Ivy é uma escrava do Alfa Lucian desde que ele matou os seus pais há dois anos e a aprisionou junto com o seu irmão. No dia de sua execução, para a sua surpresa, o Alfa Lucian segura o machado que a mataria e revela que ela é sua companheira destinada. Seu destino estava ligado ao lobo que matou quase toda a sua família, mas Ivy prefere morrer do que se tornar sua Luna. Lucian não querendo ir contra os desígnios da deusa Selene, que pune aqueles que machucam seus companheiros destinados, oferece um acordo a Ivy; se ela aceitasse ser sua Luna, ele libertaria o seu irmão e após ela conceber um filho homem, estaria livre para deixar a alcateia. Ivy aceita, mas será que ela pode confiar na palavra de Lucian, o alfa cruel e impiedoso que matou seus pais friamente? Ou isso era uma oportunidade dela vingar seus pais? Mas como ela poderia ignorar o profundo desejo entre os dois e manter seu coração afastado?
- Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.
Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.
Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.
- Juntos até o fim, sim. - Ivy finalmente responde. - Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.
Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva eterna.
Ivy o observava de soslaio sempre que ele aparecia, mas nunca o encarava diretamente. Não por medo - ela havia perdido a capacidade de temer após o que ele fizera a seus pais -, mas porque sabia que seus olhos carregavam a mesma chama desafiadora que os de sua mãe, algo que parecia enfurecê-lo ainda mais.
Quando Lucian parou diante de sua cela naquela noite, algo estava diferente. Ele não trouxe as ameaças habituais nem a lembrança cruel de suas derrotas. Em vez disso, suas palavras eram curtas, mas carregadas de um peso que fazia o ar na masmorra parecer mais denso.
- Amanhã, os anciãos decidirão o destino de vocês.
E simples assim, ele se foi, deixando apenas o som de suas botas ecoando no corredor. Ivy sentiu um aperto no peito, mas não disse nada. Sabia que aquele dia, mais cedo ou mais tarde, chegaria.
Ethan, porém, murmurou com a voz rouca outra vez:
- Eles não vão nos poupar, Ivy. Você sabe disso.
Ela apertou os punhos, sentindo o metal das correntes cortar sua pele.
- Eu sei. - Confessa, ainda que mentalmente faça planos de como poderia escapar do seu destino inevitável.
***
Na manhã seguinte, a praça da alcateia Lúgubre estava tomada. Os lobos se reuniram, murmurando entre si, os olhares curiosos e famintos por justiça, enquanto aguardavam pela chegada dos criminosos.
Ivy e Ethan foram levados da masmorra sob o olhar vigilante dos guardas. O brilho do sol era quase insuportável depois de tanto tempo no escuro, mas Ivy ergueu a cabeça, recusando-se a demonstrar fraqueza.
Com um único olhar para seu irmão, demonstrou força e nenhum tipo de arrependimento sequer.
Assim que chegaram no centro da praça, os anciãos estavam sentados em um semicírculo elevado, suas expressões eram de pedra, apáticos; como se não estivessem prestes a decidir algo cruel.
O mais velho deles se levantou, e sua voz ecoou pela praça:
- Ivy e Ethan Kaelen, da Alcateia Sanguínea, os declaro culpados pela traição de seus pais. Por suas ações, nossa alcateia perdeu um líder. Justiça será feita; vossas execuções serão no amanhecer.
O veredicto foi rápido. Ivy sentiu o peso da decisão como uma pedra sobre seu peito, mas não vacilou. Antes que os guardas pudessem arrastá-los de volta a masmorra, a praça inteira ficou silenciosa de repente, dominada pela presença recém chegada e esmagadora de Lucian.
Ele entrou com passos firmes, seu olhar implacável varrendo a multidão de lobos reunidos. O alfa não precisava falar; sua aura de poder e autoridade falava por si. Ele caminhou até o centro, onde os anciãos estavam reunidos, suas figuras altas e severas como as pedras que cercavam a praça.
Apenas a leve brisa fazia as folhas das árvores ao redor se moverem. As correntes de Ivy e Ethan faziam um som metálico, um lembrete do destino cruel que os aguardava.
O olhar de Ivy foi direto para Lucian, mas sem emoção. Ela já havia aprendido a se fechar, a não ceder a nada que fosse vulnerabilidade. Mas Ethan, seu irmão, estava ao seu lado, mais tenso que nunca, as mãos tremendo nas correntes.
