Após 4 anos sem comemorar o Natal, Luna se vê inesperadamente em Lake Placid, uma cidade encantadora coberta de neve. Entre tradições natalinas, paisagens mágicas e momentos inesperados, Luna descobre que o verdadeiro espírito do Natal pode ser encontrado nos lugares mais inesperados – e talvez, no coração de alguém especial. Será que o amor pode transformar um inverno frio no Natal mais quente de todos?
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POV: Luna
Eu estava deitada na cama, deslizando os dedos pela tela do Instagram, vendo as fotos de encontros familiares que começavam a pipocar no meu feed. Era impossível escapar. Luzes, sorrisos, abraços, famílias reunidas ao redor de árvores enfeitadas.
Houve um tempo em que também éramos assim. Natal significava risadas, significava união e calor. Mas tudo mudou depois daquele trágico dia - o nosso último Natal em família de verdade. Desde então, pensar em 25 de dezembro trazia uma dor surda, um peso que se alojava no peito e insistia em permanecer. Era como uma cicatriz que nunca parava de arder.
Quatro anos antes...
- Mãe! Você viu minha calça azul? Aquele jeans que eu AMO? Eu não acho em lugar nenhum! - gritei da escada, me debruçando sobre o corrimão enquanto segurava meu celular em uma mão.
Lá embaixo, minha mãe ajeitava o dinossauro favorito do meu irmãozinho, John, dentro da mochila dele.
- Eu não sei, Luna. Deve estar perdida na bagunça do seu quarto. - respondeu, com a voz cansada, sem sequer olhar para mim.
Soltei um suspiro audível, descendo um degrau para enfatizar minha frustração.
- Não é bagunça! Eu sei exatamente onde está cada coisa. - rebati, indignada, cruzando os braços.
Minha mãe parou o que estava fazendo e finalmente levantou os olhos para mim, arqueando as sobrancelhas em desafio.
- Então por que você não achou a calça ainda? - retrucou, com aquele tom de quem já sabia a resposta.
Abri a boca para protestar, mas percebi que ela tinha um ponto. Bufei, virei nos calcanhares e subi as escadas, resmungando.
Quando entrei no meu quarto, parei na porta, olhando ao redor. Minha cama estava completamente coberta por roupas jogadas, com camisetas penduradas de forma precária no encosto da cadeira. O chão tinha um pouco de tudo: sapatos desalinhados, papéis amassados, uma mochila esquecida de lado.
- Tá... talvez tenha um pouco de bagunça. - murmurei, baixinho, para mim mesma, sem querer admitir que minha mãe estava certa.
Comecei a busca frenética. Primeiro, vasculhei a pilha de roupas em cima da cama. Nada. Depois, passei para a escrivaninha, tirando os livros e cadernos empilhados. Também nada. Por fim, revirei o cesto de roupa suja, mas não encontrei a calça.
- Como essa calça simplesmente desapareceu?! - exclamei em frustração, jogando um travesseiro no chão.
Foi então que meu olhar caiu no espaço debaixo da cama. Ajoelhei-me devagar, espiando com desconfiança. No meio de algumas meias perdidas, um fone de ouvido velho e várias embalagens de chocolate esquecidas, algo azul chamou minha atenção.
- Não acredito... - falei, esticando o braço para puxar o jeans.
Com esforço, finalmente segurei minha calça. Levantei-a no ar como se fosse um troféu conquistado após uma longa batalha.
- Achei você! - declarei triunfante, com um sorriso satisfeito.
Enquanto me preparava para vestir a calça, meu olhar se desviou para a janela do quarto. Lá fora, vi meu pai, Peterson, no jardim. Ele estava com John no colo, girando-o como um aviãozinho. Meu irmãozinho gargalhava alto, com as bochechas coradas pelo frio.
Ao redor deles, o quintal estava repleto de enfeites natalinos: um boneco de neve sorridente com um cachecol vermelho, renas brilhantes e luzes piscando nos arbustos. Papai sempre caprichava na decoração de Natal.
O Natal sempre foi uma data especial para a nossa família. Papai amava tanto que começava a planejar tudo semanas antes: comprava os melhores enfeites, mandava fazer pijamas temáticos para todos e, claro, reservava nossa tradicional viagem para esquiar na cidade dos meus avós paternos.
Eu adorava esses momentos. Esquiar com meu pai era o melhor presente que ele podia me dar. Ele era muito ocupado, vivia viajando a trabalho e, na maior parte do ano, quase não tínhamos tempo juntos. Mas, na semana do Natal, ele sempre tirava folga para estar conosco. Tudo parecia perfeito nessa época.
- Luna! - A voz da minha mãe, cortou meus pensamentos. - Já está pronta? Precisamos sair, senão vamos pegar trânsito.
