre isso". "Então, quando você vai contar a Mandy sobre Sharon?" Nacy mordeu o lábio e agitou os cílios quando mencionou o nome de Sharon na frente de Nathan. Toda vez que ele mencionava esse nome na frente de Nathan, seu coração tremia. Sharon, o nome acumulou muitas lembranças dolorosas no coração de Nathan. Nacy sempre esperava que ele pudesse seguir em frente. De fato, há algum tempo, ele nem se atreveu a mencionar. "Talvez depois de um tempo. Precisamos escolher um horário apropriado. Receio que você não possa aceitá-lo se contarmos agora. " Nathan tocou sua têmpora com os dedos finos. Sua cabeça doía toda vez que pensava nesse problema. No momento, Nathan estava aconselhando Nacy a não sentir falta de quem a amava. E agora, ele parecia um pouco distraído quando se tratava de seu próprio relacionamento. Se Mandy alguma vez soubesse que o verdadeiro motivo para ele se aproximar dela era por desgosto e vingança, ela ainda aceitaria? De fato, pensando bem, Nathan achou que seria melhor não deixar Mandy saber disso. Ninguém mais sabia sobre o relacionamento entre Nathan e Sharon, exceto Nacy, a menos que alguém realmente investigasse o suficiente para descobrir a verdade. "Nathan, eu tenho uma sugestão. Eu acho que é melhor não contar a Mandy sobre isso. Vamos pensar cuidadosamente sobre isso. Se você optar por ocultar algo desde o início, deverá ocultá-lo a vida toda. " Nacy mordeu o lábio e se virou para olhá-lo. Ao ver o cenho franzido na testa, ela sabia que ele já estava lutando em seu coração. Seria melhor para ele evitar revelar a verdade para Mandy. Mas, ao mesmo tempo, seria igualmente arriscado esconder a verdade também. Não importa o quão conveniente pareça agora, e se Mandy descobrisse um dia? Nathan inconscientemente tocou o queixo e o queixo ósseo com os dedos, o que costumava fazer quando estava nervoso. Nacy estreitou os olhos e sorriu. Divertia-o ver uma indecisão tão inesperada que até homens frios e dominadores como Nathan podiam passar agora.
Perigoso e temido. Essas palavras descrevem meu futuro marido. Que por acaso também é meu ex-namorado. É complicado. Dois anos atrás, ele quebrou meu coração quando me deixou para cumprir as ordens de seu pai. Depois de meses chorando, finalmente aceitei que ele havia partido e não ia olhar para trás. Que talvez ele nunca tenha me amado. Não queria ver Luca nunca mais. Agora, uma reviravolta cruel do destino me entregou a ele em um acordo cruel. Sou dele. Ele acha que me fez um favor, mas sinto que recebi uma sentença de morte. Ele não quer se casar porque ainda me ama. Não, ele fez isso por dinheiro. Mais poder. Vou ser uma esposa da máfia. E só há uma maneira de sair disso. Morta. Mas, ao que parece, outra pessoa não quer que me case com o implacável Luca Bianchi. E se ele conseguir o que quer, verei essa sepultura prematura.
— Obrigada de verdade, mas minha bolsa está bem leve. – Ela me passa um sorriso acolhedor e na mesma hora acabo me punindo por ter duvidado da boa vontade da senhorinha. Mas o que eu posso fazer? Enquanto divago tentando tirar minha mente do aperto que estou vivendo, alguns minutos se vão. — A senhora sabe me dizer qual o ponto da Quinta Avenida? – Chego a suspirar, pois desta vez não estou indo para a tão conhecida e cheia de classe rua de Nova Iorque que leva o mesmo nome e eu amava passear. — Vixi, menina. Já é no próximo ponto. – Ela olha para o fundo do ônibus onde fica a porta da saída. — Só um milagre para dar tempo de você conseguir descer do busão. – O pânico toma conta de todas as minhas terminações nervosas, pois realmente não vejo como conseguirei tal milagre, e o bus, que deveria ter no máximo cinquenta pessoas, parece que têm pelo menos o triplo. — Obrigada. – Desesperadamente, depois de quase pular para alcançar a cordinha que sinaliza ao motorista que é chegado o meu ponto, peço licença e prossigo para minha saga. Em segundos o ônibus estaciona, para meu desespero ser ainda maior estou consideravelmente longe da porta, incansavelmente peço licença, aumentando o meu tom de voz de forma que não estou habituada, as pessoas notam o meu desespero, em uma empatia coletiva, parecem viver o mesmo pânico que eu e em um ato de amor, que só usuários de transporte público vivenciam, eu ouço: — Esperaaaa aí seu motô. Morro de vergonha por chamar tanta atenção e um outro passageiro prossegue: — Segura o busuuuu pra moça...
