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Mystic School

Mystic School

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

"Em um colégio onde poderes e segredos andam lado a lado, Kyara nunca se sentiu como parte daquele mundo. Em uma noite marcada por intrigas e inseguranças, um encontro inesperado no pátio com um homem misterioso a faz questionar tudo o que sabe sobre si mesma e sobre os que a cercam. Ele é um enigma - um observador atento com palavras enigmáticas que a desarmam e uma presença que parece maior do que a própria realidade. Quem é ele? E por que parece conhecê-la melhor do que ela mesma? Entre olhares intensos, segredos ocultos e desafios silenciosos, sua busca por respostas a levará a descobrir que algumas conexões podem mudar tudo... ou destruir o que resta de sua sanidade."

Capítulo 1 Entre a tradição e a Rebeldia

- "Mystic Academy? Nem pensar!" - a voz do meu pai ecoou pela sala de jantar, a cada palavra, um trovão de reprovação.

Estava sentada à mesa, tentando ignorar o clima pesado que pairava no ar. Andrew e Robert estavam com o semblante abatido, enquanto meu pai, com o rosto vermelho de raiva, punha tudo a perder.

- Papai, por favor, você nem deu uma chance ao Mystic! - implorou Andrew, a voz trêmula.

- "Uma chance"? Vocês construíram uma escola mágica sem me consultar! Estão querendo arriscar tudo que conquistamos, expor nossa família para o mundo! - ele esbravejou, gesticulando com as mãos.

- Mas pai, o Mystic... - Robert tentou argumentar, mas meu pai o interrompeu.

- Não tem "mas"! O Mystic não existe. Nunca existiu e nunca vai existir! Vocês entenderam? - Ele bateu com força na mesa, fazendo os pratos tremerem.

Andrew e Robert se entreolharam, derrotados. Eu, escondida atrás da minha xícara de chá, tentava engolir a culpa.

- Kyara, você não vai se intrometer nisso, certo? - meu pai me olhou, os olhos frios e ameaçadores.

- Não, pai. - Murmurei, tentando parecer firme, mas por dentro meu coração se partia, em trair meus irmãos desse jeito.

Eu sabia que meu pai estava certo. Expor a magia para o mundo era um risco enorme. E ele tinha razão: não podia arriscar tudo o que tínhamos conquistado. Afinal, a família sempre foi o nosso escudo contra um mundo que não entendia a magia.

Mas meu coração também doía por meus irmãos. Eu os via construir o Mystic durante meses, dedicando horas e horas àquele projeto. Às vezes eu até os ajudava, mas não com a mesma intensidade que eles. E agora, meu pai havia destruído todos os sonhos deles com um único golpe.

- Papai, eu entendo o seu medo. - Robert disse, a voz baixa. - Mas nós não podemos ignorar essa oportunidade.

- Oportunidade? Vocês são jovens, Robert. Acham que o mundo está pronto para a magia? Não se iludam. - Meu pai virou-se para mim, os olhos cheios de reprovação. - Kyara, você vai me apoiar, certo?

- Sim, pai. - Murmurei, o rosto quente de vergonha.

Eu não podia apoiar meu pai. Eu não conseguia trair meus irmãos assim. Mas, e se o Mystic realmente fosse um perigo? E se o mundo não estivesse pronto para a magia?

- Eu só quero proteger vocês. - Meu pai disse, a voz mais branda agora. - Sei que é difícil entender, mas vocês são o meu bem mais precioso.

- Eu sei, pai. - Respondi, tentando confortá-lo, mesmo que meu coração batesse forte, cheio de culpa e apreensão.

Andrew e Robert se levantaram da mesa, os ombros curvados.

- Nós vamos ter que desistir. - Robert disse, a voz seca.

- Desistir? - Andrew engasgou, os olhos marejados. - Mas...

- Não adianta, Andrew. - Robert colocou a mão no ombro do irmão, tentando acalmá-lo.

Eles saíram da sala, deixando o silêncio pairar no ar. Eu fiquei ali, paralisada, observando-os ir embora, sentindo o peso da culpa me esmagar.

Eu não podia fazer nada para ajudá-los, pelo menos não agora. Meu pai estava certo. Eu não podia arriscar tudo o que tínhamos. Mas, e se a decisão dele estivesse errada? E se o Mystic realmente fosse a chave para o futuro?

Olhei para a xícara de chá, o líquido quente e amargo me lembrando da amargura da decisão que meu pai tomara. Talvez eu nunca soubesse a resposta para essas perguntas, talvez eu nunca soubesse se o Mystic teria sido a melhor coisa que poderia ter acontecido. Mas, por enquanto, eu tinha que me conformar.

Na manhã seguinte, a claridade que invadiu meu quarto era insuportável. Resmunguei, tentando me enterrar mais fundo no meu cobertor, mas a luz teimosa insistia em me acordar. Abri os olhos com irritação, e lá estava ele: Andrew, meu irmão mais novo, com um sorriso largo e uma bandeja de café da manhã na mão.

- Andrew, o que você quer? Que horas são? - perguntei, ainda sonolenta.

- Hoje é um novo dia, Kyara! Um dia especial! - Ele parecia mais animado do que o normal. - É hoje que o colégio Mystic vai abrir as portas! Finalmente, vamos inaugurar!

