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Heloisa não era uma garota comum, tudo nela era diferente e assim que o Sheik Hassan Al Kalifa colocou os olhos nela, ele a desejou. Acostumado a ter seus desejos facilmente atendidos, Hassan não poderia imaginar as dificuldades que teria em seu caminho para conquistar, além do corpo de Heloisa, também o seu amor.
Heloísa estava acabando de se vestir quando ouviu a buzina, ela não ia ter tempo de se maquiar e arrumar o cabelo. Rapidamente ela passou apenas um batom e prendeu o longo cabelo dourado em um coque frouxo, olhou uma última vez no espelho e gostou do que viu. A saia curta e justa em tons pastéis mesclados aleatoriamente combinava perfeitamente com o body azul claro, justo e decotado quase até o umbigo. O salto alto da mesma cor da blusa completava o conjunto perfeito. Ela pegou uma pequena bolsa e desceu correndo as escadas de sua casa.
A mãe estava sentada na sala e quando viu a filha saindo a chamou imperiosamente a fazendo estacar com a mão na maçaneta da porta.
- Heloísa!!
"Droga!! Agora teria que ouvir a mãe desfiar um rosário de recomendações antes de sair". Ela voltou até a sala onde a mãe estava.
- Onde você está indo?
- Vou em um barzinho com uns amigos!
- Bar? Heloísa tome cuidado com estes lugares filha! Não beba demais e não se atreva a dirigir se beber. Leve uma blusa, pode esfriar e não volte muito tarde, seu pai e eu ficamos preocupados. Com quem você vai?
- Com os meninos de sempre.
- Você não tem amigas filha?
- Mããeee, os meninos já estão aí na porta me esperando. Tchau!!!
- Heloísa!! Volte aqui..eu ainda não acabei!!
Já abrindo a porta ela gritou a resposta.
- Eu já sei tudo que você vai falar mãe!! Não se preocupe comigo!
Chegando próximo ao carro de luxo, Heloísa cumprimentou os dois rapazes que ali esperavam, de maneira inusitada tanto na fala quanto no gesto de cumprimentar com um toque dos punhos fechados.
- E aí troxas? Cadê o terceiro pateta?
- E aí Pilantra? Karin já foi para o barzinho. Ele tem companhia.
Heloísa entrou no carro e eles partiram. Eles eram amigos e apesar de terem a mesma idade Jonathan, Youssef e Karin a tratavam como se fosse uma irmã mais nova e mimada. Os quatro amigos eram um clube extremamente fechado, onde namorados e outros amigos não tinham espaço, então o fato de Karin estar no clube acompanhando de alguém chamou a atenção de Heloísa.
- Karin arrumou uma namorada e a levou para o bar?
Youssef, que dirigia o carro, olhou pelo retrovisor, para focar os olhos em Heloísa e respondeu.
- Não Lôlô!! O tal do meio-irmão, que ele sempre fala, está na cidade e Karin resolveu levar ele para conhecer a noite.
- Uaúúú...o tal meio-irmão não é um árabe milionário?
- Não! Ele é bilionário e não é um árabe qualquer...é um Sheik.
- Vou conhecer um Sheik de verdade então? Nossa!!! Estou até emocionada!
Heloísa foi irônica e os amigos sabiam disso. Na verdade era muito provável que ela se escondesse para não conhecer o tal meio-irmão de Karin. Heloísa era estranha, se vestia como uma mulher fatal e falava descontraidamente com eles, mas quando estava próxima de estranhos, tinha a timidez de uma virgem e mal abria a boca. Os três rapazes eram os únicos com quem Heloísa era ela mesma. Os rapazes e as garotas da faculdade tinham medo de se aproximar dela, mas teciam comentários as suas costas. Os rapazes diziam que ela era gostosa mais fria como um iceberg e as garotas diziam que ela era chata e metida. Os três amigos sabiam que o comportamento de Heloísa gerava estranheza, e nem eles entendiam o motivo da garota ser tão difícil de lidar assim. Se ela não fosse assim, seria a garota mais popular da faculdade com certeza.
Assim que chegaram foram procurar Karin. Ele estava num ambiente reservado. A sala reservada ficava em um mesanino e tinha vista completa de todos os outros ambientes do bar. Uma mesa no centro servia de aparador para uma garrafa de Whisky pela metade e vários pratos com petiscos e entorno da mesa, em um sofá confortável estava Karin e um outro homem conversando, mas não pareciam muito animados com a conversa. Youssef e Jonathan entraram na sala e cumprimentaram Karin de forma descontraída, Heloísa permaneceu em pé na porta de entrada, encostada no batente com as pernas cruzadas na altura do tornozelo e as mãos unidas em frente ao corpo. Parecia descontraída, mas a forma de entrelaçar os dedos uns nos outros deixava claro aos amigos que ela estava desconfortável. O homem sentado junto com Karin, não podia ser classificado como bonito, ele estava mais para lindo, espetacular ou algo do gênero e desde o minuto que Heloísa chegou a porta, ele não tirou os olhos dela e ela se sentiu impactada por aquele olhar. O sorriso que ela tinha nos lábios foi morrendo aos poucos e ela adotou uma expressão entediada, encarando o sujeito de volta. Com um gesto de cabeça ela cumprimentou Karin e este apresentou o meio-irmão aos amigos.
- Jonathan, Youssef, Lôlô...este é meu irmão Hassan. Hassan estes são meus amigos Jonathan, Youssef e Heloísa!
