Baixar App hot
Início / Romance / Vingança no Morro
Vingança no Morro

Vingança no Morro

5.0
5 Capítulo
57 Leituras
Ler agora

Sinopse

Índice

Samira nasceu nos arredores da Baixada do Sapo, uma comunidade vibrante e perigosa na zona leste de São Paulo. Apesar de ser criada em uma realidade distante da violência que cercava sua casa, sua vida foi marcada por tragédias que a arrastaram de volta às origens. Casada muito jovem, ela viu seu mundo desmoronar enquanto os irmãos se envolviam no crime. Determinada a salvá-los, Samira iniciou discretas alianças na comunidade. Quando percebeu que o futuro da Baixada só mudaria com a troca de liderança, ela começou a manipular o homem que a apelidou de "Sereia", usando-o para executar um plano engenhoso e silencioso de ascensão. No entanto, a brutal morte de sua irmã Adrielle, aos 19 anos, a obrigou a sair das sombras e enfrentar os donos da quebrada, especialmente para proteger Rodrigo, seu irmão, que buscou vingança com as próprias mãos. Agora à frente da comunidade, Samira enfrenta o desprezo e a desconfiança. Muitos enxergam apenas a mulher de corpo escultural, de apelido provocante, mas não imaginam o que está por trás de sua força inabalável. Marcada pelo suicídio de seu primeiro marido e por uma sequência de tragédias, ela se tornou uma estrategista implacável. Em um jogo onde poder e sobrevivência caminham lado a lado, Samira mostra que o verdadeiro perigo não está nos homens armados, mas em quem sabe manipular as peças sem ser notado. Durante uma década, muitos dos eventos que moldaram a comunidade foram resultado de seus planos cuidadosamente executados. Agora, todos irão descobrir que por trás da "Sereia" existe uma líder capaz de mudar as regras do jogo, custe o que custar.

Capítulo 1 Quando ela caiu em minha cama

Samira abriu o portão de casa com cuidado. Rodrigo, seu irmão, tentou convencê-la a desistir da ideia, mas ao perceber que ela estava decidida, acabou acompanhando-a. Assim que entrou, estranhou encontrar a porta da casa fechada. Custava acreditar que Jean teria coragem de permitir que a amante dormisse ali, mas tudo indicava que sim. Entrou na cozinha e ficou em choque ao ver panelas sobre o fogão. Jean almoçava no trabalho e jantava na casa da mãe dela ou na casa dele. Por que havia comida feita em casa?

Os olhos de Samira começaram a lacrimejar ao perceber que aquela mulher estava morando em sua casa. O choque foi ainda maior quando, ao passar pela sala, viu as cortinas trocadas, o sofá sem capa e nenhum som vindo do quarto. Sua mente entrou em uma espiral de pensamentos ao constatar que aquilo não era uma aventura, não era apenas sexo casual de alívio por ela estar de resguardo. Ela pensou que se sentiria péssima se os encontrasse transando. mas dormindo juntos em seu quarto foi bem pior! Jean estava vivendo ali com outra mulher. Não era qualquer uma, mas alguém com quem ele convivia muito antes de conhecê-la. Há quanto tempo aquilo estava acontecendo?

Adrielle, sua irmã, sempre dizia que ela era sonsa, acreditava demais nas pessoas e percebia as coisas tarde demais. Mas, naquele momento, Samira sentia sua mente funcionando a mil, pensando tão rápido que até ela mesma se assustou. Parou abruptamente no corredor, fazendo Rodrigo esbarrar nela. Colocou o dedo sobre os lábios, pedindo silêncio, e fez um gesto para que ele voltasse. Rodrigo hesitou, preocupado em deixá-la sozinha, então ela passou na frente dele e saiu de novo e o irmão a seguiu. Ela deixou a porta e o portão abertos e pediu a Rodrigo que acendesse um cigarro de maconha do lado de fora.

- Você está louca? Eu não fumo isso!

- Você engana a mamãe, que é boba. Eu sei que você dá uns tapas. Eu preciso me acalmar. Deixa eu dar uns tapas também.

- Você está enganada, Sâmi. O cigarro que viu era dos meninos. Eu não uso droga nenhuma.

- Então me dá o cigarro, eu acendo!

Contrariado, Rodrigo entregou o cigarro e o isqueiro Zippo. Samira sabia exatamente o que estava fazendo: o isqueiro era seu intuito. Nunca havia fumado, nem cigarro comum. Não seria agora, amamentando um bebê de um mês, que começaria. Voltou para dentro da casa, pegou uma garrafa de álcool debaixo da pia e foi em direção ao quarto. Rodrigo ficou para trás, ela andou muito rápido e ele mal conseguiu acompanhá-la.