"Colégio Mystic", repeti mentalmente, sentindo um calafrio percorrer meu corpo.

- Como assim? Achei que você e o Robert tivessem desistido dessa ideia e outra, o que eu tenho a ver com isso? Não vou fazer mais parte disso Andrew.

- O que você tem a ver? - Andrew se aproximou, empurrando a bandeja em minha direção. - Bom, é simples: como hoje é a inauguração, vai ter uma festa de boas-vindas! E sabendo o quanto você ama festas, eu quero que você vá! E sobre o Robert e eu ter desistido da idéia, não desistimos, só foi para enganar o papai

Ele estava sendo sarcástico, claro. Eu odiava festas, principalmente as que envolviam gente que eu não conhecia. A ideia de me juntar a Andrew e Robert naquela escola de "magia e mistérios" me causava arrepios só de lembrar do meu pai.

- Não, Andrew. - Afundei o rosto no travesseiro, tentando ignorar a insistência dele. - Papai não aprovou essa ideia e se ele descobrir o que você e o Robert estão aprontando, vai dá ruim para vocês dois!

- Qual é, Kyara? Vai ser divertido! - Ele fez um biquinho, me olhando com aqueles olhos azuis que me deixavam sempre em dúvida. - E eu sei que uma hora ou outra você vai querer se juntar a nós e fazer parte do Mystic. E se o papai descobrir, que isso demore muito a acontecer.

- Ah, tá! Jamais vou querer participar disso.

- Para com isso, Kyara! - Ele pegou um pão de queijo e me ofereceu. - Come pelo menos esse café da manhã que eu preparei para você.

Olhei para o pão de queijo, sentindo meu estômago roncar. Não importava o quanto eu tentasse negar, o cheiro delicioso me conquistou. Andrew era um mestre na arte de me convencer com comida. Mas ele não sabia que, por trás da minha resistência, existia uma pontinha de curiosidade sobre o colégio Mystic. Uma pontinha que eu estava desesperada para ignorar.

Peguei o pão de queijo, mordendo com cuidado para não quebrar. Ele estava quentinho e crocante, exatamente como eu gostava. Andrew, com um sorriso vitorioso, se sentou na beira da cama, observando-me enquanto eu comia.

- Então, vai me dizer o que te deixa tão relutante em relação ao Mystic? - Ele perguntou, a voz carregada de curiosidade.

- Você sabe, Andrew. - Respondi, tentando parecer indiferente. - Não sou como você e o Robert. Não posso desobedecer às regras do papai

-Bom, o convite vai está aqui Kyara, caso você decida mudar de ideia, vá a esse evento.

Olhei para o convite dourado nas minhas mãos que ele havia me entregado, a imagem da Mystic Academy reluzindo sob a luz do sol da manhã. Um convite para a festa de inauguração, um evento que eu jamais imaginei que participaria.

O colégio Mystic. O sonho de Andrew e Robert, um sonho que eles dedicaram anos de suas vidas para construir. E eu, apesar de ter ajudado em alguns momentos, principalmente nas tarefas mais burocráticas, nunca me envolvi de verdade. Não que eu não acreditasse no potencial da escola, mas a ideia de misturar magia e tecnologia, de abrir as portas para um mundo que nosso pai tanto temia, me deixava inquieta.

Meu pai, um homem de tradições e de regras, sempre foi contra a exposição da magia ao mundo. Ele acreditava que a magia era um poder a ser preservado, não exposto. E o colégio Mystic, com sua proposta inovadora, era, para ele, a antítese de tudo que ele defendia.

Quando Andrew e Robert me contaram sobre seus planos, eu me recusei a participar. Não queria me colocar em risco, não queria desafiar meu pai. Mas eles, sempre teimosos, seguiram em frente, construindo a escola em segredo, utilizando seus próprios recursos.

- Kyara, você precisa entender! - Andrew implorou, os olhos brilhando de esperança. - O Mystic pode mudar o mundo. Pode ajudar pessoas, mostrar que a magia não é algo a ser temido, mas sim uma ferramenta para o bem!

Eu entendia o entusiasmo deles. A magia sempre foi parte de nossa vida, algo que fluía em nossas veias. Mas meu pai era inflexível, e eu não queria arriscar a relação que tínhamos, a segurança que ele sempre nos proporcionou.

- Não posso fazer isso, Andrew. - Respondi, meu tom firme. - Não posso me tornar responsável por algo que meu pai tanto teme.

Andrew tentou me convencer, usando argumentos de que o colégio Mystic seria um lugar seguro, um lugar onde a magia seria estudada e utilizada com responsabilidade. Mas eu não conseguia ignorar a sensação de perigo, de desobediência, que pairava sobre o ar.

- Não podemos nos rebelar contra nosso pai. - Disse, minha voz quase um sussurro. - Ele nos protege, ele nos ama. Não podemos simplesmente ignorar isso.

Andrew e Robert, claro, não aceitaram minha recusa. Eles, movidos pela paixão pelo projeto, se dedicaram de corpo e alma, construindo um espaço que, para mim, parecia um castelo de areia, pronto para desabar a qualquer momento.

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