Ele era um empresário bilionário mas tinha um segredo: Era na verdade, também, um lobo. No seu instinto acabou deixando sua marca, seu cheiro, seu desejo, justamente em uma garota de uma família de bruxas. Agora, a pacata vida de Belle iria passar por grandes mudanças e ela vai precisar descobrir se está preparada para se entregar ao seu desejo enfrentando as consequências de qualquer que seja sua escolha.
Belle correu pelo enorme jardim, que quase se misturava à floresta, que havia nos fundos de sua casa. Sua camisola estava aberta até as abas caírem ao lado de seus seios e a brisa fresca soprava por suas pernas nuas. Estava muito calor, era uma da madrugada e ela queria apenas pegar o livro, que havia deixado na casa da árvore dela e das irmãs. Elas não a usavam mais para brincadeiras infantis, suas irmãs nem subiam ali há um tempo, mas Belle amava ficar lá em cima. Estava sem sono e iria usar seu tempo para praticar feitiços.
Sua mãe havia proibido ela e as irmãs de saírem ali a noite, pois haviam ouvido sobre uma casta de Lobos e outra de bersekers que haviam se mudado para a redondeza. Suas irmãs, Aellyan e Bryelle obedeceram e não quiseram ir com ela. Mas isso porque elas ainda eram bombinhas. Belle, sendo a mais velha das três, tinham feito cento e noventa anos, Aellyan e Bryelle, que eram gêmeas, tinham completado apenas cento e oitenta. O que era bem pouco para a casta de bruxas e outros seres que viviam milênios. Belle também era também a mais ousada. Sempre lhes disse que já eram moças, não tinham o que temer, além do mais, eram bruxas. Elas podiam apenas jogar um feitiço em algum lobo ou bersekers se eles tentassem invadir o jardim delas. Ou fazer qualquer mal. Belle olhou para trás, a janela dos quartos das irmãs estavam abertas e as duas estavam na sacada esperando Belle voltar. Seguravam uma vela cada uma para lembrar Belle de voltar, já que ela sempre se perdia nos livros da casa da árvore. Era seu lugar preferido. Olhou para frente novamente, teve vontade de usar um feitiço de flutuação, para ir até lá em cima da árvore e depois voltar. Mas amava sentir a grama macia em seu pés, e esse horário, quando a mãe não olhava, era o único que podia correr descalça. Sua mãe era muito rígida com ela em especial pois era a que sempre fazia as coisas perigosas e amava as aventuras. Tropeçou e percebeu os risinhos das irmãs. Certeza que haviam apostado em quantos segundos ela cairia ou tropeçaria na grama e nas raízes do jardim, as apostadoras compulsivas!
Uma vez elas tentaram apostar quando que Belle finalmente beijaria um garoto, e quando Belle vira a aposta, fizera sua melhor amiga, a Sury, apostar com as irmãs que ela beijaria alguém no baile de sábado na casa da Linet. Sury apostou e quando Belle beijou um rapaz aleatório, do nada, na frente das irmãs, elas foram com má vontade pagar a aposta em dinheiro. Belle e Sury riram muito das duas. E tomaram muito sorvete, com elas também. Sorvete que compraram com o dinheiro da aposta.
Elas sempre apostavam sobre qualquer coisa.
Ela chegou bem embaixo da árvore e pulou rapidamente na escada, que subiu , subiu e subiu até chegar ao topo. Empurrou a porta pra cima e entrou, deixando-a aberta já que logo iria sair. Acendeu a luz magicamente e olhou para fora pela janela. Acenou para as irmãs e elas acenaram de volta. A noite estava clara e iluminada por causa da lua que estava cheia. Belle apreciou a vista e ficou sonhando, o mar calmo atrás de sua casa. Amanhã seria um dia maravilhoso para irem à praia. Ela sabia.
Ficou ali um pouco olhando a lua. Era uma das suas datas preferidas, quando a lua cheia estava alta no céu, parecia que ela a chamava, queria dançar nua na floresta em homenagem à ela. Na verdade, já haviam três anos que fazia isso. Nem suas irmãs sabiam disso. Era um segredo que iria manter só para si. Quando não sabiam de seus segredos, não tinham como contar não é mesmo? Agora com essa proibição da mãe, e a vigilância de suas irmãs, não poderia sair livremente para dançar esta noite. Pelo menos não até elas dormirem. Quem sabe? Pensou ter visto uma movimentação logo abaixo, mas quando parou para olhar bem, não viu mais nada. Voltou o olhar para a lua, sorriu. Tinha vontade de fazer um soneto só para ela.