O que Taylor Magnus está fazendo aqui? Me encostei na parede com a saia subindo pela minha bunda enquanto me ajeitava na áspera parede de estuque. Eu não a ajeitei. O belo anfitrião, vestido incrivelmente bem, definitivamente percebeu. Enquanto lambia os lábios e andava na minha direção, eu sabia que ele se perguntava se eu estava usando calcinha. - É o bar mitzvah do melhor amigo da filha dele. O que você está fazendo aqui? Senhorita... Ele inclinou a cabeça para baixo e leu o nome no meu crachá de imprensa. Fitzpatrick? Aprendi com o tempo a não ficar nervosa; as pessoas farejam aproveitadoras de longe. Respirei fundo para afastar o medo. - Essa é uma festa e tanto. Trabalho na coluna de sociedade, sabe? Noticiando todo mundo que é alguém. Dei meu sorriso característico, uma expressão bem ensaiada de inocência com uma pitada de sedução. - Muito ousada, você não devia estar aqui. Essa é uma festa particular! Estava claro que ele não ia me dedurar. - Não se eu for convidada. Me abaixei um pouco na parede, fazendo minha saia subir ainda mais. - Clara Fitzpatrick, disse ele, lendo meu crachá. - Um nome muito judeu... - Vem da minha mãe. Então, você acha que Taylor vai passar o projeto da educação? Aquele dá àqueles garotos uma chance real de se educar... com faculdade, alimentação e moradia gratuitos? Eu sabia que estava pressionando, mas o cara sabia muito mais do que estava dizendo. Acho que ele esperava algo do tipo. - Ele deve assinar essa noite. Tem algo a dizer? Endireitei a gravata dele, que estava realmente torta. - Quero dizer, você é o anfitrião do pós Bar Mitzvah, recebendo na própria casa uma lista de convidados muito exclusiva".
Na véspera do casamento de Ashley, sua melhor e única amiga, Helen, a drogou. No entanto, como uma bruxa poderosa, Ashley não seria presa tão facilmente. Ela percebeu o esquema de Helen e revelou sua natureza maligna. Mas ninguém acreditou nela, incluindo seu noivo e os pais dela. Traída, perdida e com raiva, Ashley foi sozinha para um hotel na estrada. Lá, ela teve um caso de noite com um estranho. No dia seguinte, Ashley usou um feitiço para remover qualquer traço de que ela já esteve lá. Mal sabia ela que aquele homem, na verdade, era o Rei Alfa - Nikolai! E desde aquela noite, ele procurou loucamente por Ashley...
Kimberly Holden voltou no tempo e renasceu! Antes, ela foi enganada pelo marido infiel, acusada injustamente por uma mulher vil e assediada pelos sogros, o que levou sua família à falência e fez com que ela enlouquecesse! No final, grávida de nove meses, ela morreu em um acidente de carro, enquanto os culpados levavam uma vida feliz. Agora, renascida, Kimberly estava determinada a se vingar, desejando que todos os seus inimigos fossem para o inferno! Ela se livrou do homem infiel e da mulher vil e reconstruiu sozinha a glória de sua família, levando a família Holden ao topo do mundo dos negócios. Porém, ela não esperava que o homem frio e inatingível na sua vida anterior tomasse a iniciativa de cortejá-la: "Kimberly, não tive chance no seu primeiro casamento, agora é a minha vez no segundo, certo?"
