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'Sob o véu do poder'

'Sob o véu do poder'

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Sinopse

Índice

Quando a vida tranquila de Helena Martins se entrelaça com a de Victor Blackthorne, o enigmático magnata de um império criminoso, ela não imagina que sua família será arrastada para um jogo perigoso. Com uma dívida colossal à espreita, Helena aceita uma proposta aparentemente salvadora: trabalhar para Victor e ajudar a saldar suas contas. No entanto, sob o brilho sedutor dessa oferta, ocultam-se intenções sombrias que ameaçam sua essência. À medida que Helena mergulha em um mundo de segredos e manipulações, Victor descobre um lado inesperado de si mesmo, despertado pela inocência e bondade dela. O coração gelado do magnata, antes blindado, começa a derreter sob a força do amor. Mas essa conexão vem com um preço: Helena se vê diante de um dilema angustiante. Deverá ela lutar para salvar Victor da escuridão que o consome, arriscando sua própria vida e a de sua família? "Sob o Véu do Poder" é uma história intensa que explora a redenção, a luta entre o bem e o mal, e o poder transformador do amor. Em um embate entre luz e trevas, Helena e Victor devem decidir até onde estão dispostos a ir para salvar um ao outro. O amor pode ser a chave para a salvação, ou a queda em um abismo sem volta.

Capítulo 1 Dia de sorte (Parte 1)

VICTOR

São Paulo, 2020.

A noite estava gelada, e o ar cortante me envolveu como um manto de gelo assim que desci do carro. Cada respiração se transformava em uma breve nuvem de vapor que desaparecia rapidamente, como se o próprio frio tentasse me dissuadir de entrar naquela realidade. Olhei ao redor e percebi que estava em uma comunidade humilde, onde a pobreza e a luta pela sobrevivência se entrelaçavam em uma dança silenciosa e constante. O cheiro de comida caseira perfumava o ar, entrelaçando-se com o som distante de risadas e conversas animadas, criando um contraste inquietante com a tensão que pulsava dentro de mim, como um tambor em meio a um carnaval de dor. Ao atravessar a rua, avistei uma casa simples, desprovida de portão, como se o mundo externo tivesse livre acesso à sua intimidade. O lugar, embora desgastado, exalava uma autenticidade encantadora, como se cada rachadura nas paredes contasse uma história de resiliência e superação, ecoando memórias de tempos mais alegres. Com um leve empurrão, a porta de madeira – que mais parecia uma tábua corroída pelo tempo e pelas intempéries – rangeu e se abriu, revelando um interior sombrio que parecia absorver a luz, como um buraco negro que engolia toda esperança.

Assim que entrei, fui atingido por uma visão que buscava há dias: Caio e Leandro estavam ali, sentados em volta de uma mesa pequena, suas expressões refletindo uma mistura angustiante de medo e incredulidade. Seus olhos, normalmente vibrantes, agora pareciam opacos, como se a vida tivesse se esvaído deles, deixando apenas um eco distante da alegria que costumavam irradiar. Ao lado deles, um casal mais velho – presumi que fossem seus pais ou talvez tios – exibia olhares carregados de preocupação e desespero, como se a presença de um estranhamento próximo houvesse corroído sua esperança, deixando apenas sombras do que um dia foram. A atmosfera estava pesada, como se o próprio ar estivesse saturado de angústia e incerteza. Quando me avistaram, os dois congelaram no lugar, como se tivessem visto um fantasma emergindo do passado. O silêncio que se instalou foi surreal, quase ensurdecedor, quebrado apenas pelo som distante de uma criança rindo lá fora, em um mundo que continuava a girar enquanto eles enfrentavam seu próprio apocalipse.

O contraste era cruel: uma risada inocente ressoando em meio ao terror que dominava aquele espaço. Antes que pudessem pensar em se levantar ou tentar fugir, meus homens cercaram o ambiente, suas armas apontadas diretamente para as cabeças deles. O brilho metálico dos canos refletia a luz fraca da lâmpada pendurada, criando uma cena digna de um pesadelo, onde o terror e a impotência se emaranhavam em um espetáculo angustiante. Cada um deles, paralisado pela mistura de medo e desespero, parecia consciente de que a vida que conheciam estava prestes a ser virada de cabeça para baixo. Era uma realidade distorcida, onde o que um dia fora família tornava-se alvo, e o amor se transformava em medo. O ar estava impregnado de inquietude, denso como um manto sufocante, e eu sabia que cada segundo que passava ali poderia ser decisivo, não apenas para eles, mas para todos nós. Nesse instante, um turbilhão de emoções me dominou; raiva, desespero e uma estranha ansiedade se entrelaçavam como serpentes em um nó apertado dentro de mim. Era como se um vulcão prestes a entrar em erupção pulsasse em minhas veias, e a vida daqueles que estavam à minha frente pendia na balança, vulnerável e à mercê do meu próximo movimento.