Lucian, no entanto, permanecia impassível. Ele observou Ivy de longe, como um predador que sentia o aroma da caça no ar. A execução parecia inevitável, mas algo o incomodava. Seus olhos, frios e calculadores, se fixaram na jovem à sua frente.
- Levem-nos de volta para a masmorra. - O ancião anuncia, chamando a atenção dos guardas.
Quando os guardas começaram a arrastar Ivy e Ethan, algo no ar mudou.
A fragrância de Ivy, o cheiro doce e quente de sua pele, invadiu os sentidos do alfa, de Lucian. Um cheiro que ele nunca havia notado antes, mas que agora parecia penetrar em sua alma, uma atração que o puxava como um ímã.
Lucian deu um passo em direção a ela, seu coração batendo mais forte, uma sensação estranha e indomável surgindo dentro de seu peito. Ele fechou os olhos por um momento, tentando controlar o turbilhão de sentimentos que o assolava. Mas o cheiro... aquele cheiro inconfundível... ele sentiu sua respiração mudar, seus sentidos aguçados se alinhando de uma maneira que ele nunca havia experimentado.
Ivy. Era ela. A companheira destinada que ele jamais esperaria encontrar ali, diante de seus olhos, no meio de sua vingança, no sofrimento de sua própria alcateia. O destino, implacável e cruel, o havia colocado diante dela.
A sua prisioneira era a sua companheira destinada; a mulher que ele deveria desprezar, que ele deveria destruir, mas que agora, em sua presença, lhe fazia sentir algo muito mais complexo. Algo que ele não estava preparado para aceitar.
Com um movimento brusco, ele olhou para os guardas, que estavam empurrando Ivy para as escadas da masmorra. O instinto foi mais forte que sua razão. Ele se aproximou deles com passos rápidos, sua presença poderosa, que imediatamente fez com que os guardas parassem e o olhassem, tensos.
- Deixe-a. - Sua voz saiu fria, cortante, mas algo em seu tom carregava uma ordem que não poderia ser ignorada.
Os guardas, apesar do desconforto, obedeceram. Ivy foi solta de suas correntes momentaneamente, e ela olhou para Lucian com uma expressão que não se encaixava em sua dor. Ela não sabia o que ele queria, mas algo no fundo de seu ser sabia que aquela presença significava mais do que parecia.
Ivy tentou afastar o olhar de Lucian quando ele se aproximou, mas algo nela não permitiu. Seus olhos azuis estavam fixos nele, como se fossem puxados por uma força invisível. O cheiro dele atingiu seus sentidos com intensidade - um aroma amadeirado e profundo, com um toque de algo selvagem e indomável, que fez seus pulmões se encherem involuntariamente.
De repente, foi como se algo se rompesse dentro dela. Um calor estranho percorreu seu corpo, aquecendo até os cantos mais frios de sua alma. Ela sentiu um peso no peito, uma pressão inexplicável, como se o ar ao redor tivesse mudado. Seu coração acelerou, batendo contra suas costelas como se quisesse sair dali e encontrá-lo.
- Não... - Ivy sussurrou para si mesma, baixinho, quase sem som, tentando afastar o que estava acontecendo.
Lucian se aproximou, os olhos fixos nela com intensidade. Ivy tentou não ceder, mas o cheiro dele, a presença esmagadora do alfa, a fazia sentir um turbilhão de emoções que ela mal podia compreender.
- Você... - Lucian começou, sua voz baixa, quase um sussurro. - Você é minha companheira destinada.
O mundo ao redor parecia parar, e Ivy sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela não sabia o que aquilo significava, mas o olhar de Lucian falava por si. O ódio, a vingança, tudo o que ela sentia por ele parecia se desintegrar diante daquela revelação. O destino havia jogado suas cartas, e agora ela estava entrelaçada a ele de uma maneira que não podia ser desfeita.
Um calor repentino subiu pelo corpo de Ivy, a visão escurecendo nas bordas. Sua respiração ficou pesada, e ela cambaleou para trás, as pernas falhando sob o peso de sua exaustão.
- Ivy! - A voz de Ethan foi a última coisa que ela ouviu antes de tudo se apagar.
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