Ao entrar no quarto, Samira se forçou a fechar os olhos, esperando que se acostumassem à penumbra. O abajur emitia uma luz fraca, revelando a cena que a dilacerou por dentro. Jean estava deitado como sempre, de lado, com as pernas dobradas e um travesseiro no meio. Ele só conseguia dormir assim, e Samira lamentava nunca ter conseguido dormir de conchinha com ele. Ao lado dele, Cíntia vestia a camisola preferida de Samira, deixada para trás porque era velha demais para levar à maternidade. Estava de bruços, com o braço debaixo da cabeça, a coberta apenas em cima de sua bunda.

Rodrigo apareceu na porta e parou, horrorizado. A visão de Samira de pé, observando os dois dormindo como um casal, parecia surreal. Sem desviar os olhos de Cíntia, ela abriu a garrafa de álcool. Quando Rodrigo percebeu o que ela pretendia, tentou impedir, e Samira podia ouvir o grito silencioso dele a encarando, quando finalmente entendeu para que ela queria o isqueiro. Ela despejou metade do líquido ao redor de Cíntia e no cobertor. Quando começou a despejar a outra metade, Cíntia despertou ao sentir o líquido gelado sobre o corpo, , arregalando os olhos e mexendo a perna, que bateu em Jean, no momento que risquei o Zippo. Quando Jean se deu conta do que estava acontecendo, pulou para o mais longe possível da cama. Samira sorriu e jogou o isqueiro aceso sobre a cama, virando as costas para as labaredas.

Enquanto o caos se desenrolava atrás dela, Samira subiu na moto de Rodrigo, que apenas murmurou: "Fudeu." Ele pilotou até a farmácia onde estava antes, mas parou bruscamente.

- O que foi?

- Incêndio criminoso dá cadeia. Eu vou tirar você dessa.

Sem esperar resposta, Rodrigo entrou na favela, ao invés de pilotar de volta até a casa dos dois. Ele parou na casa de Deco, explicou a situação, e Samira viu Deco pegar o rádio e dar ordens, embora não entendesse o que ele dizia. Logo, o som de motos ecoava pela quebrada. Rodrigo voltou para explicar:

- Eles vão tentar impedir Jean de te denunciar. Mas, se não conseguirem, seu álibi já está preparado.

- Um álibi? Como assim?

- Samira, você causou um incêndio proposital. Se ninguém morrer, você pode pegar uns oito anos de cadeia.

- O que eu faço agora?

- Você vai pra casa do Alexis, e ele vai dizer que vocês transaram a noite inteira. Se o Jean te denunciar, você tem um álibi e um motivo pra ele querer te incriminar. Estava sendo traído pelo gerente da boca, não podia se vingar porque não conseguiria se sustentar em um confronto, e por isso tentou matar a amante dele e colocar a culpa em você.

Samira aceitou e foi encaminhada para a casa do Alexis, pensando em como bandido pensava rápido pra resolver problema com a justiça!

Estava cega de ódio, de rancor e colocar fogo naquela vadiä não diminuiu seu sentimento. Então resolveu deixar seu álibi muito mais convincente e sim, fez sexö a noite inteira com Alexis, o gerente da boca e homem de confiança dos três irmãos que comandavam a quebrada!

Foi libertador e ninguém a procurou. No outro dia de manhã, Alexis falou que se ela quisesse, tinha proteção e ele a colocava no nome dele.

- Nando, na boa. Você tá ligado que eu não sou mulher do crime. Crescemos juntos, estudamos juntos e até que você é gostosinho, mas essa vida não é pra mim.

- Tá certo, Sereia, mas me responde uma coisa: cê vai voltar praquele Zé Ruela?

- Sereia?

- Com um rabão desse, mulher, te sigo até o infinito!

- O Zé ruela me chama de rabo de arraia, mas gostei mais de Sereia. Eu não sei se vou voltar, mas preciso pensar agora.

- Cê tá ligada que agora também é do crime, né? E bem assinado ainda. Mas se cê voltar pra ele, tá ligada que eu talariquei o mané e pode dar ruim pra mim?

- Não se preocupe. É nosso segredinho

Samira foi pra casa ver seus filhos e dormir um pouco. À tarde, Rodrigo trouxe a informação que a vadia estava viva, mas com mais de 70 por cento do corpo queimado. Jean tentou buscar água pra apagar o fogo dela, mas não conseguiu mais voltar. Vizinhos chamaram os bombeiros e o encontraram desesperado jogando água no balde. Ele foi hospitalizado por inalar muita fumaça e quando foram tomar o depoimento dele, Eduarda já tinha comunicado que Cintia estava com problemas mentais e cada dia estava dormindo na casa de uma pessoa, para cuidarem dela. Ele corroborou que ela estava dormindo no quarto das crianças e tentou seduzir ele, que não aceitou porque era um homem casado e fiel, e a esposa dele estava de resguardo na casa da mãe. Então ela fez aquilo, ateando fogo em si mesma...

Contaram a Samira que o depoimento dele foi tão convincente, que ele até chorou do horror que presenciou. E ela passou mais de 15 dias sem vê-lo, até que ele a procurou...

Continuar lendo
img Baixe o aplicativo para ver mais comentários.
Baixar App Lera
icon APP STORE
icon GOOGLE PLAY