O peso do que estava prestes a acontecer me envolvia, como uma tempestade se aproximando, carregada de relâmpagos e trovões, prestes a explodir em uma catástrofe irreversível. Os olhos de Caio e Leandro se encontraram com os meus, e em um breve momento, vi neles uma mistura de esperança e resignação. Eles pareciam buscar um caminho de volta para a normalidade, como náufragos à deriva, tentando encontrar terra firme em meio ao caos que os cercava. O desespero se fazia presente, e cada segundo se arrastava como se o tempo estivesse ciente da gravidade daquela situação. A realidade era cruel, e eu era a personificação do seu destino incerto, uma figura sombria em um cenário de tragédia que estava muito próximo de acontecer. Uma parte de mim queria gritar, implorar por uma solução que pudesse evitar o inevitável, enquanto outra parte se sentia como um lobo faminto, sedento pela ação, pela resposta que poderia mudar tudo. Em um mundo onde tudo parecia desmoronar, a única certeza que restava era que a decisão que eu tomasse naquele instante mudaria suas vidas para sempre. O eco do meu coração acelerado parecia ressoar como um tambor de guerra, e o frio na barriga se misturava a uma determinação feroz. Sabia que não havia retorno; era um ponto sem volta. E assim, com o peso do destino em minhas mãos, eu me preparei para dar o passo que poderia absolvê-los ou condená-los à escuridão.

- Victor Blackthorne! - apresentei-me, permitindo que meu nome ecoasse pela sala como um trovão distante. O som reverberou nas paredes desgastadas, preenchendo o ambiente com uma tensão assustadora, uma pressão quase inacreditável. - Vocês me devem muito dinheiro, e hoje é o dia da cobrança. - Minha voz soou firme, carregada de um tom que não deixava espaço para contestação. A frieza nas minhas palavras era um aviso claro, como uma lâmina afiada pronta para cortar. - Não há escapatória. Não mais. Vocês me pagarão o que me devem, nem que seja com suas vidas.

O medo nos olhos de Caio e Leandro era evidente, refletindo uma sombra escura que se espalhava rapidamente pelo ambiente, sufocando qualquer vestígio de esperança que ainda pudessem nutrir. O homem de aparência mais velha, presumivelmente o pai de algum deles, tentou se levantar, sua voz embargada pela indignação e desespero. Cada sílaba que saía de seus lábios soava como um grito silencioso por clemência, um pedido que ecoava nas paredes mofadas. Mas sua súplica foi interrompida brutalmente por um de meus fiéis homens, que o fez se sentar e calar com um soco preciso, como se as palavras nunca tivessem saído de sua boca. O impacto reverberou na sala, um eco de uma sentença de morte, enquanto ele gemia e tentava se recuperar.

- Por favor, Victor, deixe meu tio e minha tia fora disso! Nós vamos pagar. Só precisamos de mais tempo! Estamos fazendo o nosso melhor! - implorou Caio, a voz tremulando como uma folha balançando à mercê do vento. Seu rosto estava marcado por uma mistura intensa de desespero e ansiedade, a súplica dele carregando um peso esmagador, como se cada palavra fosse uma tentativa desesperada de segurar o que restava de sua dignidade. Mas, para mim, suas palavras eram apenas um eco vazio, uma melodia sem ressonância que se perdia na atmosfera pesada da sala, como folhas secas levadas pelo vento.

A urgência de sua súplica não ressoava em mim. Tempo era um luxo que eu não podia mais permitir. Minha paciência tinha um limite, e aquele limite já havia sido ultrapassado há muito. O que eles não sabiam era que eu não era apenas um cobrador de dívidas; eu era um homem que tirava prazer em demonstrar quem realmente tinha o controle.

- Seu melhor não é suficiente... - respondi, avançando em direção a eles, sentindo a tensão aumentar como uma corda prestes a estourar. Cada passo que eu dava ecoava como um aviso, e a sala parecia encolher ao meu redor, as paredes se apertando, como se quisessem engolir o desespero que pairava no ar. Eu podia ver a respiração deles se tornando mais rápida, as pupilas dilatadas, e isso apenas alimentava a certeza de que estavam completamente nas minhas mãos.