- Já estou descendo! - respondi, enquanto vestia a calça jeans recém-encontrada.
Peguei minha bolsa no guarda-roupa, que já estava preparada com meus equipamentos de esqui, e corri escada abaixo.
Todos já estavam prontos: minha mãe ajustando o cachecol, meu pai ajeitando o assento de John no carro.
- Finalmente, hein, Luna? - brincou meu pai ao me ver chegar. - Achei que ia deixar o Natal passar só procurando roupa.
- Culpe a desorganização! - retruquei, rindo enquanto subia no carro.
- Está com tudo, Luna? - perguntou minha mãe, olhando para a bolsa que eu segurava.
- Sim, estou pronta.
Entramos no carro, e a atmosfera se encheu de uma energia alegre e vibrante. Mamãe começou a cantarolar músicas natalinas, sua voz suave dançando com o som do motor. Papai, ao volante, sorria discretamente, mas parecia tão empolgado quanto todos nós.
A viagem até o chalé dos meus avós, Morgan e Talis, levaria cerca de três horas. O caminho era longo, mas cheio de paisagens lindas: florestas cobertas de neve, pequenos lagos congelados e vilarejos com luzes piscando em cada esquina.
Quando finalmente avistamos o chalé, meu coração se encheu de alegria. Ela estava exatamente como eu me lembrava: aconchegante, com fumaça saindo da chaminé, luzes natalinas enfeitando o telhado.
Assim que estacionamos, meus avós surgiram na varanda, iluminados pelas luzes de Natal que piscavam em harmonia com a neve que caía suavemente. Meu avô Talis, com seu eterno suéter vermelho de lã - o mesmo que ele usava em todos os invernos - acenava animado. Minha avó Morgan, com um cachecol verde que ela mesma tricotou e uma tiara com pequenos sinos dourados, exibia um sorriso acolhedor que parecia aquecer o ar gelado ao nosso redor.
- Vocês chegaram! - gritou meu avô, descendo os degraus de madeira em um ritmo apressado, como se não pudesse esperar mais um segundo para nos abraçar.
- Devagar, querido, você não tem mais vinte anos! - minha avó advertiu, seguindo logo atrás. Ela descia com calma, segurando o corrimão firme com uma mão enquanto ajustava os óculos com a outra.
Assim que chegamos perto o suficiente, meu avô abriu os braços em um gesto teatral, exagerado, mas cheio de amor, e me puxou para um abraço apertado.
- Feliz Natal, Luna! - disse ele com a voz calorosa, enquanto suas mãos grandes me envolviam com firmeza.
- Feliz Natal, vovô! - respondi, sorrindo enquanto sentia o calor do abraço que só ele sabia dar.
Minha avó, que havia chegado logo atrás, não perdeu tempo em tomar o lugar dele. Segurou minhas mãos frias entre as dela, que estavam quentes e macias como sempre, e me olhou de cima a baixo com olhos brilhantes de ternura.
- Feliz Natal, querida. É tão bom ter vocês aqui! - disse ela, sua voz carregada de emoção, como se esse momento fosse o melhor presente que ela poderia receber.
- Feliz Natal, vovó! - respondi, deixando-me envolver pela doçura dela.
Ela inclinou levemente a cabeça, me examinando com um sorriso orgulhoso.
- Como você cresceu, Luna! Está se tornando uma moça linda. - comentou, apertando minhas mãos como se quisesse guardar aquele instante para sempre.
Depois, ela se virou para abraçar meu pai e minha mãe.
- Feliz Natal, meus queridos. Que alegria ter a família reunida outra vez! - disse ela, sua voz embargada, enquanto puxava os dois para um abraço conjunto.
Por fim, seus olhos pousaram em John, que estava aconchegado no colo do meu pai, enrolado em um cobertor azul de flanela.
Ela se aproximou lentamente, os olhos se enchendo de ternura ao ver meu irmão.
- E olha só o pequeno John! Como está fofo, vovó! - disse ela, sorrindo enquanto passava os dedos suavemente pelas bochechas dele.
John, olhou para ela com curiosidade e soltou um balbucio alegre, batendo as mãozinhas no ar. Minha avó riu, ajeitando o gorro que quase cobria os olhos dele.
Meu avô bateu palmas, chamando nossa atenção.
- Vamos, vamos! Entrem logo! O chocolate quente está quase pronto e a casa está quentinha. Não quero ninguém virando picolé aqui fora.
Todos ríamos enquanto subíamos os degraus da entrada. Ao atravessar a porta, fomos recebidos pelo calor aconchegante da lareira, que crepitava suavemente, enchendo o ambiente com sua luz dourada. Subíamos com as malas em mãos, conversando, e a minha mente já estava lá fora, ansiosa para explorar a neve.
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