Uma garota que foi criada em um laboratório consegue fugir e os cientistas que a criaram tentam capturá-la, mas ela não quer voltar para a prisão em que vivia. Sua vida então se torna apenas uma questão de sobreviver e se esconder até conhecer William, que a convence a se arriscar numa aventura perigosa em busca de vingança e revolução.
Abri os meus olhos.
A sede e a fome queimavam minha garganta e faziam doer o meu estômago enquanto eu tentava me distrair.
Minha cela estava mais fria e vazia do que nunca e eu não conseguia pensar em mais nada a não ser a fome.
Olhei para o outro lado do vidro tentando encontrar alguém, mas eu estava sozinha.
Aquela cela era tudo o que eu conhecia do mundo. Era uma cela pequena e branca com uma parede de vidro e apenas um colchão e alguns livros amontoados no canto.
Quando eu era mais nova os livros eram infantis e havia alguns brinquedos, mas agora eu não tinha mais nada para fazer além de ler os livros que eles me deixavam, e nenhum deles era muito interessante, apenas me faziam ter mais vontade de sair dali; ou ficar jogando uma bolinha de plástico contra a parede.
Uma vez por semana eles me faziam desmaiar e me tiravam da cela, e quando eu acordava já estava de volta ali, mas não estava mais com tanta fome.
Eu não sabia o que eles faziam comigo, nem como me alimentavam enquanto eu estava inconsciente, mas eu já estava fraca e precisava me alimentar de novo, mesmo só fazendo quatro dias que eles haviam feito isso.
Comecei a bater no vidro com raiva, tentando chamar a atenção de alguém, e consegui.
- Calma mocinha. - ouvi a voz de Sheldon entrando na sala branca e cheia de equipamentos que ficava do outro lado do vidro.
Ele era um dos homens que me observava, e era o único que falava comigo, pois os outros costumavam apenas me ignorar, e às vezes até pareciam ter medo de mim.
- Eu estou com fome! - reclamei.
- E o que você acha que isso aqui é? Um restaurante? Você sabe que só vamos alimentar você daqui três dias.
- Por favor... - implorei.
Eu não sabia mais o que fazer. Normalmente eu só me desesperava assim depois de seis dias, mas na semana passada eu senti que estava prestes a morrer quando finalmente chegou o sétimo dia. É lógico que eu sempre sentia fome, mas normalmente era uma fome suportável, que eu conseguia disfarçar fazendo outras coisas.
Alguma coisa estava diferente em mim, pois eu estava faminta, cada vez mais. Minha garganta e estômago doíam e eu me sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento.
- Querida, você sabe que o seu "por favor" não vai me comover. - disse ele.
Urrei de raiva e soquei o vidro mais uma vez, mas isso não o assustou.
Minhas pernas estavam fracas e era difícil me manter de pé.
Me apoiei no vidro e respirei fundo, enquanto uma ideia se formava em minha mente. Eu precisava convencê-lo a me tirar dali de uma forma ou de outra.
Decidi usar um dos truques que quase haviam me libertado outra vez, quando um rapaz mais jovem estava ali.
Comecei a desabotoar bem devagar a camiseta que estava usando e percebi que Sheldon ficou um pouco tenso com isso. Tirei a camiseta e mordi o lábio enquanto olhava diretamente para ele.
- Por favor... - eu repeti, mas dessa vez com uma voz mais doce e sensual.
Ele olhou para mim com as sobrancelhas erguidas. Eu precisava ir mais longe se quisesse convencê-lo.
Tirei o sutiã bem devagar e passei a mão pelo meu corpo da forma mais sensual que consegui.
Sheldon parecia estar prendendo a respiração enquanto olhava para mim.
- Entra aqui. - chamei - A gente pode se divertir um pouco.
Ele respirou fundo e pigarreou.
- Eu não posso entrar aí fofura. Você é muito perigosa.
- Sou perigosa por quê? Eu só quero me divertir.
Comecei a desabotoar a calça, abaixando ela bem devagar, mas dessa vez ele virou as costas para mim e saiu.
Soltei um grunhido de raiva e voltei a me vestir, e foi quando eu tive outra ideia.
Me deitei no chão, simulando um desmaio, e fiquei deitada lá até que Sheldon voltou para me ver.
Ele não me deu muita atenção no começo, apenas me observou enquanto eu permaneci parada.
- Cinco, pare de fingimento e levante.
Continuei deitada com os olhos fechados e controlei minha respiração para que ficasse mais lenta e quase imperceptível.
Sheldon chamou Cristian pelo comunicador.
Cristian era outro homem que me observava também, mas era um pouco mais velho e mais maldoso que Sheldon.
- O que está acontecendo? - perguntou ele assim que entrou na sala.
- Ela está assim há horas. Não sei se ela está fingindo, ou se está desmaiada ou dormindo.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo.
- Entre lá. - disse Cristian.
- Eu não vou entrar lá!
- Não seja um covarde! É só você levar isso e se ela estiver fingindo você pode fazer ela desmaiar de verdade.
Tentei ficar parada apesar da ansiedade.
Ouvi a porta de vidro se abrindo e os passos de Sheldon se aproximando de mim.
Quando ele tocou em meu ombro para me virar, algo aconteceu dentro de mim.
O cheiro que vinha dele despertou um instinto adormecido.
Rapidamente eu me virei, jogando-o no chão e ficando por cima dele. Segurei seus pulsos, impedindo-o de me acertar com a arma de choque que estava em sua mão.
A fome e a sede mais uma vez fez minha garganta arder e eu senti um impulso enorme de mordê-lo.
Vi uma veia em seu pulso, onde eu estava segurando e cravei os meus dentes nela com toda a força que eu tinha, rasgando sua pele e fazendo o sangue jorrar.
O líquido quente e com sabor metálico escorreu para dentro da minha boca e eu o engoli com vontade, sentindo um grande alívio.
Eu nunca havia feito aquilo antes, mas a sensação era extremamente prazerosa.
Eu queria mais, mas os sons agitados que vinham de fora da cela chamaram a minha atenção.
Me levantei sem olhar para trás e corri pela porta que ainda estava aberta.
Cristian ainda estava lá, gritando para o comunicador enquanto outros homens vinham para tentar me capturar.
Corri o quanto minhas pernas puderam suportar, me esquivando deles, e não olhei mais para trás.
Foi assim que eu finalmente consegui a minha liberdade.
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