O desespero se tornava evidente, e um silêncio constrangedor se estabelecia, quebrado apenas pelos ecos distantes de suas esperanças se despedaçando. O clima estava carregado, e, enquanto os olhares se cruzavam, a sala se transformava em um campo de batalha, onde o medo e a impotência se tornavam os protagonistas.

- Vocês pensaram que podiam brincar com fogo e não se queimar? - perguntei, minha voz suave como veneno, cada palavra uma tortura psicológica. O ambiente estava pesado, como se o ar estivesse carregado de eletricidade, e eu me deleitava na angústia deles, na percepção de que cada segundo que passava era um passo mais próximo do inevitável. O medo que emanava deles tornava-se meu combustível, e a sensação de poder era intoxicante e irresistível, uma droga que me deixava mais alerta a cada instante.

Leandro, o mais novo, estava visivelmente em choque, sua expressão era uma mistura de confusão e terror. Eu podia quase ouvir os pensamentos que cruzavam sua mente: como ele havia chegado a esse ponto? Mas ele não entendia que a vida que eu levava não permitia fraquezas; fraquezas eram um luxo que não me era permitido. O silêncio se tornava ensurdecedor, e o tempo parecia se arrastar, cada segundo se estendendo como um fio tênue prestes a romper sob a pressão crescente. Olhei para Caio, que tentava manter uma fachada de calma, mas sua mão tremia levemente, traindo a tempestade de emoções que ele tentava esconder. O desejo de lutar contra a situação estava ali, pulsando em suas veias, mas a realidade de sua vulnerabilidade o prendia como uma prisão invisível.

O ar estava impregnado de tensão, e eu sabia que, naquela sala, a linha entre vida e morte se tornava cada vez mais tênue, um fio prestes a se romper sob a pressão do inevitável. O pânico nos olhos de Caio se intensificava, enquanto a expressão de Leandro revelava uma mistura de desespero e resignação. A atmosfera estava tão carregada que poderia ser cortada com uma faca. Em um instante, a certeza de que a cobrança era inevitável pendia sobre eles, e eu podia sentir a adrenalina percorrendo minhas veias, impulsionando-me em direção ao clímax daquele confronto. O que estava prestes a acontecer se desenrolava lentamente, como um pesadelo do qual ninguém poderia escapar.

- A vida é cheia de escolhas, meninos. - Eu disse, aproximando-me ainda mais, a voz suave, mas cortante, como um fio de aço. - Agora é a hora de arcar com as consequências. Bem, se algum de vocês me disser onde está meu dinheiro, talvez possamos resolver isso de uma forma mais civilizada! - A ironia na minha voz era tão fria quanto o aço de uma lâmina, e a sala ficou em silêncio, exceto pelo som das respirações ansiosas. Eu sabia que o tempo estava se esgotando, e eles precisavam entender que não havia mais espaço para desculpas. O controle estava em minhas mãos, e isso era tudo o que importava.

Eu observava cada movimento deles com um interesse quase clínico. A forma como eles se entreolhava, como se buscassem uma saída ou um sinal de esperança, só alimentava minha satisfação. No fundo, eu sabia que a verdade era inegável: o confronto estava apenas começando, e eu estava pronto para levar aquilo até o fim.

- Se você fizer algo com a gente, não vai sair impune! - Caio desafiou, a bravura sendo quase a única defesa que lhe restava. A expressão dele me divertiu, uma mistura de determinação e pavor que era quase cômica, como se estivesse tentando se convencer de que ainda tinha alguma esperança.

- Impune? Você realmente acha que eu temo as consequências? - sorri, sentindo uma onda de satisfação ao observar a preocupação crescendo em seus rostos. - Na verdade, você é um troféu, uma lembrança do que acontece quando alguém desafia Victor Blackthorne.

Então, voltei-me para os homens que estavam comigo, cada um segurando uma arma com firmeza, como se estivessem prontos para a batalha. A atmosfera pesava, como se a própria sala estivesse aguardando o momento decisivo.

- Levante-os. - Ordenei, a voz soando como um trovão que não admitia objeções. - Quero que eles saibam com quem estão lidando.

Minhas palavras foram acompanhadas por um movimento brusco dos meus homens, que agiram como máquinas bem treinadas. Caio e Leandro foram forçados a se levantar, a expressão de impotência estampada em seus rostos, enquanto o casal mais velho começava a implorar por clemência, suas vozes estavam entrecortadas pelo desespero. Mas eu não estava interessado em ouvir suas súplicas; cada lágrima e cada palavra vazia que saía de seus lábios apenas alimentava minha determinação.