Heloísa meneou a cabeça, em um cumprimento frio e distante. Hassan se levantou e cumprimentou os rapazes, mas seus olhos continuavam fixos em Heloísa. Ela não gostou do olhar dele, parecia estar arrancando cada peça de suas roupas e passeando os olhos pelo seu corpo nu. Normalmente o olhar frio e superior que ela retornava era capaz de fazer qualquer homem desviar o olhar, mas aquele sujeito não. Ele continuava a comendo com os olhos, sem nem se preocupar com a presença dos amigos. Após cumprimentar os rapazes Hassan se aproximou dela e estendeu a mão. Heloísa não moveu um músculo sequer, então ele segurou uma das mãos dela e trouxe até os lábios, depositando um beijo tão suave quanto o toque de uma pena, sem tirar os olhos do rosto dela. Ele murmurou seu nome como se estivesse saboreando um prato delicioso.
- Heloísa...é um lindo nome!
- Obrigada.
Ela puxou a mão rapidamente da mão dele e respondeu ao elogio secamente, desviando o olhar para os amigos.
- Eu vou descer!! Quero jogar...alguém mais?
Imediatamente Youssef e Jonathan se colocaram de pé com seus copos já cheios. Jonathan se manifestou e convidou os demais.
- Bora lá gente!! Vamos mostrar para esta garotinha o sabor da derrota.
Karin que não havia gostado nem um pouco do clima criado pelo irmão com Heloísa decidiu não forçar a presença do homem próximo a garota.
- Vão indo na frente, já descemos!
Os três deixaram a sala e Karin se sentou novamente no sofá. Hassan permaneceu olhando para o piso térreo, até que viu os três se dirigindo à uma mesa de snoker. Heloísa pegou um dos tacos e arrumou as bolas. Um dos copos de Whisky dos rapazes já estava sob o domínio dela e ela bebeu rapidamente o líquido, fazendo um sinal para o garçon lhe trazer outra dose. A postura dela era bastante interessante. Manuseava o taco como uma verdadeira profissional e bebia como um ébrio. Suas tacadas eram precisas e quando atingia sua meta, comemorava com gestos estranhos. As vezes ela dava um soco leve no braço dos oponentes ou os empurrava com o ombro e a seguir jogava a cabeça para trás gargalhando. Ele não conseguia desviar sua atenção dela, até que Karin deu um suspiro profundo e se remexeu desconfortável no sofá.
- Quem é ela?
- Heloísa? Eu te apresentei agora a pouco.
- Quero saber mais sobre ela. Diga-me!
- Hassan, deixe Heloísa em paz. Ela não serve para você!
- Ela é sua?
- Nãããoooo.
- E de um dos seus amigos?
- Hassan, ela não É de ninguém. Heloísa é livre! Neste País somos todos livres, ninguém aqui tem DONO.
- Não seja tolo! Não importa o país, a mulher pertence ao homem e o homem pertence a mulher. Se ela fosse de um de vocês eu até estaria disposto a comprá-la, mas se não é, vou comprar ela de seus pais.
- Ela não está a venda irmão!
- Quem é você pra determinar isso se ela não é sua? Eu a quero e vou tê-la! Está decidido! Fale-me sobre ela!
- Irmão, Heloísa não...
- Karin, nada do que você falar, vai fazer diferença, então poupe seus esforços e apenas me dê as informações sobre a garota.
Suspirando Karin percebeu que não iria adiantar tentar convencer o irmão com palavras. Ele teria que se confrontar pessoalmente com Heloísa para entender quem era ela. Hassan era um Sheik, o líder absoluto de seu povo, com poder infinito sobre a vida e a morte de seus suditos. Mesmo fora de seu pais, os desejos dele eram sempre atendidos, tanto pelo poder e dinheiro que ele possuía, quanto pela sua personalidade intimidadora. Ele não estava acostumado a ser contrariado e mesmo sendo seu irmão, Karin o temia. Sem outra opção ele atendeu a ordem do irmão e começou a relatar tudo o que sabia sobre Heloísa.
- Heloísa Magalhães, vinte anos, estuda na mesma Faculdade de Direito que eu, estamos no sexto semestre. A família dela é dona de uma pequena rede de supermercados, ela não é pobre, mas também não é rica. Na escola ela tira as melhores notas e é considerada pelos professores como um gênio do Direito, com uma carreira brilhante, mas o sonho dela é ser Policial. Bastante estranho já que o salário de policial é o mais baixo entre os aplicadores da lei e ela com certeza poderia ser juíza que é o salário mais alto. Eu, Jonathan e Youssef somos seus únicos amigos. Apesar da aparência descolada, ela é tímida e conservadora. Ela não gosta de proximidade com estranhos e quando se vê nesta situação se fecha feito uma ostra. Nós quatro estudamos juntos desde o primário. Lôlô sempre foi uma garota alegre e extrovertida que chamava a atenção de todos e tinha uma legião de fãs de meninas e meninos, mas algo aconteceu quando estávamos na quinta série e ela mudou. A partir daí apenas nos três conseguimos, com muita insistência, nos manter próximos dela.
Hassan batia os dedos longos em sincronia na mesa e neste ponto interrompeu a fala do irmão.
- Não a chame de Lôlô. Ela é minha e não quero que a trate por apelidos íntimos. O que aconteceu com ela?
Karin riu da fala de Hassan. Ele nem conhecia Heloísa e estava reivindicando direitos sobre ela.
- Está rindo de mim irmão? Qual parte da minha fala você tomou como engraçada?
- A forma que você diz que Heloísa é sua!! Hassan você nem conhece direito a garota, as coisas aqui não funcionam do seu jeito.
Hassan encarou o irmão com seus olhos azuis profundos como um céu noturno. Karin chegou a tremer de leve. Seu irmão era muito intimidador.
- VOCÊ não me conhece direito irmão e as coisas sempre funcionam do meu jeito onde quer que eu esteja! Eu a quero... Ela é minha, isto já é um fato e nada vai me impedir de ter o que eu desejo.
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