Belle parou de namorar a lua, pois suas irmãs sacudiram as velas para que ela se apressasse e revirando os olhos ela voltou a olhar dentro da casa. Andou até a prateleira procurando o livro que queria. A madeira da casa, já tão antiga, estalava embaixo de seus pés. Belle dedilhou as lombadas dos livros, abriu um e sentiu o seu cheiro, as páginas impressas com letras elegantes e as bordas em alto relevo. Um livro deveras antigo, herança de sua família. Havia recebido eles pela ocasião de seu aniversário de cento e oitenta anos. Na família Grimmyre era assim, elas recebiam uma biblioteca de presente quando chegavam à maioridade. Para ela era o melhor presente do mundo. Ouviu um barulho e ficou atenta, seu corpo deu um arrepio. Sempre se arrepiava quando ia lhe ocorrer algo importante. Sempre. Nunca falhava. O barulho se repetiu. Ela largou o livro na mesa, o chão rangeu com sua mudança de peso do corpo. Olhou fixamente a entrada da casa, preparada, em posição de luta, com as mãos erguidas, sua varinha a postos. Era a melhor em feitiços de ataque e de proteção na faculdade. Sempre ganhava os torneios. Seus cabelos esvoaçaram com a energia que transpassava seu corpo. A varinha, que conjurava quando precisava, pois fazia parte de sua alma, completamente carregada com o feitiço.
Seu corpo vibrou novamente, o arrepio mais forte. Sentiu um cheiro intenso de um perfume, um perfume estranho, mas delicioso, que lhe deixou entorpecida. Não tirava seus olhos da entrada da casa. Nada aconteceu. Andou devagar até o buraco no chão, olhou embaixo, não havia nada. Será que estava imaginando coisas? O cheiro persistia. Voltou seu olhar para a mesa, virou-se para pegar o livro e levou um susto de morte. Tanto que nenhum grito saiu de seus lábios, travado em sua garganta. Um lobo enorme estava em pé de frente para ela, calmamente caminhando em sua direção, extremamente silencioso. Ela olhou para o chão e pensou porque o chão não rangia com o peso dele. Voltou seus olhos para o lobo. Ela andava para trás e ele acompanhava seus passos em sua direção. Seu corpo alto e forte e seus olhos magníficos, verdes, a olhavam sem piscar. Apenas medindo sua figura de cima abaixo. Ela sentiu a lufada de vento entrar, trazendo novamente o cheiro do perfume maravilhoso e inebriante. Era ele que cheirava assim. Ela sentiu o coração acelerado ir diminuindo a frequência.
Entorpecida, reparou na lua atrás dele.
Era lua cheia, claro.
- O que quer aqui lobo? Sou Belle Grimmyre, saiba que se me fizer algum mal posso revidar! - falou altiva.
O lobo apenas cheirou o ar profundamente, se aproximou mais dela, chegando tão perto que sentia o calor escaldante do corpo dele no seu. Ela se arrepiou instantaneamente. Ele fungou e puxou o ar com força de novo. Estendeu as mãos para ela, e ela levantou a cabeça altiva, estufando o peito para frente, ela não iria demonstrar nenhum tipo de medo. Ela se garantiria. Ele desceu os olhos para seus seios e Belle entendeu que aparentemente ela apenas deu a ele uma boa visão. Ele a tocou em seu ombro, apenas segurando de leve com suas mãos enormes, ambos se arrepiaram com o choque de energia que passou dele para ela. Ele chegou seu focinho mais perto dela e ela sentiu seu hálito, o cheiro maravilhoso em primeira mão, quente, poderoso. Ele cheirou seu pescoço, foi descendo entre seu seios, sem tocar mas tão perto que ela se sentiu acariciada em cada milímetro de onde a respiração quente dele passava, até chegar ao meio de suas coxas. Ali ele fungou tão fortemente que Belle pensou que iria desmaiar, e quando soltou a respiração, sua camisola se balançou violentamente. Ele subiu novamente a cabeça fazendo o caminho inverso. Parou em frente ao seu pescoço e Belle sentiu o hálito se aproximar mais, ela fechou os olhos incapaz de se mover. O coração batendo forte e não sabia o que era, mas a excitação estava a mil percorrendo o corpo dela. Ela sentiu a língua dele se deslizar entre seu seios, lambendo o suor que escorria ali e subiu até seu rosto, terminando em sua boca. Ela ficou imóvel, todo o seu corpo, tremendo incontrolavelmente. Sentiu a mão dele sair de seu ombro, deixando-a temporariamente sem equilíbrio. Mal havia percebido que ele que a segurava de pé. Ela abriu os olhos e não havia mais nada ali. Olhou em volta da casa, ela era grande para uma casa na árvore. Haviam dois quartos, uma sala e uma cozinha além da varanda. E um lobo poderia se esconder em qualquer cômodo. Ela puxou a respiração, tentando captar o cheiro dele no ar, mas não sentiu nada mais. Rodou pelos cômodos e nada. Por fim, pegou o livro que havia ido pegar, apagou a luz e desceu da árvore, desta vez cautelosa. Caminhou pela grama olhando para todos os lados. Viu o brilho de um olhar verde, ou pensou ter visto, na borda da floresta, onde não havia a luz da lua pelo tanto de árvores que havia e a cada metro que alcançava em direção a sua casa, ela olhava para a borda escura, os olhos estavam lá, seguindo-a. Ela olhou à varanda e suas irmãs estavam ali ainda esperando e sacudindo as velas para que ela se apressasse.
Mas ela caminhou e olhou para o lado da floresta. Quando pisou na varanda da casa olhou e não viu mais nada. Entrou. Trancou as portas e jogou um feitiço de proteção.
Subiu sorrateiramente.
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