- Vamos tornar isso interessante. - Declarei, o sorriso ainda fixo no rosto, como um predador se divertindo antes de dar o golpe final. - Vocês têm uma hora para encontrar o dinheiro. Caso contrário, faremos questão de lembrá-los do que significa ficar devendo algo a mim.

O silêncio no local era denso, uma atmosfera carregada de tensão, enquanto os olhares de desespero se cruzavam. Eu sabia que o tempo corria contra eles, e a aflição aumentava como uma corda prestes a arrebentar. A adrenalina pulsava em minhas veias, e, naquele momento, eu era o arquétipo do controle absoluto – e eles, nada mais do que peças em um jogo mortal que eu havia decidido jogar. Saí da casa, levando comigo a certeza de que, independentemente do que acontecesse, eles nunca esqueceriam meu nome. Enquanto caminhava em direção ao meu carro, a mente já se divertindo com o que viria a seguir, não pude deixar de pensar que, naquele momento, eles eram dois jovens incrivelmente sortudos. Pois eu estava de bom humor e decidi dar a eles uma oportunidade única. Um dos meus homens os seguiu até o local onde supostamente pegariam meu dinheiro, e eu liguei o cronômetro no meu relógio.

Tic-tac, tic-tac. Os minutos corriam de forma implacável, e a expectativa começava a pulsar em minhas veias como um coração batendo freneticamente. O jogo de gato e rato me divertia, mas havia um limite para minha paciência, e eu sabia que não hesitaria em agir se a situação não se resolvesse rapidamente. A adrenalina aumentava, e eu sorri ao imaginar o desespero deles enquanto tentavam encontrar uma solução em meio à pressão crescente. Aquela era apenas mais uma peça do meu plano, uma forma de reafirmar meu poder e garantir que eles jamais se atreveriam a cruzar meu caminho novamente. A ideia de que suas esperanças se esvaíam com o passar do tempo me fazia sentir ainda mais vivo, como se estivesse no auge de uma orquestra, prestes a explodir em um clímax grandioso. Eu era o maestro, e aquele espetáculo estava apenas começando.

Uma hora depois...

O tempo havia se esgotado, e, junto com ele, minha paciência também se dissipava. O céu estava envolto numa escuridão sem igual, e a noite cobria o lugar com um manto sombrio e ameaçador, mergulhando tudo em um silêncio opressivo, apenas quebrado pelos ecos da minha própria expectativa. Meu subordinado apareceu, arrastando os dois rapazes de volta à força, como se fossem fardos pesados, suas cabeças baixas e os olhos marejados denunciando a derrota. As faces de Caio e Leandro estavam pálidas, como se a cor da vida tivesse sido drenada delas, suas expressões desesperadas revelando que finalmente compreenderam a gravidade da situação em que se metiam.

- Eles não trouxeram o dinheiro! - meu subordinado informou, sua voz fria como aço, amplificando a frustração que ardia dentro de mim, misturada à adrenalina que me consumia como fogo, uma chama inextinguível de poder.

- Comecem a dar o que eles merecem! - avisei, com um tom autoritário que não deixava espaço para contestação. O que se seguiu foi um espetáculo brutal, uma cena que se desenrolava como um pesadelo que eu conhecia bem, uma coreografia macabra de poder e submissão que parecia ter vida própria.

Os gritos de dor e desespero dos rapazes ecoavam pela sala, suas vozes entrelaçando-se em um lamento desesperado que reverberava nas paredes frias. Cada nota de sofrimento era um testemunho de sua fragilidade, um eco que se perdia no vazio. Os sons dos socos e impactos criavam um ritmo sinistro, quase musical, um hino à minha autoridade. Cada golpe que meus homens desferiam alimentava uma satisfação sombria dentro de mim, mas havia algo nos olhos dos jovens que eu não conseguia ignorar – uma mistura pungente de medo e a inevitabilidade de um destino sombrio, como se a luz da esperança estivesse se apagando lentamente diante de mim. Caio, em um momento de desespero absoluto, começou a implorar, sua voz entrecortada pela dor e pelo desespero.

- Por favor, Victor! Dê-nos mais tempo! Nós realmente vamos pagar, prometemos! - Ele parecia um náufrago se agarrando a um pedaço de madeira, sua esperança se afastando cada vez mais, como uma miragem no deserto, distante e inatingível.

