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É mesmo o Destino

É mesmo o Destino

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

Louise sempre soube que sua vida estava longe de ser comum - filha única de uma das famílias mais poderosas do país, ela cresceu cercada por luxo, regras e expectativas. Mas nada a preparou para o golpe final: um casamento arranjado com um completo estranho, apenas para manter o legado da família. No dia do noivado, sufocada pelas obrigações e pela sensação de estar traindo a si mesma, Lou toma uma decisão impulsiva: fugir. Com uma passagem só de ida para Roma e uma mala cheia de dúvidas, ela parte em busca de liberdade, sem imaginar que o destino tem outros planos. Entre becos italianos, cafés aconchegantes e encontros inesperados, Lou conhece alguém que pode mudar tudo o que ela entende sobre amor.

Capítulo 1 Rumo ao desconhecido

Estou me olhando no espelho há pouco mais de dez minutos. A visão é realmente espetacular - não que eu seja convencida quanto à minha aparência, mas posso afirmar: é uma visão espetacular.

Um vestido de seda azul, com decote em V, desce até os meus pés, marcando cada curva do meu corpo. Meu cabelo está preso em um coque elegante, destacando meus olhos, que são tão azuis quanto o vestido.

Apesar de toda a beleza que vejo, não consigo esconder a minha cara emburrada. Afinal, não há motivo para sorrir quando estou sendo obrigada a noivar - ou melhor, casar - com um completo desconhecido pelo bem da fortuna da minha família. Reviro os olhos só de pensar nisso.

A cada minuto que se aproxima da apresentação, mais meu peito aperta com o vazio do erro que estou prestes a cometer. Eu deveria sair correndo, sem olhar para trás, e esquecer tudo isso. Mas meu pai prometeu que, se eu fizesse isso, nunca mais veria minha mãe - além de me tirar do testamento.

De todas as pessoas do mundo, ele escolheu justo Noah Wills para eu me casar.

Noah Wills. O nome ecoa na minha cabeça como uma maldição. Ele é um estranho para mim, mas não para o mundo dos negócios: famoso, implacável e, segundo os rumores, com um coração de mármore, igual ao do seu pai, Martins Wills.

Todos o respeitam, mas ninguém parece conhecê-lo de verdade. O que sabem sobre ele? Apenas o que os jornais publicam ou os sussurros nas festas comentam. E mesmo isso é incerto, já que nunca tem fotos dele nas reportagens - e olha que eu procurei. É irônico: como alguém com esse sobrenome consegue se manter tão oculto das câmeras?

Falta apenas uma hora para anunciar o noivado - uma hora para que eu me torne oficialmente parte de alguém que não escolhi. Cada minuto aumenta minha frustração.

Minha avó costumava dizer que o amor nunca é perfeito; ele tem a capacidade de florescer nas circunstâncias mais improváveis. Agarro essas palavras como um mantra. Talvez eu possa gostar de Noah com o tempo?

Ouço uma batida leve na porta antes que ela se abra, revelando minha mãe, como sempre sorridente.

- Você está linda, querida - diz ela em um sussurro doce.

Ela me olha com carinho antes de se aproximar para um abraço apertado. Como eu amo quando ela faz isso.

- Como você está se sentindo? - pergunta.

- Como estivesse a ponto de pular de paraquedas em um casamento de conveniência.

- Você sabe que não precisa fazer isso, né? - diz antes que eu responda, e seus olhos encontram os meus, derrubando todas as barreiras que ergui para fingir que estou bem.

- Eu preciso fazer isso, mamãe - suspiro. - Não quero que papai cumpra o que prometeu - digo, com a voz carregada de frustração.

- Seu pai nunca faria isso, e você sabe muito bem.

Se eu ainda fosse criança, talvez acreditasse. Naquela época, eu era a princesa dos olhos dele. Não havia um só dia em que ele não demonstrasse orgulho por mim. Mas os anos passaram, as responsabilidades aumentaram, e, aos poucos, ele se afastou. Não a ponto de nos tornarmos completos estranhos, mas o suficiente para que o dinheiro e os negócios passassem a importar mais que a minha felicidade.

Este casamento é o reflexo disso. Não é sobre amor ou felicidade - é sobre legado. Meus avós deixaram claro no contrato da herança que eu deveria me casar antes dos vinte e cinco anos, de preferência com alguém da família Wills. Acredito que sempre planejaram isso, por algum motivo que nunca me foi revelado. Quando perceberam que eu seria a única herdeira da linha de sucessão, quiseram garantir que eu continuaria a linhagem. Os Wills pareciam a escolha perfeita para manter o sangue e o poder da família.

- Você sabe que as coisas não são tão simples assim - murmuro, hesitante.

- Eu sei. Também sei que você não precisa se casar exclusivamente com alguém da família Wills. Ainda tem um tempinho antes dos vinte e cinco. - Ela pausa. - Você não precisa decidir isso agora, Lou.

