Jogos de aparência

Ryker sempre sonhou em ser jogador de basquete profissional e, com muito esforço e dedicação, conseguiu transformar esse sonho em realidade. No entanto, com a independência financeira e o estilo de vida glamoroso que a fama trouxe, ele passou a frequentar festas luxuosas, cultivando uma reputação de rebelde e conquistador.

No auge de sua carreira, Ryker foi convidado para a inauguração de uma loja de artigos esportivos, um evento repleto de celebridades e influenciadores. Ele era o centro das atenções, sendo abordado por fãs, amigos e jornalistas, enquanto aproveitava o momento para ostentar seu carisma natural.

Foi nesse evento que ele conheceu Beila, uma jovem fisioterapeuta extremamente reservada, tímida e séria, que havia sido contratada para dar suporte ao evento com orientações sobre saúde e bem-estar para os convidados. Beila não tinha o costume de frequentar lugares tão movimentados e glamorosos, o que fazia com que se sentisse deslocada entre os holofotes.

Durante o evento, enquanto Ryker cumprimentava conhecidos e fazia piadas com seu melhor amigo Jason, seus olhos cruzaram com os de Beila por acaso. Ela estava ajustando algo em sua mesa de demonstração e, por um breve momento, olhou para Ryker. Havia uma mistura de curiosidade e desconforto em seu olhar, enquanto ele, intrigado pela simplicidade dela em meio à agitação do evento, manteve o contato visual por mais tempo do que o esperado.

Pouco depois, Jason, sempre sociável, decidiu apresentar Ryker a Beila, percebendo que o amigo estava interessado. Apesar da hesitação inicial, Beila cumprimentou Ryker educadamente, mantendo uma postura formal e profissional. Ryker, por outro lado, usou seu charme descontraído para tentar quebrar o gelo, mas ficou claro que Beila não era do tipo que se deixava impressionar facilmente.

Esse breve encontro foi o suficiente para deixar Ryker intrigado com Beila. Ela era diferente das pessoas com quem ele costumava interagir, discreta, reservada e imune ao brilho de sua fama. Beila tinha uma aparência despretensiosa, o que refletia sua personalidade reservada e prática. Seus cabelos eram loiros, cacheados e meio bagunçados, caindo naturalmente como se ela não se preocupasse em domá-los.

Vestia uma calça jeans larga e surrada, que mostrava sinais de uso prolongado, combinada com um tênis esportivo da Adidas, também um pouco desgastado, indicando que conforto estava acima de qualquer preocupação com tendências. Sua camiseta folgada completava o visual casual e sem pretensão. Beila não usava maquiagem, e sua pele limpa e natural transmitia uma atitude genuína, alheia a vaidades ou exigências estéticas. Apesar disso, havia algo cativante em sua simplicidade, que contrastava fortemente com o glamour e ostentação ao redor dela no evento. Era como se sua autenticidade chamasse a atenção sem que ela tentasse.

Beila vinha de uma família grande e unida, sendo criada em um lar de classe média baixa que sempre valorizava trabalho duro e honestidade. Pé no chão desde cedo, ela aprendeu a ser esforçada e independente. Assim que completou a maioridade, Beila saiu de casa determinada a construir um futuro sólido e a buscar seus próprios caminhos. Apesar das condições financeiras limitadas de sua família, ela conseguiu aproveitar ao máximo suas oportunidades, utilizando cada recurso com sabedoria para investir em sua educação e carreira.

Decidida a focar em si mesma e em seus sonhos, Beila deixou os relacionamentos amorosos em segundo plano. Nunca teve sorte nos envolvimentos e, por isso, optou por canalizar toda sua energia nos estudos e na construção de uma carreira. Graduou-se em fisioterapia e concluiu uma pós-graduação voltada para o cuidado de atletas. Por muito tempo, esteve tentando se firmar como fisioterapeuta e preparadora física, viajando ao lado de times esportivos enquanto fazia estágios e adquiria experiência. Ainda assim, propostas definitivas em sua área eram difíceis de conseguir, o que a mantinha com os pés no chão, sempre perseverando.

Seu temperamento era tranquilo, sincero e discreto, o que fazia dela alguém fácil de lidar, mas também alguém que raramente dava abertura para homens interessados. Beila mantinha uma postura séria e focada, afastando até mesmo aqueles considerados mais tranquilos e bem-intencionados. Ela nunca se apaixonou, nunca namorou, e permanecia virgem. Para ela, conquistas pessoais sempre tiveram prioridade.

Orgulho de sua família e exemplo para seus irmãos mais novos, Beila era respeitada pela determinação e pela força de vontade que demonstrava. Sua simplicidade e dedicação eram sua marca registrada, mesmo em meio às dificuldades que enfrentava.

Ryker era o tipo de homem que deixava sua marca por onde passava, para o bem ou para o mal. Mulherengo assumido, ele sabia como usar seu charme e simpatia para conquistar as pessoas ao redor, mas seu ego exacerbado e sua arrogância muitas vezes transformavam interações promissoras em conflitos inevitáveis. Ryker não fazia questão de esconder sua autoconfiança e gostava de ser o centro das atenções, algo que alimentava seu gosto por festas e pela vida agitada.

Apesar de sua presença marcante, Ryker não era ligado à família. Morando sozinho, ele evitava vínculos e frequentemente discutia com seus pais, em especial sua mãe, tornando suas visitas ou conversas familiares tensas e carregadas de mágoas. A solidão de sua vida urbana parecia combinar com o estilo independente e provocador que ele cultivava.

No evento de inauguração da loja de esportes, Ryker estava impecável em seu estilo extravagante. Usava uma calça social preta que destacava sua postura confiante e uma camisa florida de botão, com estampas ousadas que refletiam sua personalidade chamativa. No pulso, exibia um relógio caro que parecia ser menos uma ferramenta para ver as horas e mais um símbolo de status. Ele era aquele tipo de figura que parecia calculadamente descuidado, mas na verdade sabia muito bem como atrair olhares para si.

Durante o evento, Beila e Ryker acabaram trocando olhares por acaso. Beila, sempre tímida e reservada, percebeu o sorriso de Ryker enquanto ele conversava com Jason do outro lado do salão. Por um instante, achou que ele estava sorrindo para ela, talvez em um gesto de gentileza ou interesse. Isso a deixou ligeiramente desconcertada e fez com que desviasse o olhar rapidamente.

No entanto, o motivo do sorriso de Ryker era bem diferente. Observando de longe, ele notou Beila com sua postura humilde, trajando roupas simples e devorando guacamole como se estivesse faminta. Para ele, aquilo parecia destoar completamente do ambiente elegante e refinado da inauguração. Ele riu, com uma mistura de divertimento e desdém, achando engraçado que alguém pudesse se importar tão pouco em "manter a pose" em um evento tão badalado.

Esse momento, embora breve, marcou o primeiro contato, ainda que silencioso, entre os dois. Enquanto Beila se sentia deslocada, mas focada em fazer seu trabalho, Ryker parecia intrigado pela simplicidade dela, mesmo que com uma dose de arrogância em seu olhar.