As palavras dele reverberaram em mim, uma nota dissonante na sinfonia de poder e controle que eu havia criado. Sua súplica era um eco de sua fragilidade, e embora fosse impossível não sentir um leve prazer em sua dor, a cena me lembrava que todos eram suscetíveis às suas fraquezas. O prazer era mais intenso quando se tinha a certeza de que eu era o único que poderia decidir o seu destino. Suas palavras, embora carregadas de desespero, soavam vazias para mim, como ecos em um túnel escuro. A visão deles, quebrando-se sob a pressão, era tão fascinante quanto repulsiva. Eu havia me tornado a tempestade que destruía o que restava de suas vidas, e a sensação de controle era intoxicante. O peso de suas súplicas me cercava, mas a única coisa que realmente ressoava em minha mente era a certeza de que, naquele jogo, não havia espaço para compaixão.

- Você acha que implorar vai salvar vocês? Acha que eu me importo com suas promessas? - retruquei, lançando-lhes um olhar de desprezo que transparecia em cada palavra. - Quando vocês me devem dinheiro, o tempo não é um luxo que vocês têm. Cada minuto perdido é uma oportunidade desperdiçada, e isso eu não posso permitir.

A brutalidade dos meus homens parecia não ter fim, e eu me deixei levar pela onda de adrenalina que acompanhava cada golpe, como se cada impacto fosse um lembrete de minha posição de poder. A sensação de domínio era embriagante; eu estava no controle, e isso me proporcionava uma satisfação que há muito não experimentava. O que eles não entendiam era que, ao se envolverem comigo, haviam assinado um contrato de sofrimento que não poderia ser revogado. O ambiente ao nosso redor tornava-se uma cápsula de dor e desespero, onde o tempo parecia ter parado, e o mundo exterior se dissipava em uma névoa distante. O desespero se infiltrava em cada canto da sala, enquanto as súplicas de Caio e Leandro se tornavam um mantra trágico, um grito silencioso que clamava por compaixão. Mas eu não era um homem de misericórdia; eu era o executor de suas sentenças, e a justiça que eu impunha era tão certa quanto a noite que agora nos envolvia.

- Lembrem-se disso - declarei, minha voz baixa e cortante como uma lâmina. - O mundo não é gentil com aqueles que cruzam meu caminho. E quando vocês desafiam alguém como eu, as consequências são irreversíveis.

Enquanto observava a cena se desenrolar, um sorriso sutil brotou em meus lábios. Sabia que, independentemente do que acontecesse a seguir, a mensagem seria clara: Victor Blackthorne nunca seria esquecido. E, enquanto as sombras dançavam ao nosso redor, o jogo estava apenas começando.

- Por favor! Nós vamos conseguir o dinheiro! Só precisamos de mais tempo! - A voz de Caio tremia, a desesperança em seus olhos refletindo a cruel realidade em que se encontravam. Mas eu não tinha intenção de dar qualquer chance de salvação.

A violência se intensificava, e à medida que o caos se desenrolava diante de mim, uma ideia começou a tomar forma em minha mente. Em vez de acabar com tudo ali, talvez houvesse uma maneira de usar essa situação a meu favor, uma oportunidade de transformar essa provação em uma lição valiosa para aquelas duas almas imaturas. Minha mente fervilhava com possibilidades, e o que antes parecia um simples ato de punição agora se tornava um jogo psicológico, uma chance de moldá-los à minha imagem, de torná-los ferramentas que, um dia, poderiam se voltar contra mim.

- Parem. - Ordenei, levantando a mão para interromper a brutalidade. Meus homens hesitaram, olhando para mim em busca de orientação. O silêncio que se seguiu era denso, e os rapazes, ofegantes e machucados, me encaravam com olhares confusos e desesperados. - Vou dar a vocês uma escolha - continuei, um sorriso cínico se formando em meu rosto, como se estivesse revelando uma carta em um jogo de pôquer. - Se conseguirem juntar o dinheiro que me devem em 48 horas, eu os deixarei ir. Se não conseguirem... bem, vocês saberão o que vem a seguir.

O alívio momentâneo que brilhou em seus rostos foi rapidamente substituído pelo medo. Eles sabiam que haviam sido salvos por um capricho meu, mas também entendiam que a corda estava mais apertada do que nunca.

- Mas há um pequeno detalhe. - Adicionei, a voz baixa e carregada de ironia, como se estivesse costurando um novo fardo sobre seus ombros. - Eu vou levar um de vocês como garantia. E vocês dois vão trabalhar juntos para que o outro volte com o dinheiro. A vida de um depende da habilidade do outro.

Os olhos de Caio e Leandro se encontraram, a tensão entre eles era evidente, como se um abismo se abrisse sob seus pés. Essa era a única maneira de fazer com que eles realmente sentissem o peso de suas ações. E enquanto um deles fosse mantido como meu refém, o outro teria que se esforçar para salvá-lo – ou perderia mais do que apenas uma luta contra a dívida.

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