Mamãe levanta meu queixo gentilmente, forçando nossos olhos a se encontrarem. Em seguida, coloca um papel em minhas mãos. O sorriso suave e encorajador contrasta com o brilho contido em seus olhos.

- De qualquer forma, deixei sua mala pronta, em caso de imprevistos. Te amo, querida.

Ergo uma sobrancelha, observando-a se afastar até desaparecer de vista, me deixando sozinha. Meus olhos caem sobre o papel em minhas mãos, e um sorriso começa a se formar quando percebo que se trata de uma passagem com partida para Roma, em algumas horas.

Sinto meu estômago revirar, ameaçando devolver a única refeição que consegui fazer no dia.

O arrependimento começa a pairar quando checo o celular e vejo mais de dez ligações perdidas do meu pai.

Bom, tenho certeza de que atendê-lo não mudaria nada em relação ao casamento, tampouco amenizaria a raiva que ele deve estar sentindo. Ignoro o peso na consciência e mantenho firme minha decisão. Mais tarde, eu encaro o estrago que causei - por agora, só preciso ir para longe.

A sensação de náusea é quase insuportável. Enquanto luto para não sucumbir ao mal-estar, um senhor atrás de mim começa a me xingar furiosamente por ter parado feito uma estátua no meio do caminho. Peço desculpas, mas ele me ignora e continua resmungando até sumir da minha vista.

Olho mais uma vez para a passagem, o coração acelerado, confirmando o horário do embarque. O voo sai em vinte minutos e ainda não passei pelo check-in.

Me perco em pensamentos, tentando focar no caminho à frente. Pergunto-me se, de alguma forma, estou fazendo um favor ao meu suposto noivo também. O casamento foi arranjado pelos nossos pais e avós, sem nosso consentimento. Talvez ele também esteja preso a essa situação. Fugindo, posso estar oferecendo a ele a chance de encontrar alguém que ame.

Acelero o passo, tentando não perder mais tempo com meus pensamentos turbulentos. "Hoje eu não vou sentir a fúria do meu pai. Não vou mesmo", prometo a mim mesma.

Sinto um impacto forte que me desequilibra, fazendo a passagem cair ao chão. O susto me arranca um palavrão involuntário.

- Olha por onde anda, cacete! - esbravejo, mais raivosa do que pretendia.

- Calma, furacão, não foi intencional - responde uma voz masculina, descontraída.

Nos abaixamos ao mesmo tempo para pegar a passagem. Nossos olhares se encontram e ficamos parados, como se o mundo tivesse desaparecido. Ele é surpreendentemente bonito. O cabelo castanho escuro cai levemente sobre a testa. Seu rosto tem traços marcantes, e ele exibe um sorriso sutil que faz o tempo desacelerar.

Nossos dedos se tocam ao pegar a passagem, e uma descarga elétrica percorre o ponto de contato, provocando uma sensação de formigamento onde ele me tocou.

- Eu tenho nome - digo, tentando recuperar o controle e ignorar o quanto ele é atraente.

- E posso saber qual é? - pergunta, exibindo um sorriso encantador. Não é um sorriso qualquer . É aquele tipo que revela covinhas e ilumina os olhos de um jeito que atordoa a alma.

- Não te interessa - respondo, apertando a passagem com mais força do que o necessário.

- Te vejo por aí, "Não te interessa" - ele responde, com um tom brincalhão.

Reviro os olhos com a piadinha sem graça e me afasto, mas ainda noto que ele continua sorrindo.

Respiro aliviada ao entrar no avião. Encontro meu lugar junto à janela e me sento, observando o movimento da cabine enquanto os passageiros embarcam. As conversas suaves e os sons do embarque criam um ambiente tranquilo - até que o ar ao meu redor parece congelar.

O homem que esbarrou em mim minutos antes está entrando no avião. Meu coração dispara como um tambor de escola de samba. Uma onda de nervosismo percorre minha espinha.

Ele caminha pelo corredor com um passo descontraído, os olhos vasculhando os números dos assentos. Não pode ser...

"Por favor, não sente ao meu lado. Por favor, não sente ao meu lado", murmuro baixinho, quase como um mantra. Mas é claro que o destino adora brincar comigo. Com um sorriso travesso, ele para exatamente ao meu lado.

- Parece que este é o meu lugar - diz, colocando a bagagem de mão no compartimento antes de se sentar. - Isso foi mais rápido do que eu esperava, não é mesmo, 'Não te interessa'?

Ranjo os dentes. Ele se acomoda com uma tranquilidade quase desdenhosa, como se não houvesse lugar mais interessante no mundo.

- Você é sempre assim, tão... engraçado? - pergunto, ácida.

- Você me acha engraçado?

Reviro os olhos e bufo, lutando contra o desejo de arrancar aquele sorriso com as unhas.

Ele solta uma risada suave, que vibra como uma melodia. Fala mais algumas coisas que causam o mesmo efeito: olhos revirando, sombra de um sorriso, ou pura ignorância da minha parte.

Minutos depois, o avião decola.

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