Virgínia queria um relacionamento sério e alguém que a tirasse da cidade de Primavera, levando-a para longe de sua mãe manipuladora e egoísta. Francis só queria continuar sendo o homem mais disputado da cidade, sem se envolver com ninguém a ponto namorar, seguindo sua vidinha pacata com sua família perfeita. Mas em Primavera não existia Francis sem Virgínia, muito menos Virgínia sem Francis, porque eles faziam tudo juntos e sabiam todos os segredos um do outro. Até que descobriram que o sexo poderia aprimorar a amizade deles, sem ser um problema. Mas não contavam com os sentimentos de possessão e ciúme que poderiam vir junto com a decisão de manterem uma amizade colorida. Tampouco que tudo aquilo poderia se transformar num amor louco e incontrolável. Mas o destino quis que a rainha da primavera, Virgínia Hernandez, cruzasse seu caminho com um homem rico e poderoso, capaz de unir-se à sua mãe gananciosa para destruir qualquer possibilidade de ela e Francis serem um casal. Virgínia escondeu segredos de Francis que jamais seria capaz de revelar, temendo não ser perdoada. Francis precisou se afastar, para manter seu equilíbrio emocional depois de tudo que passou. Mas o destino não aceitou Virgínia longe de Francis, tampouco Francis afastado de Virgínia. Então, mesmo muito distantes de sua pequena e pacata cidade Natal, eles se reencontraram, como vizinhos novamente. O problema é que Francis e Virgínia saíram de Primavera... Mas Primavera não saiu deles, pois os maiores segredos de suas vidas estavam lá... Esperando para serem desvendados, correndo o risco de separá-los definitivamente.
Madisyn ficou chocada ao descobrir que não era filha biológica de seus pais. Devido aos esquemas da verdadeira filha biológica, ela foi expulsa e virou motivo de chacota. Enquanto todos achavam que Madisyn vinha de uma família pobre, ela descobriu que seu pai biológico era o homem mais rico da cidade e que seus irmãos eram figuras renomadas em suas respectivas áreas. Eles a encheram de amor, apenas para descobrir que ela tinha sua própria carreira próspera. "Pare de me pertubar", disse o ex de Madisyn. "Meu coração pertence apenas à Jenna." "Como ousa pensar que minha esposa sente algo por você?", afirmou um figurão misterioso.
Lenny, o homem mais rico da capital, era casado, mas ele não amava sua esposa. Um dia, ele acidentalmente dormiu com uma mulher estranha. Apaixonando-se por aquela mulher, ele decidiu se divorciar de sua esposa e encontrar aquela mulher para se casar com ela. Meses após o divórcio, ele descobriu que sua ex-esposa estava grávida de sete meses. Será que ela o traiu no passado? Scarlet estava procurando por seu marido, e inesperadamente os dois tiveram uma noite louca de amor. Sem saber o que fazer, ela fugiu em pânico depois. Mais tarde, ela descobriu que estava grávida, mas quando ela estava pronta para explicar o que havia acontecido ao marido, ele pediu o divórcio. Lenny descobriria que a mulher com quem ele dormiu era na verdade Scarlet? Mais importante, o relacionamento deles melhoraria ou pioraria?
No dia do casamento, Khloe foi acusada de um crime que não cometeu pela irmã e pelo noivo e condenada a anos de prisão. Para piorar a situação, três anos depois, a irmã de Khloe usou sua mãe para forçá-la a dormir com um velho. Inesperadamente, o destino trouxe Khloe para o mundo de Henrik, um mafioso elegante e implacável, mudando assim o curso da sua vida. Apesar da sua frieza, Henrik amava Khloe como ninguém, ajudando-a a se vingar e esforçando-se para evitar que ela fosse intimidada novamente.